No entanto, de acordo com os dois, a relação entre eles é "apenas de amigos" já que eles não são "gays" e só querem ficar juntos por conveniência. A dupla convive há anos, mas a relação não é amorosa. "Não somos um casal, nós cuidamos um do outro, somos como irmãos", explicaram os italianos em uma entrevista.
Gianni e Piero também afirmaram que o motivo para decidir recorrer a uma união civil é que, com ela, os dois terão acesso a direitos que até então eram negados a eles, o que facilitará na hora de resolver problemas práticos.
A união foi oficializada na cidade dw Schio, onde o prefeito é contra a relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo, por uma assessora da cidade. "Existem situações nas quais não ter uma ligação reconhecida cria dificuldades, como em processos de hospitalização, mas também em pequenas coisas, como no pagamento de contas, da mensalidade da televisão", afirmaram os amigos.
Opinião
A escolha, feita por motivos de pura conveniência, foi comentada pela autora da lei que permite a união civil homossexual, a senadora italiana Monica Cirinnà (PD). "Uma mulher também pode se casar com um homem que não ama, por conveniência. Esse tipo de casamento é feito sempre. Se desta vez a se unirem são dois homens, que não se relacionam afetivamente, mas por conveniência, acredito que a lei consente aos cidadão a liberdade de fazê-lo", disse Cirinnà.
Crítica
Já Aurelio Mancuso, presidente do Equality Italia e líder histórico do movimento homossexual no país foi mais crítico em relação ao caso. "Que duas pessoas heterossexuais do mesmo sexo queiram fazer uma união civil e ter acesso, assim, à reversibilidade das pensões, à herança e por ai em diante, eu acho legítimo e legal, mas do ponto de vista moral é uma farsa", disse o italiano. "Não é que não se possa utilizar as normas como se deseja. Estão livres para isso, mas do ponto de vista moral acredito que [os dois] são dois trapaceiros que usam as leis ao seu bel prazer", afirmou Mancuso.
O ativista também alertou a dupla, que talvez ainda não tenha percebido que "a lei sobre as uniões civis prevê direitos, mas também obrigações", para ficar atento e "não rebaixar a lei como qualquer coisa que se passa por privilégio, a lei não é um 'Eldorado' para quem quer ser trapaceiro".
Fonte:Estadão Conteúdo
Reditado para:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images / Reuters /EFE