Tendo em conta os bancos portugueses com capital angolano, que são os 'grandes' BCP e BPI e os mais pequenos BIC e BIG, estes representam pouco mais de 30% dos ativos totais detidos pela banca portuguesa.
Estas contas foram feitas a partir dos últimos balanços consolidados disponíveis no site da Associação Portuguesa de Bancos (APB), segundo os quais em junho de 2015 o ativo total do sistema bancário português (aplicações noutras instituições de crédito, instrumentos financeiros, como ações e obrigações, mas sobretudo crédito a clientes) ascendia a 400 mil milhões de euros.
O Millenium BCP, cujo principal acionista é a petrolífera angolana Sonangol com 17,84% do capital social, detinha 19,66% dos ativos do sistema bancário português, enquanto o Banco BPI representava 10,35% do total.
A angolana Santoro,é o segundo maior acionista do BPI, com 18,58% do capital social, seguido do espanhol Caixabank, com 44,10%. Contudo, como no BPI há limitação aos direitos de voto a 20%, na prática o capital angolano tem um poder muito semelhante ao espanhol, podendo vetar decisões, como aliás tem acontecido recentemente a propósito do Banco de Fomento de Angola (BFA).
Ainda com capital angolano estão presentes em Portugal o Banco BIC, e o banco BIG, em que a empresa World Wide Capital, do general angolano Hélder Vieira Dias 'Kopelipa', é a quarta maior acionista com 9,93%.
Estes bancos representam uma parte pequena dos ativos do sistema bancário português, com o BIC a deter 1,59% do total, isto tendo em conta o seu balanço individual, e o BIC com ativos equivalentes a apenas 0,40%.
Já olhando para o lado do passivo bancário - isto é, as responsabilidades que os bancos têm com terceiros, de que se destacam os depósitos dos clientes - as conclusões a que se chegam são muito semelhantes às retiradas da análise dos ativos, com os bancos controlados por capital angolano a representarem cerca de 30% do total dos passivos do sistema bancário português.
Fazendo novamente cálculos a partir dos dados da APB, o BCP representa novamente 19,66% do total do passivo e o BPI 10,44%. Já o BIC detém cerca de 1,6% e o BIG 0,37% do passivo total.
Da análise destes dados conclui-se, assim, da importância dos investidores angolanos na banca portuguesa, que, aliás, pode estar em transformação, tendo em conta variantes relacionadas com o negócio em si, mas também com a evolução económica de Angola, que esta semana pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
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