O tratado, que poderia movimentar US$ 1 trilhão, foi alvo de uma negociação entre ministros neste fim de semana em Genebra. Mas, de última hora, a China insistiu em apresentar suas próprias propostas, criando um impasse.
A atitude de Pequim chamou a atenção dos negociadores, já que a demonstração de força ocorre praticamente às vésperas de o país reivindicar um estado de economia de mercado em todo o mundo.
Termina dia 11 de dezembro o processo de adesão da China ao sistema multilateral do comércio, o que levou 15 anos para ser realizado.
A partir dessa data, Pequim espera que seja considerada como uma economia como qualquer outra.
Mas, neste fim de semana, a China já deixou claro que não está disposta a aceitar a imposição de acordos comerciais e que quer voz em todas as decisões.
O gesto foi recebido por diplomatas como um sinal claro de que Pequim quer ocupar espaço e fazer valer sua agenda comercial.
Tarifas
O acordo sobre a mesa previa a liberalização de tarifas para lâmpadas LED, aparelhos solares e turbinas, além de outros 300 itens que poderiam ajudar a combater as mudanças climáticas. O tratado não inclui países como o Brasil, que optaram há mais de dois anos em ficar de fora.
Praticamente todos os envolvidos, porém, estavam de acordo sobre a lista de bens que seriam desgravados e a esperança era de que, ontem, e ainda sob a presidência de Barack Obama, nos Estados Unidos, o tratado fosse anunciado.
Mas, para a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmstrom, a responsabilidade pelo fracasso veio da China. Pequim, às vésperas do encontro, apresentou sua lista do que esperava ver livre de tarifas.
“No último segundo, a China propôs uma lista que não foi estudada suficientemente”, declarou o ministro de economia da Turquia, Nihat Zeybekci. Segundo ele, muitos governos tem preocupações sobre essa lista.
Um dos itens na lista chinesa era bicicleta elétrica, um dos produtos de maior exportação hoje de Pequim ao mercado internacional.
Os europeus, porém, alertaram que não poderiam aceitar a inclusão do produto diante do impacto já profundo que as bicicletas chinesas estão tendo no mercado internacional.
Roberto Azevedo, diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), apelou para que os governos “mostrem toda a flexibilidade” para que um acordo seja atingido.
O Ministério do Comércio chinês disse em comunicado que a China fez grandes esforços para mostrar flexibilidade necessária para resolver de maneira eficaz as preocupações dos participantes, mas que a reunião falhou devido a “diferenças em questões chave”.
Segundo Bruxelas, o processo seguirá em 2017. Mas, com a presidência dos Estados Unidos passando para o republicano a Donald Trump, ninguém ousa dizer se uma negociação ainda dará resultados.
Fonte:Estadão Conteúdo
Reditado para:Noticias Stop 2016
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