Segundo a queixa então apresentada em tribunal, o valor correspondia a mais de cinco anos de encargos por serviços de correio diplomático alegadamente prestados à representação angolana.
"Nunca recebi dinheiro", garante a angolana, citada pelo jornal português Diário de Notícias, que publica a história.
Os factos na base do litígio obrigam a um recuo de mais de 30 anos: Lucília alega que de Dezembro de 1985 a Fevereiro de 1993 viajava de 15 em 15 dias para Luanda, de onde transportava documentos para Lisboa, nomeadamente certidões e cartas de condução.
"A Embaixada de Angola contestou sempre o pedido de Lucília dos Santos Cruz, alegando que era ela quem angariava clientes à porta da embaixada para lhes trazer documentos do país", lê-se no diário luso.
Apesar de Angola rejeitar quaisquer ligações à queixosa, esta anexou ao processo um documento emitido pela representação diplomática em que se reconhece uma colaboração.
"Para os devidos efeitos se declara que Lucília dos Santos Cruz é nossa colaboradora, e que está a ser autorizada a tratar de todos os documentos de que ela se faz acompanhar.
Por ser verdade se passa a presente credencial, que vai devidamente assinada e autenticada com o selo branco em uso neste Consulado Geral aos 31 de Março de 1989". O aval da embaixada, citado pela imprensa portuguesa, tem contudo a particularidade de exibir uma data posterior (1989) àquela à qual a queixosa reporta o início da dívida: 1985.
Mas não são os pormenores do caso que explicam a lentidão em julgálo. Em 1993, ano em que a acção foi intentada, o tribunal judicial de Lisboa absolveu a embaixada, declarando-se incompetente para intervir, tendo em conta que a acusação envolve um outro Estado.
O recurso entretanto apresentado por Lucília Cruz acabou por manter "vivo" o processo, que já vai no terceiro advogado.
Para além de reclamar encargos relativos aos serviços de correio (92.800 euros), a queixosa exige o pagamento de juros (82.528,44) e uma indemnização por danos não patrimoniais (175 mil euros). Parcelas somadas, a factura ascende a 350.656, 88 euros.
Fonte:Angonoticias
Reditado por: Africa Stop 2016