O primeiro centro de "prevenção, inserção e cidadania" (CPIC), que abrirá suas portas na localidade de Beaumont-en-Véron (centro-leste), faz os últimos ajustes para acolher meia dúzia de moradores voluntários de 18 a 30 anos.
O internato poderá receber até 25 pessoas, acompanhadas por 30 educadores.
Não se trata de pessoas que foram condenadas pela justiça nem que retornaram da Síria, mas de indivíduos "perdidos", explica à AFP o sociólogo Gérald Bronnner, que trabalhará no centro.
"O objetivo é desenvolver o espírito crítico destas pessoas diante das ideologias mortíferas", acrescenta este pesquisador.
"Estar internados no centro os manterá afastados de um número de recursos e interações" que podem expô-los à propaganda jihadista.
Estes jovens, homens e mulheres, apontados por suas famílias ou identificados pelas autoridades locais, entram de forma voluntária no centro, afirma Muriel Domenach, secretária-geral do Comitê Internacional de Prevenção do Crime e da Radicalização (CIPDR).
Receberão cursos de história, religião, filosofia, educação em meios e esporte, com uma disciplina ferrenha que envolve horários rígidos, uso de uniforme e uma cerimônia de saudação à bandeira semanal. O objetivo deste acompanhamento de 10 meses é reintegrá-los à sociedade e à vida ativa.
Após uma onda de atentados terroristas sem precedentes, as autoridades depositam grandes esperanças neste centro. Cerca de 15.000 pessoas estão sob vigilância por radicalização em todo o país e mais de 300 suspeitos afiliados a redes terroristas foram presos desde o início de 2016.
"Este centro não é nem uma vacina, nem uma varinha mágica", adverte Domenach, que ressalta o aspecto experimental do projeto.
"Não existe uma solução milagrosa" para "desradicalizar uma pessoa", reitera o ministro francês da Juventude, Patrick Kanner. "Mas o Estado deve mostrar o caminho, principalmente se for levado em conta que a luta antiterrorista é um tema chave da campanha para as eleições presidenciais de 2017.
'Teste de avaliação'
Estes novos centros - 13 previstos no total até o fim de 2017 - são mais uma alternativa, entre as opções não carcerárias mobilizadas pela França, que nos últimos dois anos concedeu 20 milhões de euros à prevenção da radicalização.
A principal dificuldade reside em medir a eficácia deste método.
"Haverá um teste de avaliação" com psicólogos, indica Gérald Bronner, que reconhece, no entanto, que ninguém poderá estar "100% seguro". Podem existir "estratégias de manipulação".
No entanto, algumas vozes críticas já foram erguidas contra estes locais.
Estes projetos podem ser "contra-produtivos", estima Mourad Benchellali, um francês que esteve internado na prisão militar americana de Guantánamo e que atualmente luta contra o doutrinamento de jovens muçulmanos.
"Não tem sentido prender pessoas que não estão realmente radicalizadas em um centro de detenção", estima este homem. "Correm o risco de se fechar em um personagem 'radicalizado'. Se colocarmos todos juntos, só vão pensar nisso".
Outros países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Dinamarca desenvolveram programas para prevenir a radicalização com um êxito relativo.
Para o cientista político Asiem El Difraoui, este projeto pode ser "problemático e arriscado". Este especialista em jihadismo sugere um acompanhamento individual que "ensine estas pessoas a pensar de forma livre, autônoma e não uniforme".
Fonte:AFP
Reditado para:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images / Reuters /EFE
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