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Lixo deixa de ser problema nos principais mercados de Luanda

A acumulação de lixo deixou de ser problema nos principais mercados de Luanda. Campanhas de limpeza e de recolha de resíduos acontecem com regularidade. Latas, sacos e montes de papelão são retirados e abrem espaço

Angola
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A acumulação de lixo deixou de ser problema nos principais mercados de Luanda. Campanhas de limpeza e de recolha de resíduos acontecem com regularidade. Latas, sacos e montes de papelão são retirados e abrem espaço para novos vendedores

Segunda-feira, 29 de Janeiro, era dia marcado para limpeza no mercado dos Congolenses, em Luanda. O acesso ao estabelecimento localizado no bairro Nelito Soares, distrito do Rangel, era, por isso, limitado. Mas os clientes eram logo avisados pelos jovens envolvidos na acção: “Estamos em limpeza.” 

Os comerciantes fecharam as bancadas, como sucedia nos vários mercados pelos quais passámos. O cronograma da administração do mercado apontava que a limpeza nesse dia seria seca e consistia na recolha de resíduos produzidos durante a semana e a desobstrução das sarjetas. 

Coordenada pela administração do mercado, a campanha reuniu funcionários e coordenadores de sectores do mercado. A cada 15 dias, realiza-se uma campanha de limpeza geral, que envolve todos os comerciantes. Além da recolha do lixo, lava-se o chão com detergente, abrem-se as sarjetas e faz-se a sucção das fossas. 

Apesar de ser um mercado fechado e com todas as condições de higiene, um dos seus maiores problemas é o excesso de lixo no exterior. A administradora do mercado, Carla Lobato, lamenta a falta de colaboração das operadoras na recolha do lixo.

No dia em que fazíamos a reportagem, havia um monte de lixo à porta do Estádio do São Paulo, que ali permanecia há já quatro dias. A administradora Carla Lobato referiu que o lixo recolhido dentro do mercado é colocado no exterior para permitir a recolha por parte da operadora. 

 

Falta de recolha 

 

A gestora lamenta a falta de colaboração “estreita” e denuncia que, parte do lixo provém dos moradores das redondezas do mercado. A situação dura há “longos anos” e “carece da intervenção dos órgãos centrais”, afirmou. 

“Nós arrumamos o mercado, mas a operadora muitas vezes não recolhe o lixo e, para fazê-lo, temos de ser nós a telefonar com insistência”, disse. Um dos maiores problemas do local é a falta de contentores domésticos para os moradores e industriais para o mercado. 

Com 1.500 vendedores, o mercado tem apenas um contentor, que também atende os moradores dos Blocos. Uma brigada faz a recolha do lixo para garantir a limpeza do local. 

Joaquina Pedro é vendedeira de roupas de fardo no mercado dos Congolenses há mais de 10 anos. Apesar do fraco movimento, está satisfeita com o trabalho. Comerciante vinda das ruas de Luanda, diz que, com o que ganha, consegue manter a casa e garantir a formação dos cinco filhos. “A minha única preocupação é o lixo junto à parede do campo. Embora esteja na outra extremidade do mercado, quando alguém coloca fogo ou chove, todo o mercado é infestado pelo mau cheiro”, diz dona Joaquina. A colocação de contentores é a solução apontada. “Se a administração vir esta questão, teremos parte do problema resolvido”, garante. 

 

Bairro Popular sem luz 

 

No mercado do Neves Bendinha, mais conhecido como Bairro Popular, a limpeza é feita todos os dias. Localizado no coração do bairro, o único contentor de resíduos, além de servir o mercado, é utilizado pelos moradores. Embora sem qualquer aglomerado de lixo, a falta de água canalizada e de energia eléctrica preocupam os vendedores. 

 

Por ser um mercado com pouco movimento, os próprios comerciantes responsabilizam-se pela manutenção. Para tal, cada vendedor contribui com 100 kwanzas semanais, para garantir a “arrumação” do espaço. 

 

Maria Augusta Mendes é comerciante há 32 anos. Mana Maria, como também é conhecida, é a coordenadora e uma das vendedoras mais antigas do mercado. Com uma aparência jovial e muito sorridente, Maria Mendes tem no mercado o sustento da família. 

 

O mercado foi reabilitado há 12 anos e, desde então, deixou de ter água canalizada e energia eléctrica. A situação preocupa Maria Augusta Mendes, que vende comida desde que ali se instalou, 32 anos. Já a mãe dela era ali vendedora no tempo colonial. “Acompanhei todo este processo”, afirma. Dois dos quatro filhos concluíram o ensino superior. No mercado, não há inundações, nem no tempo chuvoso, embora as instalações tenham um aspecto antigo. Na bancada 46, Silva Augusto, 72 anos, chama atenção pela bata castanha. Diz que os funcionários de todas as áreas estão uniformizados.

 

Silva Augusto já passou por outros pontos. “Estive no antigo Chamavo, que agora é São Paulo, passei também pela Feira Ngoma e, mais tarde, enveredei para o empreendedorismo, que não deu certo. Há oito anos, que estou neste mercado”, contou. “Precisamos que o Governo olhe por nós e venha melhorar o mercado como antigamente. Queremos clientes”, rematou. 

 

Cobrança de taxas 

 

Os mercados de Luanda cobram uma taxa aos vendedores, que vai de 100 a 200 kwanzas por dia. O valor serve para a manutenção do espaço e pagamento dos funcionários administrativos. 

 

De acordo com a administradora do mercado dos Congolenses, a taxa de pagamento é estabelecida por metro quadrado e varia de 100 a 150 kwanzas. As receitas arrecadadas nos mercados passaram para a responsabilidade das administrações municipais, sem qualquer interferência do executivo provincial. Além da limpeza semanal, os mercados realizam campanhas diárias e mensais. O mercado do Neves Bendinha, com 180 vendedores, mantém-se aberto durante o trabalho de limpeza diária. Para garantir a manutenção, cada comerciante desembolsa 100 kwanzas por semana. “É um espaço isolado mesmo em termos de comerciantes. Por isso, decidimos não fechar nem mesmo em período de limpeza”, explica Maria Mendes. 

 

Mercados com espaço 

 

Maria Augusto Mendes pede aos Serviços Comunitários, que respondem também pelas feiras e mercados em Luanda, o envio de mais vendedoras para povoarem o mercado. Com capacidade para 380 vendedores sentados, o local tem apenas 180 ocupados.

 

O baixo número de comerciantes contribui para a fraca adesão de compradores. “Se o Governo mandar mais senhoras para este mercado, certamente que mais pessoas verão este espaço como de eleição para aquisição das cestas básicas”, garantiu. A vendedora afirma que existem zungueiras nas ruas do Bairro Popular, que podem ser encaminhadas para o lugar. A administradora do mercado dos Congolenses, por seu turno, disse que não existem mais lugares para vendedores no espaço. “Temos mais de 1.500 vendedores e tivemos de alargar para as áreas que antes eram utilizadas para deposição de lixo”, disse. 

 

Os mercados estão divididos por sectores, nomeadamente frescos, agrícolas, têxteis, restaurantes, produtos de higiene, comércio interno, área técnica de frio e de computadores. 

 

Luanda conta com os mercados do Asa Branca, Kicolo, Congolenses, Benfica, Panguila, Correios, Vidrul, Kwanzas, Kifangondo, Sábado, Zango Zero, Quilómetro 30 e do Katinton. Os dois últimos estão em reabilitação. Além destes mercados, existem os quintalões, que passaram a suportar vendedoras provenientes das ruas da capital.

 

Uma fonte que não quis ser identificada, afirmou que foi autorizada pelo governador de Luanda, Higino Carneiro, a legalização dos quintalões para albergar as zungueiras que vendem nas ruas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:Angonoticias

Reditado para:Noticias do Stop 2017

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