Rússia: "Putin sai enfraquecido" após motim do grupo Wagner

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consequências daquilo que aconteceu".

A abortada rebelião do grupo paramilitar Wagner, liderado por Yevgeny Prigozhin, no sábado, desencadeou a pior crise interna que o Presidente russo enfrenta desde que chegou ao poder. As consequências, considera o historiador, vão agora depender "da forma como [o Presidente russo] vai conseguir gerir ou não todo este processo".

"À primeira vista, é evidente que sai enfraquecido, porque não conseguiu controlar todas as Forças Armadas", afirma Milhazes. "A única vitória de Prigozhin, se é que ele a queria, é enfraquecer a figura de Putin", acrescenta.

José Milhazes: "Putin sai enfraquecido" de motim do Wagner
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O "mistério" da "excursão" de Prigozhin

Em apenas 24 horas, os combatentes do grupo Wagner conseguiram controlar uma parte de Rostov (sudoeste), uma cidade com mais de um milhão de habitantes, e aproximar-se de Moscovo, onde são diferentes as versões sobre a distância a que ficaram da capital russa, entre 200 e 400 quilómetros.

Como terão conseguido levar a cabo esta "excursão" pelo território russo "é um grande mistério", diz o historiador.

Prigozhin, que afirma ter tomado o quartel-general do Exército em Rostov "sem disparar um único tiro", poderá ter recebido promessas de apoio ou beneficiado da ausência da unidade "tão apregoada pelos dirigentes russos no seio das Forças Armadas", supõe Milhazes.

Certo, continua o historiador, é que "as Forças Armadas não aderiram a Prigozhin e ele talvez estivesse à espera disso, mas também é verdade que não impediram o seu avanço".

"Isto pode ser perigoso para Putin", afirma Milhazes.


O fim do grupo Wagner?

Também Prigozhin poderá estar em perigo, na visão do historiador. Os mercenários retornaram às suas bases depois de o Kremlin chegar a acordo com o líder do Wagner através do Presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, que prevê o exílio do chefe do grupo e a promessa de que não haverá consequências judiciais para aqueles que participaram na rebelião.

No entanto, José Milhazes acredita que "o acordo entre não vai ser cumprido e Putin vai tentar acabar com Prigozhin e com o grupo Wagner nos próximos tempos".

"Prigozhin pode sair deste conflito completamente derrotado", frisa.

Impacto na Ucrânia? "Não a curto prazo"

Moscovo garante que o motim liderado pelo grupo Wagner não vai afetar "de forma alguma" a intervenção militar da Rússia na Ucrânia.

Para José Milhazes, a existir, o impacto na frente de batalha não se fará sentir a curto prazo, "como alguns esperavam": "Não é numa janela de dois dias que se vira de pernas para o ar uma tática militar para aproveitar um momento. Vamos ver como é que se desenvolve a situação no interior da Rússia - que se poderá refletir na frente de combate".

Para já, afirma o historiador, "é praticamente unânime que é preciso fazer mudanças no corpo militar, mas Putin não as vai fazer já, para não fazer figura de fraco".

O objetivo declarado da rebelião de Prigozhin era substituir o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Valery Gerasimov. Segundo José Milhazes, circulam já os nomes de um governador de uma província perto de Moscovo e do comandante das tropas russas na Ucrânia para ocuparem os cargos, "mas essas mudanças não deverão acontecer imediatamente".

Até à data, Vladimir Putin não anunciou qualquer mudança na hierarquia militar.

A televisão pública russa mostrou-o na manhã desta segunda-feira (26.06) na primeira aparição pública após a abortada rebelião, a inspecionar as forças russas na Ucrânia, imagens disponibilizadas pelo Kremlin e que não referem nem a data nem o local onde foram gravadas.

 


Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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