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Sábado, dez.

Maputo: Médicos saem à rua para dizer "basta" ao Governo

Política
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pagamento de horas extraordinárias.

Com cânticos, danças, apupos e vaias ao Executivo de Filipe Nyusi, os médicos percorreram as ruas de Maputo para exigir direitos que, como dizem, o Governo lhes retirou.

Sem intervenção da polícia, a classe médica teve inclusive apoio de alguns populares que nas varandas das suas residências, nas ruas e nos estabelecimentos comerciais aplaudiram os profissionais.

Com roupa branca que os identifica, os médicos exibiam dísticos com dizeres como: "não confiamos no nosso ministro", "basta, Tiago fora", "ontem heróis da covid, hoje são quaisquer", entre outras mensagens.

A greve dos médicos, que começou em 10 de julho, foi prorrogada por mais 21 dias há uma semana.

Durante a manifestação deste sábado (05.08), o Bastonário da Ordem dos Médicos, Gilberto Manhiça, informou que durante os encontros para ultrapassar o braço de ferro entre a classe e o Governo, "notou-se um ambiente inapropriado para que prevalecesse a confiança e respeito entre os intervenientes".

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Médicos moçambicanos dizem na rua que "quem cuida também precisa ser cuidado"Foto: Romeu da Sílva/DW
"Se [o Governo] estivesse a se aproximar, eu diria que sim. Agora, uma das questões que nós poderíamos colocar é como é que alguém que está interessado, ou a entidade está interessada, e não se aproxima. A outra é que durante os múltiplos encontros que nós tivemos, muito se notou um ambiente inapropriado, inapropriado, para que o respeito entre os diferentes intervenientes prevalecesse e a confiança também se restabelecesse", criticou.

Para o bastonário Gilberto Manhiça, é a própria "qualidade da assistência que se oferece à população" que tem "sido cada vez mais comprometedora" e que também justifica a contestação, agora na rua.

"Infelizmente, nós estamos a assistir cada vez mais à degradação da qualidade que nós estamos obrigados a oferecer aos nossos pacientes. Claro que também entre estes propósitos encontram-se as condições que são criadas para que o próprio médico possa exercer o seu trabalho, para que os médicos, de uma forma condigna, possam exercer a sua profissão", defendeu o bastonário.

"Mesmo agora, que estão a fazer-se serviços mínimos, a maior parte das pessoas que estão a participar nelas encontram-se completamente exaustas. Portanto, há necessidade que isto pare", admitiu Gilberto Manhiça, embora defendendo que é preciso que o Governo crie condições para o diálogo.

Mais 21 dias de greve por falta de diálogo

O vice-presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Napoleão Viola, afirma que o Governo está claramente a distanciar-se da classe, tendo afirmado que que tem faltado o diálogo com o Governo.

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"É uma caminhada pela dignificação da classe médica", disse um dos médicos.Foto: Romeu da Sílva/DW
Viola acrescenta que o principal nó de estrangulamento neste momento é o Ministro da Saúde que não revelou capaz de promover diálogo para resolver os problemas dos médicos.

O Governo moçambicano disse que os médicos que faltarem ao trabalho devido à greve em curso vão ser responsabilizados, anunciando a contratação de novos profissionais.

A Sociedade Civil também marchou em apoio aos médicos e o diretor executivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, descreveu a luta dos médicos como "de todos os moçambicanos".

Nuvunga referiu que "o direito a saúde é um direito constitucional e esse direito só se realiza se os médicos tiverem condições para trabalhar".

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Adriano NuvungaFoto: Romeu da Sílva/DW
A ativista Quitéria Guirengane criticou o Governo por não encontrar formas de resolver os problemas dos médicos: "o Governo está a reduzir aqueles que cuidam do nosso maior valor chamando-os de um punhado, de ilustres desconhecidos."

A ativista acrescenta que o governo não está a respeitar os médicos porque "se o nosso maior valor está nas mãos de um punhado de ilustres desconhecidos é uma completa falta de respeito."

A AMM, que convocou a greve em curso e a caminhada desta manhã, refere que cederam em alguns pontos do caderno reivindicativo, como no caso da redução do subsídio de exclusividade, que passou de 40 para 5%, do subsídio de risco de 30 para 5%, e do subsídio de turno, que caiu de 30% para 5%.

A aplicação da nova tabela salarial na função pública é outras das críticas e está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.

 

 

 


Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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