Archer Mangueira, questionado pelos jornalistas durante a apresentação do Programa de Estabilização Macroeconómica sobre o futuro do FSDEA, a propósito das questões judiciais em que a instituição gerida por José Filomeno dos Santos está envolvida, disse que quaisquer alterações que venham a ser introduzidas serão divulgas após a conclusão do diagnóstico que está em curso.
Ainda no mesmo momento de perguntas e respostas, Archer Mangueira lembrou que o Fundo Soberano, "tal como outras instituições criadas para salvaguardar os investimentos do Estado angolano", foi criado numa altura diferente daquela que o país vive actualmente e que isso significa que estas terão de se adaptar, "ajustando as suas estratégias" ao novo momento. Esclareceu ainda que essa nova estratégia, adequada ao actual momento económico do país, será definida ainda durante o 1º semestre de 2018.
O governante não avançou quaisquer informações sobre o futuro dos actuais administradores do FSDEA, incluindo o filho de José Eduardo dos Santos, ex-Presidente da República, José Filomeno dos Santos.
Recorde-se que, como o Novo Jornal Online noticiou em Novembro de 2017, Jean-Claude Bastos de Morais, empresário suíco-angolano de 50 anos que presidia à Quantum Global, gestora de 85% dos activos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), é uma das figuras visadas nos Paradise Papers, um escândalo global de fuga a impostos por celebridades e proprietários de grandes fortunas. Segundo a investigação, o homem de confiança de José Filomeno dos Santos está a "fazer fortuna com os milhões do povo angolano".
Com o título "Les milliards du peuple angolais font la fortune d"un entrepreneur Suisse", que se pode traduzir por "os milhares de milhões de dólares do povo angolano fazem a fortuna de um empresário suíço", o jornal suíço Le Matin Dimanche publicou um extenso artigo em que passa a pente fino as "ligações pessoais" de Jean-Claude Bastos de Morais com o aparelho de Estado angolano.
Contas redondas, num único ano, de 2014, Jean-Claude Bastos de Morais encaixou cerca de 120 milhões de dólares pela prestação de serviços de consultoria ao FSDEA. A partir do ano seguinte, 2015, passou a receber entre 60 a 70 milhões de dólares anuais pela gestão de sete fundos de investimento criados nas Ilhas Maurícias pela sua empresa Quantum Global, com 3 mil milhões de dólares do Fundo Soberno. A estes ganhos directos, decorrentes de honorários pagos pelo Fundo Soberano de Angola, Bastos de Morais junta dividendos de investimentos viabilizados pelo Fundo.
Por exemplo, o FSDEA financia em 180 milhões de dólares o projecto de mais de 800 milhões de dólares para construção do Porto de Caio, em Cabinda, cuja empresa concessionária - Caioporto SA - é detida maioritariamente pelo empresário suíço-angolano.
O Fundo também aprovou 157 milhões de dólares para a edificação de uma torre futurista no centro de Luanda, num terreno que pertence a uma empresa de Bastos de Morais.
Para além de o Estado angolano ter assinado um contrato com essa firma do emprésário, uma segunda empresa do suíço-angolano ficou com a direcção do projecto e execução de uma parte da torre destinada a alojar escritórios.
O FSDEA refutou, todas estas acusações e eventuais comportamentos desadequados aos seus objectivos, embora na nota não mencione a questão dos Paradise Papers.
Entretanto, também na altura, a UNITA anunciou uma proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) às actividades do Fundo Soberano de Angola com vista à investigação das denúncias sobre a alegada má utilização de verbas do organismo gerido por José Filomeno dos Santos.
Fonte:da Redação e Por Angonoticias
Reditado para:Noticias do Stop 2018