De seu nome Edson da Luz é autor de letras de intervenção que lhe valeram o título de rapper do povo.
As rimas de Azagaia são “dedos na ferida” na governação moçambicana. Em 2008 três dias após violentas manifestações que paralisaram Maputo, devido a aumentos de preços, Azagaia lançou "O povo no poder".
Já não caímos na velha história / Saímos para combater a escória / Ladrões / Corruptos /
Gritem comigo para essa gente ir embora / Gritem comigo pois o povo já não chora.
Isto é Maputo, ninguém sabe bem como / O povo que ontem dormia hoje...perdeu o sono /
Tudo por causa desse vosso salário mísero / O povo sai de casa e atira para o primeiro
vidro / Sobe o preço do transporte, sobe o preço do pão /
Deixam o meu povo sem Norte deixam o Povo sem chão.
A música e a voz de Azagaia não têm espaço na rádio e televisão públicas. Foi várias vezes acusado de ser intérprete da oposição. Todavia Azagaia nunca poupou nada, nem ninguém nas palavras e nas críticas como se pode ouvir em “As mentiras da verdade”:
E se eu te dissesse / Que a oposição neste país não tem esperança /
Porque o povo foi ensinado a ter medo da mudança / Mas e se eu te dissesse /
Que a oposição e o governo não se diferem / Comem todos no mesmo prato /
E tudo está como eles querem.
Filho de pai cabo-verdiano e mãe moçambicana, em 2014, Azagaia afastou-se dos palcos e pouco tempo depois anunciou que padecia de um tumor cerebral.
Em Abril de 2016, voltou ao palco, mas desde essa altura permaneceu numa posição discreta no panorama artístico.
O rapper moçambicano Duas Caras conheceu e trabalhou com Azagaia e ao microfone da RFI fala no desaparecimento de “um dos melhores rapper da lusofonia”.
Azagaia é um dos melhores rappers da lusofonia e é uma figura incontornável da sociedade moçambicana.
Deixa um grande vazio no hip-hop lusófono e em particular no hip-hop nacional. (...)
Era um revolucionário, tinha uma abordagem sociopolítica bastante profunda, bastante abrangente. Em todos os países onde se fala português, praticamente todos conhecem o nome Azagaia. É uma grande perda para a cultura moçambicana, para o activismo político também.
É uma voz que se cala, uma voz inconformada com as diferenças sociais no nosso país.
Deixa um grande vazio.”
Adriano Nuvunga, presidente do Centro Para Democracia e Desenvolvimento, sublinha que o legado de Azagaia irá permanecer para “a eternidade”.
O povo moçambicano acordou com um sentimento de profunda tristeza pelo desaparecimento físico do seu mais querido filho que é o Azagaia, que soube pelo seu trabalho, pela sua voz, interpretar o sofrimento diário, a miséria e a fome causadas pela corrupção da liderança, da cúpula política deste país e, por isso, Azagaia é chorado por todos.
Autor de músicas emblemáticas, apesar de estar retirado dos holofotes continuava a ser ouvido por toda a gente “e para a eternidade. Azagaia é um ícone da luta, é um ícone da resiliência do povo moçambicano perante as injustiças. As suas músicas são o instrumento que ele utilizava para galvanizar o povo moçambicano para continuar a lutar,” acrescentou.
Edson da Luz, o nome do rapper Azagaia, morreu, aos 38 anos, na quinta-feira à noite, em casa, na cidade da Matola, em circunstâncias até agora não esclarecidas.
Fonte:da Redação e da RFI
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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