Mas, com o surgimento da crise económica, a situação agravou-se e os filhos da pátria do “El Comandante”, não escaparam dos efeitos nefastos da dura realidade sócio-económica actual angolana.
Ania Gonzalez há sete anos em Angola explica que quando chegou o objectivo era trabalhar para sustentar grande parte da família que se encontra em Havana, mas rapidamente percebeu que o mercado de emprego não era favorável nem mesmo para quem tem uma formação superior.
Actualmente Ania Gonzalez comercializa comida na praça dos cubanos, um mercado informal localizado no município de Viana, Comuna do Kalumbo. É com as receitas provenientes desta actividade que tem estado nos últimos anos a sustentar os filhos e ajudar no sustento do seu neto cá em Angola.
Os cubanos sem sorte na sua carreira profissional dedicam-se à comercialização de diferentes tipos de inertes.Júnior Marquez é lincenciado em Ciências do Desporto. Chegou a Angola há cerca de um ano. Conseguiu um emprego, mas o atraso no pagamento dos salários fez-lhe desistir da carreira docente e tomar outro rumo para sua vida.
Actualmente Júnior Marquez é camionista. Vende areia, pedra e água em cisternas. O preço por cada carrada de pedra e areia usada na construção civil varia entre os 30 e os 60 mil Kwanzas. Já os camiões cisternas de água usados para o consumo doméstico custam entre os 5 e os 11 mil Kwanzas.
A água é vendida ao preço de mil kwanzas por cada 1.500 litros. Um negócio, segundo ele, que chega a ser mais rentável que estar vinculado a uma empresa cujos proprietários não pagam salários durante vários meses.
«Aqui em Angola comecei a trabalhar num colégio (instituição de ensino privado), mas o director não pagava há mais de dois meses. Tive de deixar e vir conduzir e carregar areia. Aqui em Angola tem que ter sorte para encontrar um bom emprego», desabafou.
O dia a dia é de trabalho duro, mas movidos pela força de vontade e a necessidade de sustentar cada um dá um seu melhor para que no final consigam aliviar as dificuldades das suas famílias em Cuba.
Apesar de estarem longe da pátria muitos cubanos não esquecem as suas tradições, seus hábitos e costumes. E quando o assunto é comida, a situação não é diferente
Neussa Luiz, cubana de nacionalidade, é licenciada em Turismo e Hotelaria e Bacharel em Medicina. Vive em Angola há mais de 2 anos. Toda sua família está em Cuba, desde que pisou pela primeira vez o solo angolano em 2013 ainda não regressou à sua terra natal.
Durante algum tempo trabalhou como chefe de cozinha de uma empresa de referência na “baixa da cidade”, a zona nobre da capital angolana. Mas, por força da crise foi despedida e abraçou o desemprego. Para contrapor a situação, decidiu confeccionar alimentos para cubanos e angolanos na praça do Zango III.
Na preparação da alimentação para os seus conterrâneos os quitutes da sua terra de origem são prioritários. Neussa chega às 6 horas da manhã no mercado com objectivo de proporcionar um pequeno almoço condigo aos seus compatriotas. A crise que o país atravessa forçou-a a trabalhar sete dias por semana.
Muitos cubanos estão há mais de 5 anos em Angola sem no entanto visitarem as suas famílias por falta de documentação. Neussa reporta que é difícil estar nesta condição uma vez que se sair já não vai poder voltar, entretanto, não tem esperança que no seu país consiga ter um emprego condigno e melhorar a sua condição de vida.
«Nunca mais fui lá por causa da documentação. Muitos problemas com a documentação, pelo menos para nós os cubanos. Falaram que bastava pagar a multa de 450. 000, 00 (“quatrocentos e cinquenta mil kwanzas), Já enviei carta ninguém me deu resposta», ressaltou.
Embora haja algumas dificuldades no dia a dia, o trabalho é determinante para o bem-estar e o sucesso de cada um. Júnior Marquez sonha que um dia a sorte bata a sua porta e que possa conseguir outro emprego para melhorar o seu nível de vida.
A relação com os angolanos desde sempre foi boa, conta Neussa Luiz, que teve o seu primeiro filho em Angola.
«A relação com os angolanos é muito boa, principalmente com os homens. As meninas são um pouquinho mais rabugentas, mais ciumentas... Eu quando trabalhava lá na cidade era uma boa relação», explica Neussa Luiz.
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016