Entre os convidados pelo presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e chefe do Estado angolano, José Eduardo dos Santos, poderão ainda estar mais algumas personalidades portuguesas fora dos partidos, mas o DN não conseguiu apurar quais nem quantas.
No que diz respeito às delegações partidárias, as forças políticas nacionais fazem-se representar ao mais alto nível: Carlos César e Ana Catarina Mendes, respetivamente presidente e secretária-geral adjunta do PS; Marco António Costa e José Matos Rosa, vice-presidente e secretário-geral do PSD; Rui Fernandes, membro da comissão política do PCP; Luís Queiró, presidente do congresso do CDS e responsável pelas relações internacionais do partido.
Esta participação mostra como os partidos portugueses com representação parlamentar - à exceção do Bloco de Esquerda - dão importância às relações com o poder instalado em Luanda e sobretudo um ano antes de novas eleições gerais em Angola.
O convite endereçado a Paulo Portas para participar no congresso é fruto das boas relações que o ex-líder do CDS sempre procurou manter com Angola. Portas visitou o país mais do que uma vez, na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro. Uma dessas visitas aconteceu em 2013, em pleno clima de desconfiança de Luanda em relação a Lisboa devido a investigações criminais de que estariam a ser alvo personalidades importantes do regime angolano e que foram notícia.
Ainda chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas fazia uma visita de 48 horas à capital angolana e defendia a "relação bilateral" que, disse, "passa por uma boa relação dos órgãos de soberania de Angola, que nós não só respeitamos, como tratamos com amizade".
Na altura dizia esperar que as oito mil empresas portuguesas que trabalhavam para o mercado de Angola, os mais de cem mil portugueses que estavam a viver no país e os mais de 2,6 mil milhões de euros de exportações portuguesas para o mesmo destino fossem considerados pelas autoridades locais.
Portas voltou a Angola, já como vice-primeiro-ministro, em 2014 e em julho de 2015 e mostrava-se convicto de que os dois países tinham ultrapassado as dificuldades.
Em março deste ano, em Gondomar, no congresso do CDS que marcou a sua saída da liderança do partido e da vida política, Paulo Portas fez um apelo aos órgãos de soberania para evitarem a "tendência para a judicialização" das relações entre Portugal e Angola, considerando-a "um caminho sem retorno" e procurarem "em todas as frentes um compromisso".
O apelo foi feito "com a autoridade de quem trabalhou muito para melhorar as relações com Angola": "Sabendo que Portugal é importante para os angolanos e que Portugal não está em condições de substituir Angola na sua política externa, pelo número de portugueses que lá vivem e que merecem o nosso respeito, pelas duas mil empresas que estão em Angola e que merecem a nossa proteção, pelas dez mil empresas que exportam para Angola e que nós não podemos esquecer, pela interpenetração das duas economias e dos investimentos dos dois países", disse, a introduzir o apelo.
Estas palavras não caíram em saco roto em Luanda. Poucos dias depois, o Jornal de Angola elogiava em editorial a postura de Paulo Portas. O diário estatal angolano - que escreveu vários editoriais muito críticos para Portugal, alguns cáusticos mesmo - citou o apelo do ex-líder do CDS.
Uma semana antes de ter elogiado Portas, o Jornal de Angola tinha publicado um outro editorial intitulado "A vingança do colono", no qual denunciava a instrumentalização da justiça portuguesa, que estaria a lançar lama contra o nome de dirigentes angolanos.
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016