Sissoco Embaló garante que situação está totalmente controlada

Guiné-Bissau
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Ainda na noite desta terça-feira (01.02), o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, falou à nação, no palácio presidencial. Aparentemente tranquilo, e acompanhado pelo primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e alguns membros do governo, o chefe de Estado fez o ponto da situação, começando por confirmar que a troca de tiros no Palácio do Governo deixou várias vítimas mortais.
"Há mortos de um lado e do outro", afirmou o Presidente guineense, acrescentando que "alguns elementos que estiveram envolvidos neste ato covarde e bárbaro já estavam a ser investigados por indícios do narcotráfico".
Fontes militares avançaram, entretanto, que pelo menos seis pessoas morreram na sequência do tiroteio.
Homens armados e à paisana assaltaram, esta terça-feira, o Palácio do Governo guineense, onde estava a decorrer a reunião extraordinária do Conselho de Ministros, que estava a ser presidida por Umaro Sissoco Embaló.

Durante várias horas, ninguém pode entrar nem sair do edifício até que o Presidente da República e os membros do executivo foram retirados do local, alegadamente, por militares da Marinha de Guerra Nacional, uma das forças mais temíveis do exército guineense.
Não se sabe, para já, quem terá liderado este ataque ao Palácio do Governo e com que motivações.
Aos jornalistas, Umaro Sissoco Embaló afirmou que "ainda não há caras, porque havia uma mistura, mas foi uma coisa muito bem organizada e concertada. Não quero estar a avançar [informações] para não complicar a investigação em curso, mas posso garantir-vos de que a situação está sob controlo, de uma forma total".
Sissoco Embaló disse ainda que o país está de luto porque "alguns valentes filhos" tombaram hoje "por causa da ambição de duas ou três pessoas, que entendem que o país não tem direito de viver em paz".
"Não queriam apenas o Golpe de Estado, queriam matar o Presidente"
"Custava-me acreditar que um dia poderíamos chegar a este ponto. Ou que os filhos da Guiné poderiam voltar a perpetrar outro ato de violência. Preferiria que as pessoas me atacassem pessoalmente", lamentou o Presidente guineense, que garantiu que as pessoas que atacaram o Palácio do Governo "não queriam apenas dar um golpe de Estado”, mas sim "matar o Presidente da República, o primeiro-ministro e os ministros”. No entanto, todos os membros do governo saíram ilesos.
O chefe de Estado guineense agradeceu ainda às forças de defesa e segurança do país por terem impedido um golpe de Estado, que constituiu, disse ele, um "atentado à democracia".

São esperados, nas próximas horas, desenvolvimentos e esclarecimentos sobre esta que é mais uma situação que põe em causa a estabilidade política e social na Guiné-Bissau.
A DW África tentou ouvir várias personalidades políticas sobre o sucedido mas, para já, todos se recusam a falar.
Já o sociólogo Sambite Santos Cabi prevê que, "com a instabilidade política, o Estado vai ter problemas com o afastamento do investimento nacional e estrangeiro. Vamos continuar a ter problemas dentro da sociedade e tudo isso leva a própria sociedade a não saber que rumo a tomar".
O mesmo analista acrescenta que a solução para acabar com a instabilidade crónica no país passa por "refundá-lo.” "Porque é a partir dessa refundação do Estado que podemos sair desta instabilidade política aguda", diz.
Apoio da comunidade internacional
Nas declarações aos jornalistas, esta terça-feira, Umaro Sissoco Embaló apelou à comunidade internacional para que continue a apoiar a Guiné-Bissau porque este povo precisa", disse.
A tentativa de golpe de Estado no país foi condenada ao longo do dia de terça-feira pela União Africana, pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da presidência angolana, pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Também vários governos, como Portugal, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde condenaram e lamentaram o sucedido.
De acordo com uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República de Portugal na Internet, o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, "acompanhou a par e passo, com preocupação, a situação em Bissau, tendo já falado telefonicamente com o Presidente Sissoco Embaló, a quem transmitiu a sua condenação veemente, que é a mesma do Governo português e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a estes atentados à ordem constitucional na Guiné-Bissau".
Também o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, apelou ao regresso "à normalidade" na Guiné-Bissau e pediu que a Constituição "seja respeitada", após falar com o homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, ao início da noite de terça-feira.
Por seu lado, o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, apelou à intervenção da comunidade internacional para que a situação seja ultrapassada "o mais rapidamente possível e com o menor banho de sangue possível".
"Lamento profundamente porque de facto, os nossos países em vias de desenvolvimento, continuamos nesta luta titânica contra a pobreza, pela afirmação dos valores democráticos e existem precisamente as eleições para que todos possam chegar ao poder pela porta principal, que é esta soberania que o povo nos confere", disse Jorge Bom Jesus.
Estes incidentes na capital guineense decorrem dias depois de uma remodelação do executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a remodelação feita.

 

 

 

 


Fonte:da Redação e da rm
Reeditado para:Noticias do Stop 2022
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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