associadas ao plano para sua implementação.
Os motivos expostos pelas três grandes organizações que representam as quase 1,2 mil farmácias que operam no Uruguai coincidem em vários pontos para justificar a não associação ao plano.
Por um lado, argumentam que muitas farmácias do interior do país, ou seja, aquelas que não estão em Montevidéu, consideram que a venda de maconha em seus estabelecimentos pode afetar a imagem diante dos clientes com valores mais tradicionais, dado que estes não veem com bons olhos o consumo de cannabis de forma legal.
Segundo disse à Agência Efe o presidente da Associação de Farmácias do Interior, Fermín Arguiñarena, há muitos estabelecimentos "que não querem ser os primeiros" a vender maconha.
Além disso, no interior do Uruguai, onde, segundo ele, "as pessoas são mais conservadoras" e as populações são mais reduzidas, há "muitos clientes de toda a vida" que rejeitam a comercialização legal de cannabis.
Nesse sentido, o presidente do Centro de Farmácias do Uruguai, Jorge Suárez, destacou que há pessoas que opinam que "uma farmácia serve para curar e não para adoecer".
Quanto às farmácias que não se inscreveram por este motivo, Arguiñarena estima que, uma vez que comece a venda, "com certeza mais estabelecimentos vão se inscrever".
Em segundo lugar, duas das três organizações dizem que, no momento que finalizou o período de inscrição para a venda de maconha, havia estabelecimentos que não cumpriam com as condições exigidas no âmbito sanitário ou de segurança, apesar de terem a intenção de participar do plano desde o início.
Outro argumento que explicaria a baixa adesão ao projeto se encontra na insegurança, um assunto que nos últimos anos se transformou em uma preocupação para a sociedade uruguaia.
Nesse sentido, o presidente da Câmara Uruguaia de Farmácias, Gonzalo Miranda, disse à Agência Efe que alguns estabelecimentos localizados em áreas de venda de droga declararam ter recebido ameaças de narcotraficantes, que consideram que a comercialização de maconha pode afetar seus negócios ilegais.
Um dos argumentos do governo para aprovar a lei que permite a compra e venda legal de maconha é precisamente a luta contra o narcotráfico, embora a norma também tenha sido envolvido por uma perspectiva de saúde e de direitos.
O Executivo, nas palavras do pró-secretário da presidência uruguaia e presidente da Junta Nacional de Drogas, Juan Andrés Roballo, considera que cerca de 50 farmácias inscritas é suficiente para iniciar uma etapa-piloto da implementação da lei.
Além disso, o governo prevê que, à medida que comece a venda legal nas farmácias, o número de estabelecimentos participantes irá aumentar.
Quanto aos prazos, não concretizados ainda, espera-se que, em um par de meses, a cannabis legal comece a ser comercializada no país vizinho. O governo licitou duas empresas (Iccorp e Simbiosys) para a produção de cannabis recreativa.
Segundo disse Roballo, as colheitas estarão prontas nas próximas semanas e, segundo informam outras fontes, estariam sendo obtidas cerca de 300 gramas de maconha por cada planta.
Por outro lado, ainda não houve o concurso de licença para a produção de cannabis terapêutica para abastecer o mercado interno, embora já haja empresas interessadas.
De fato, segundo explicou à Agência Efe então o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Milton Romani, uma empresa israelense manifestou interesse em produzir maconha medicinal no Uruguai para sua exportação devido às facilidades legais.
Para poder comprar maconha, os usuários deverão se registrar previamente no sistema e terão acesso a 10 gramas de cannabis por semana e um máximo de 40 por mês.
Apesar do preço de venda ainda não ter sido estipulado, a estimativa é que a grama poderá ser adquirida pelo equivalente a cerca de $ 4.
Fonte:EFE
Reditado por:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images
Tópicos:Farmácias, Maconha, Montevidéu, Uruguai, América Latina