Uma noite antecedida de promessas de quem escreveu e musicou o Msaho, a primeira ópera africana.
“Esta questão da ópera, eu tenho acompanhado em vários países, então tudo o que é africano não sabe o que é opera. Ópera tem que ser aquela coisa de cantar parece um passarinho no alto de uma árvore, ei, se para ti, opera é isso, para mim é outra coisa então é esta celebração de Africa que nós estamos a pretender trazer e várias outras questões”, afirmou a escritora..
Paulina Chiziane decidiu assim trazer para o palco a peça baseada na obra de poesia "O Canto dos Escravizados", escrita a seis anos e com objetivos bem claros, vincou a escritora que pretende quebrar mitos e um debate secular.
“Quebrar esse tabu de pensar que África não tem ópera. Quebrar esse tabu de dizer que os moçambicanos não conhecem ópera. Ópera é uma manifestação cultural, assim sendo, todos os povos têm ópera e nós vamos apresentar a nossa ópera”.
E nem mais som, luz e acção subiram ao palco no centro cultural universitário em Maputo, diversas manifestações culturais desde a dança, o teatro e a música.
No fundo um cruzamento de artistas de diferentes gerações numa encenação que visou reconstituir a história da escravatura em Moçambique de uma forma particular e em África no geral.
“A história que nos mostram nos livros é uma coisa. A história de África que nós vivemos e revivemos é outra coisa. Então, o que nós vamos apresentar está entre a história formal e a história cultural”, sublinhou a escritora.
Ópera Africana de Paulina Chiziane.
Ópera Africana de Paulina Chiziane. © RFI/Orfeu Lisboa
De 68 anos de idade a escritora que foi a mais velha encenadora deste espectáculo, a mais nova com apenas 6 anos fizeram por vários momentos vibrar a plateia com passagens da sua actuação que se confundiu com a realidade dos tempos foi como Benjamim Macuácua viveu o espectáculo de quase duas horas.
“Foi um sentimento muito bom da minha parte mas ao mesmo tempo traz uma espécie de recordações que ao longo dos tempos, ao longos dos anos nós tentamos esquecer delas, são recordações de coisas más que aconteceram com os africanos e daquilo que não gostaríamos que acontecesse com nenhuma nação, com nenhum povo mas ao mesmo tempo tiramos daqui lições de algo que os africanos devem por si fazer para que a história que é contada nesta peça, não se repita”, frisou Benjamim Macuácua.
A ministra da cultura e turismo viveu e por várias vezes deixou se emocionar pela obra da qual não encontra para já a definição certa para o espetáculo a que Paulina Chiziane chama de ópera africana.
“Paulina Chiziane que nos tem habituado e que nos ensinou a conhecê-la como uma simples escritora, hoje trouxe-nos a sua versão de libertista de uma ópera, eu ainda estou um pouco indecisa se chamo ópera ou se chamo um musical tendo em contas as características de um espectáculo que acabamos de ver aqui”, realçou Eldevina Materula.
Contudo o trabalho de Paulina Chiziane e de todos envolvidos neste Msaho é de louvar diz Eldevina Materula.
“É um espectáculo didático e eu acredito e quero crer que Moçambique de norte a sul deve conhecer e não só Paulina já nos ensinou a ser uma das referências internacionais da cultura e por isso eu tenho a certeza absoluta que devemos conhecer e dar a conhecer esta obra que acabamos de ver, além fronteiras. Esta foi uma verdadeira viagem àquilo que é a nossa moçambicanidade, uma ode à moçambicanidade, mas ao africanismo. Eu queria ir um pouco mais longe”, sublinhou Eldevina Material.
Entre os aplausos a obra, também houve espaço para uma homenagem a Azagaia, músico de intervenção social cuja voz calou-se por causas ainda por esclarecer.
Ópera Africana de Paulina Chiziane.
Ópera Africana de Paulina Chiziane. © RFI/Orfeu Lisboa
No final da primeira ópera africana como prefere chamar Paulina Chiziane, o misto de sentimentos tomou conta da escritora… a primeira romancista moçambicana e primeira escritora negra a vencer o prémio Camões.
“Feliz estou, as minhas expectativas ainda continuam, mas é preciso ver que foi um trabalho feito assim, aquilo foi a alma de cada um que fez o espectáculo acontecer porque ainda não conseguimos um patrocínio para muitas coisas. É mesmo só ver os adereços dos próprios actores, cada um trouxe o que pode e fomos à aventura, o resultado foi bom e então, partir desta exposição quem sabe, se calhar, as pessoas irão olhar mais para este projeto e tentar financiar com alguma coisa”, concluiu Paulina Chiziane.
Agora e com fundos disponíveis, levar este espectáculo considerado um momento de descolonização cultural e de linguagens através de uma forma única de canto e danças africanas é o objectivo de Paulina Chiziane.
Fonte:da Redação e da RFI
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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