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Dívidas ocultas: "Chang pode clarificar zonas de penumbra"

Nacional
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Segundo a acusação norte-americana, Chang foi um dos responsáveis principais pelo "esquema fraudulento", que teria lesado também investidores norte-americanos.

O ex-ministro das Finanças é suspeito de conspiração de fraude e conspiração para lavagem de dinheiro.

À DW, o diretor do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, Edson Cortez, diz que aguarda com expetativa o julgamento. Cortez acredita que Chang pode fazer revelações importantes sobre outras figuras citadas no escândalo, incluindo o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que na altura era ministro da Defesa.

DW África: O que espera que se diga nesse julgamento?

EC: Manuel Chang era ministro das Finanças, uma peça importante em toda a base inerente às dívidas ocultas. Passam-se mais de cinco anos desde a detenção de Manuel Chang. Se ele começar a falar, é importante para percebermos o seu papel e de alguns autores envolvidos neste escândalo, porque ainda há zonas de penumbra que seria importante esclarecer no âmbito do caso das dívidas ocultas.

Edson Cortez, diretor do CIPEdson Cortez, diretor do CIP
Edson Cortez: "Se [Chang] falar, seria importante perceber o papel de diferentes atores"Foto: Romeu da Silva/DW
Se ele falar e revelar o seu lado da história, seria importante perceber o papel de diferentes atores, que ainda não se sabe devidamente quão envolvidos estiveram neste processo. Um deles é o atual Presidente de Moçambique, o senhor [Filipe] Nyusi, mas também era importante falar do papel do próprio Armando Guebuza, que era o Presidente da República na altura em que foram contraídas essas dívidas, aquele que tinha as maiores responsabilidades no Executivo que contraiu essas dívidas.

DW África: Sempre se diz que o assunto é de Moçambique e quem terá sido lesado é o Estado moçambicano. Porquê o julgamento de Chang nos Estados Unidos da América?

EC: A lei norte-americana é clara. Quando há transações com a moeda norte-americana ou algum tipo de fraude ao sistema financeiro norte-americano, tendo havido dinheiro norte-americano e credores norte-americanos lesados, os EUA acham-se no direito de julgar.

Como moçambicano, gostaria que Manuel Chang respondesse em sede de tribunal em Moçambique, mas não vou ser ingénuo e achar que em Moçambique há independência do judiciário e que Manuel Chang teria um julgamento transparente.

DW África: Portanto, espera um julgamento merecido de Chang nos Estados Unidos da América?

EC: Pelo menos em relação àquilo que seria em Moçambique, não tenho dúvidas. Em Moçambique, a FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, o partido no poder] capturou o Estado.

 

 

 

Fonte:da Redação e da dw
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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