pagamentos de propinas no Brasil e no mundo.
Era na sede da empresa Safe Host, na periferia industrial de Genebra, na Suíça, que a empreiteira mantinha os servidores que armazenavam dados de repasses de dinheiro de propinas destinados a políticos e campanhas eleitorais - no Brasil e no exterior.
Os servidores foram confiscados pela polícia no bairro de Plan-les-Ouates em março de 2016, depois que o ex-funcionário da Odebrecht Fernando Miggliaccio foi preso na cidade tentando fechar contas e retirar pertences de um cofre de um banco em Genebra. Migliaccio teve a prisão decretada na Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato, investigado por suspeita de ser o controlador de empresas offshores ligadas à Odebrecht.
Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no âmbito da ação que apura suposto abuso de poder econômico e político pela chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014, Migliaccio disse ter mantido, nos servidores confiscados na Suíça, dados sobre pagamentos para a campanha da chapa.
Os servidores estavam em espaço de 5 mil metros quadrados da Safe Host, empresa especializada em proteger dados informáticos de 140 multinacionais, bancos e organismos internacionais. O prédio de seis andares fica numa rua calma, perto da fronteira com a França.
Segurança
Em seu site, a empresa contratada para guardar os dados da maior empreiteira do País informa que "a entrada ao centro de dados apenas é autorizada quando solicitado pelo cliente e com a identidade provada". Além do monitoramento permanente por meio de câmeras de segurança, o local mantém uma subestação de energia que alimenta os servidores de forma constante. Há, ainda seis geradores, controle de temperatura e pressão e uma rede de fibra ótica própria.
Relatórios do Departamento de Justiça dos EUA mostram que a Odebrecht distribuiu propinas no total US$ 788 milhões em 12 países da América do Sul, América Central e África - pelo menos US$ 600 milhões passaram por contas na Suíça, de acordo com as investigações.
O conteúdo dos servidores ainda não é totalmente conhecido. Os códigos de acesso não foram revelados pela Odebrecht. Com a ajuda de técnicos, os suíços conseguiram acessar cerca de um terço dos dados. Para conseguir decodificar as informações restantes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu ao FBI. A resposta do órgão de investigação dos Estados Unidos, porém, não foi animadora: o trabalho levaria 103 anos, dada a sofisticação do sistema de proteção.
Fonte:Do Estado Conteúdo
Reditado para:Noticias do Stop 2017
Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP