Professores do México voltam a protestar após conflitos

Confronto: milhares de pessoas vão às ruas pedindo reforma na educação, apesar de conflitos entre professores e policiais terem deixado 8 mortos

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Nieto.

Nesse contexto, as autoridades mexicanas investigam se há vítimas de disparos policiais entre os mortos nos confrontos de domingo (19).

Em um novo balanço dos protestos, o governo informou que seis pessoas morreram - não haveria nenhum professor entre elas - em Nochixtlán. Já em Juchitán dois homens foram mortos a tiros por desconhecidos. Um deles era um fotojornalista que registrava os saques.

Hoje, na cidade de Oaxaca, a Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) liderava uma manifestação, que contou com a adesão de milhares de simpatizantes e em meio aos apelos para que não houvesse violência. O protesto terminaria no Zócalo (praça central).

Uma equipe da AFP acompanhou quando um grupo de mascarados lançou pedras e outros objetos contra policiais na frente do Instituto Estadual de Educação Pública. Os agentes responderam com bomba de efeito moral.

A professora Clara Revilla Lucas, de 50 anos, viajou três horas com o filho adolescente de sua cidade natal Villa Hidalgo Yalalag para assistir à marcha "pela repressão que houve contra os companheiros".

A multidão carregava cartazes "em repúdio ao massacre" de Nochixtlán e para exigir "castigo para os culpados" e "a apresentação com vida" de 22 pessoas dadas como desaparecidas pela CNTE.

Ala radical do Sindicato Nacional de Professores, a CNTE rejeita a reforma da educação, alegando que estipula que os postos dos professores serão designados pelo governo, e não pelo sindicato, como era até então; impõe avaliações aos docentes; e levará à privatização do ensino.

No Twitter, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, promotor da reforma, lamentou "a perda de vidas humanas" e informou que o Ministério Público vai colaborar com as autoridades para "apurar responsabilidades e punir os culpados".

 

Emboscada

 

O conflito em Nochixtlán explodiu ontem, quando cerca de 800 policiais federais e do Estado usaram gás lacrimogêneo para dispersar os professores da CNTE, que bloqueavam estradas.

Depois de o governo desmentir que os agentes estivessem armados e que tenham ido reprimir manifestantes, o delegado da Polícia Federal, Enrique Galindo, reconheceu que o efetivo recorreu às armas diante da intervenção de cerca de 2.000 pessoas "radicais" - algumas armadas.

"Vivemos uma emboscada, uma situação totalmente diferente", o que obrigou policiais federais e do Estado a irem "com suas armas para tentar ajudar a população", disse Galindo.

Ele admitiu que os disparos não foram feitos por professores.

Fotógrafos locais garantem ter registrado imagens de civis e policiais atirando uma hora antes desses confrontos.

Galindo afirmou que está sendo feita a necropsia das vítimas, com idades entre 19 e 33 anos, para determinar se morreram por disparos de policiais.

"O que nos interessa muitíssimo é poder ver o calibre das armas que mataram essas pessoas", declarou à rádio MVS o secretário estadual de Segurança Pública, Jorge Alberto Ruiz.

A CNTE em Oaxaca defendeu, nesta segunda, o caráter pacífico dos protestos, atribuindo os atos de violência a "infiltrados" à paisana. A entidade reivindicou a renúncia do governador Gabino Cué.

O líder da Seção 22 da Coordenadoria Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Juan Garcis Garcia, pediu uma investigação dos fatos pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

"Os policiais estavam armados. Dispararam sem piedade", denunciou.

Visitantes lamentaram a tensão vivida em Oaxaca, que tem no turismo uma importante fonte de receita.

"É triste e meio desagradável o que aconteceu ontem e afeta não apenas a imagem de Oaxaca, mas do México. Isso não ajuda em nada para que o turismo venha", afirmou o empresário Alejandro Santa Cruz, que viajava a negócios.

Essas manifestações se arrastam há meses com diferentes intensidades nos estados com forte presença da CNTE, principalmente Oaxaca, Chiapas (sudeste), Guerrero (sul), Michoacán (oeste) e Cidade do México. Confrontos armados ainda não tinham sido registrados.

Os protestos aumentaram após a detenção de duas lideranças da categoria: Rubén Núñez, secretário-geral da seção 22 da CNTE, investigado por enriquecimento ilícito, e Francisco Villalobos, secretário da mesma organização, acusado de roubo com agravante de livros oficiais da Secretaria de Educação Pública.

Entre junho de 2006 e julho de 2007, houve violentos protestos em Oaxaca, deflagrados pela CNTE. Esses atos deixaram cerca de 20 mortos, entre eles o cinegrafista americano Brad Will, abatido quando cobria uma passeata. Seu caso foi considerado uma "execução extrajudicial" por uma comissão que denunciou atos de tortura e desaparecimentos forçados por parte de autoridades e de policiais.

 

 

 

Fonte:AFP

Reditado por: Stop Noticias 2016

Fotografias: Getty Images

Tópicos:Educação, México, América Latina, Policiais

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