trabalha em Angola, de onde partiu para as terras do Tio Sam para formação, contando nesta altura com uma experiência de mais de 10 anos no ramo do empreendedorismo.
Ocupa o seu dia-a-dia com a realização de operações de negócios em mais de duas empresas. De 36 anos, Lúcia nasceu na província do Cuanza Norte, terra que viria abandonar depois de três primaveras. Os seus estudos primários e secundários subdividem-se entre as províncias de Malanje e Lisboa, onde fez a sétima classe. Regressa a Luanda e conclui o ensino médio em 1997.
Dois anos depois ruma para a América, onde começa por fazer um curso ligado aos sistemas informáticos. “Como não foi uma escolha minha, tendo sido influenciada pela família, decidi fazer duas formações, uma ligada a estudos filosóficos e outra em comunicação organizativa”, disse.
A veia do empreendedorismo começa a partir do momento em que Lúcia, com apenas 14 anos, e mais um grupo de amigos abrem uma organização não-governamental para prestar assistência a meninos de rua que vinham de diferentes regiões do País, fugindo do conflito armado.Era o início do trilho do empreendedorismo social por parte de Lúcia Stanislas, ao que se seguiu a sua participação noutros projectos, alguns ligados à prevenção contra o VIH-sida.
O início nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos começa a trabalhar fazendo encomendas por catálogo, até que um dia é convidada a fazer parte de uma organização que trabalhava no negócio de venda de seguros de vida e de serviços financeiros, em 2003.
“Encontrei mais tarde uma pessoa que tinha mais de 30 anos de experiência no ramo de exportação com quem trabalhei durante algum tempo”, revela, notando que essas foram as três primeiras actividades desenvolvidas nos EUA.
Para ela, o empreendedorismo não é algo que a pessoa vai fazendo depois de acordar pela manhã. “É diferente do empresariado”, afirma, uma vez que existem conceitos fundamentais que o empreendedor deve aprender. Diz ter aprendido com os melhores profissionais naquele país, considerando pessoas que se fizeram milionárias em pouco tempo empreendendo.
Nesta altura, Lúcia Stanislas desenvolve todas as operações de negócios no País, porque acredita que “África é o continente do futuro”, daí a aposta no continente-berço da humanidade.
“Se observares, a minha linha de trajes persegue uma tendência puramente africana. É assim que me identifico”, remata. Está actualmente ligada à importação de produtos para o sector petrolífero, projecto que deverá culminar com a construção de uma fábrica do no País nos próximos anos.
Outro projecto, com contratação governamental, está associado à prestação de serviços ao sector petrolífero. Deu início neste ano, conforme explica, à exportação de produtos, fundamentalmente cimento, para a RDC, onde já possui dois pontos de venda.
Optimismo acima de tudo
É optimista e conta que, apesar das dificuldades por que passa o País, os negócios decorrem a bom ritmo. “Temos de pensar positivo e ver as coisas com um olho mais clínico. Só assim se vão desenvolvendo competências a nível organizacional em termos de persistência, que fazem com que o indivíduo, mesmo depois de cair, tenha capacidade de se levantar e continuar a caminhada mesmo com a crise económica.”
Casada com um cidadão americano, Lúcia Stanislas pretende igualmente investir no ramo da agricultura, mas prefere não avançar mais dados do projecto, por enquanto.
Na sua opinião, o empreendedorismo no País encontra-se numa fase embrionária, uma vez que muitos conceitos têm ainda de ser definidos. Como diz, existe, todavia, alguma “confusão” sobre aquilo que é de facto o um empreendedor, empresário, investidor ou comerciante.
Nos seus tempos livres , Lúcia prefere apreciar a natureza e adora a música ao vivo. Aliás, tem pela arte um carinho especial e persegue uma vida muito simples. O desporto não faz parte dos seus hobbies, embora tenha praticado capoeira há alguns anos. No entanto, mantém uma vida activa praticando exercícios físicos.
Não tem um prato preferido a nível nacional, assim como na música. No que toca à gastronomia internacional, adora a comida tailandesa, pese embora nunca tenha viajado para aquele país asiático. Faz parte dos seus sonhos, garante.
Lúcia Stanislas procura sempre ler livros ligados ao empreendedorismo, e as suas leituras são com base naquilo que precisa de saber para o desempenho das suas funções diárias.
Apesar de estar ainda a viver nos EUA e ter como companheiro um cidadão americano, Lúcia prefere filmes independentes, ao contrário do cinema de Hollywood.
Acredita que, caso os jovens apostem na criação de empreendimentos, fomentando as ideias relativamente ao desenvolvimento de negócios, será possível acompanhar o crescimento da economia do País, por ser um mercado em franco desenvolvimento.
“Penso que os jovens serão os agentes económicos do futuro”, completa. “O empreendedorismo não é uma ciência exacta. É arte e ciência, pois tem a componente de criatividade e inovação que vem do próprio empreendedor”, remata.
Lúcia tem estado a passar a sua experiência por intermédio de um programa de mentorização, uma ferramenta de desenvolvimento profissional que consiste em uma pessoa experiente ajudar outra menos experiente, a fim de crescer com fundamento, num determinado ramo. “É como mostrar o caminho mais eficaz e mais eficiente ao mentorado no ramo dos negócios”, ressalta.
Para dar corpo ao projecto, Lúcia Stanislas criou uma metodologia de ensino denominada Gás, que vai adaptando a cada startup que vai prestando assistência.
O programa, no seu essencial, compreende o desenvolvimento pessoal, com a aprendizagem de fundamentos básicos, conhecimentos práticos e habilidades sobre o empreendedorismo. Segundo disse, o objectivo é fazer com que os empreendedores se iniciem nas suas empresas de forma segura e acelerada. Lúcia Stanislas nesta altura trabalha com quatro startups.
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016