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85 por cento dos supermercados “não estão a cumprir” com os prazos de pagamentos, acusa o administrador da Agrolíder, João Macedo. De acordo com o empresário agrícola, as grandes e médias superfícies recebem os produtos, mas “pagam quando querem e até mesmo especulam os preços”.
Numa altura em que se fala tanto da diversificação da economia, a “valorização” da produção nacional pode “ajudar o país” a tornar-se cada vez “menos dependente” das receitas petrolíferas, reforça João Macedo, em declarações ao NG. O responsável crítica os supermercados por estarem a contribuir, de forma negativa”, para o alcance “desses objectivos”.
João Macedo está convencido de que muitos fazendeiros “podem deixar” de fornecer os produtos às superfícies comerciais e “apostar forte” no mercado informal, caso “este comportamento permaneça”. “A atitude dos supermercados está a desestabilizar a produção nacional, ninguém sobrevive sem dinheiro, se a ideia principal é aumentar o nível de produção, então deve haver maior respeito e responsabilidade”, reforça aquele responsável, que lidera a principal empresa agropecuária do perímetro de irrigação de Caxito.
Outro empresário agrícola, Caio Andrade, queixa-se de estar a “viver momentos difíceis” por causa dos principais clientes. Um dos responsáveis da fazenda Frasário em Nambuangongo, Bengo, acusa as grandes superfícies de terem alargado os prazos de pagamento. Antes pagavam de três em três meses, passaram a fazê-lo entre os seis e os 12 meses ou até mesmo “não pagam”. “Estamos a investir para outros enriquecerem. Muitos alegam escassez de divisas, mas consegue cultivar-se, colher e negociar, por isso devem obedecer ao estabelecido.”
“Os responsáveis dos supermercados deviam fortalecer a cooperação com os fazendeiros, por serem os principais fornecedores, e não criar desunião”, defende João Macedo. O responsável da Agrolíder avisa que os supermercados “podem ficar sem ter o que vender”.
Outra realidade é vivida no Kwanza-Norte e na Huíla, esta última considerada a província-celeiro de Angola. Nestas duas províncias, a maioria dos fazendeiros prefere entregar os produtos aos vendedores no mercado informal. Mas, nem assim, ultrapassam as dificuldades. O administrador da cooperativa ‘Primeiro de Maio’, da Matala, lamenta que, muitas vezes, esses comerciantes não pagam os produtos que venderam.
Mesmo sabendo das dificuldades mais a norte, Victor Fernandes garante que vai “continuar a incentivar os agricultores” principalmente os que fazem parte da cooperativa, “a apostarem mais em supermercados porque são instituições legais” e, por isso, “é possível recorrer à justiça em caso de incumprimento dos acordos”.
Sem lucros, nem vontade de continuar
O responsável da Agrolíder admite já ter “prejuízos incalculáveis” e sabe que há agricultores a pensar “em desistir porque aplicam valores na produção e, no final, não vêem retorno do investimento”, arriscando a falência”. “Se o que produzimos é o que normalmente os supermercados vendem todos os dias, não entendo o porquê dos atrasos”, lamenta. “Injectamos dinheiro no cultivo, esperamos resultados positivos durante a colheita para depois vender os produtos. É triste saber que muitos preferem importar produtos, ao invés de aproveitarem o nacional, valorizando-o”, lamenta João Macedo.
Fonte:Angonoticias
Reditado por: Africa Stop 2016