Pelo menos três milhões de angolanos devem ser vacinados a partir desta segunda-feira (15.08) na nova etapa da campanha de vacinação contra a epidemia de febre-amarela no país. O objetivo desta nova etapa, que durará dez dias, é a imunização da população que vive em zonas de fronteiras.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a campanha, que começou em fevereiro deste ano, já apresenta resultados: há mais de um mês que o país não regista novos casos da doença. O representante da OMS em Angola, Hernando Agudelo, explica por que motivo o foco desta nova etapa da campanha são as zonas que fazem fronteiras com outros países. "Como há casos também na República Democrática do Congo (RDC), sabe-se que as fronteiras neste país são permeáveis.
Por isso, o alastramento de uma doença, ou de qualquer epidemia, é possível".Agudelo ressalta que esta vacinação é uma continuação do trabalho iniciado em etapas anteriores da campanha. "Já vacinamos seis destas cidades a nível da fronteira norte e agora estamos a vacinar na fronteira com a Namíbia. Nesta etapa estamos a terminar de vacinar as áreas fronteiriças que ainda não foram vacinadas", afirma. Esta etapa cobrirá 12 províncias e 22 municípios, segundo a OMS.
Redução de casos da doença
A febre-amarela já matou mais de 360 pessoas em Angola desde o mês de dezembro do ano passado. Em fevereiro, a OMS, em parceria com outros parceiros e o Ministério da Saúde de Angola, iniciou a campanha contra a epidemia da doença.
Até hoje, segundo a OMS, mais de 13 milhões de angolanos já foram imunizados. De acordo com Hernando Agudelo, há mais de um mês nenhum caso da doença é confirmado no país.
"A redução dos casos é devida à vacinação e a todos os esforços que têm sido feitos para a resposta a uma epidemia, de buscar que os casos sejam reduzidos. Agora já estamos há mais de um mês que não temos nenhum caso confirmado em nível nacional. Já conseguimos vacinar pelo menos 13,3 milhões de pessoas, e continuamos a vacinar. O país tem a intenção de vacinar toda a população a partir dos 6 meses de idade. No total, serão 25 milhões de pessoas", ressalta Agudelo.
Suposto desaparecimento de vacinas
Informação divulgada recentemente pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) revelou uma troca de e-mails entre a OMS e seus parceiros em Angola. O conteúdo desses e-mails, segundo a agência, seria o desaparecimento de cerca de um milhão dos seis milhões de vacinas que o país teria recebido entre os meses de fevereiro e março. O representante da OMS nega qualquer desaparecimento de vacinas.
"Os e-mails que se cruzaram falam que ainda não foram contabilizadas (as vacinas). Era um problema de registo, não era um problema de sumiço ou má utilização das vacinas, ou que foram vendidas" para serem comercializadas no mercado, garante. "Há farmácias que estão a vender, mas são unidoses. A vacina que nós estamos a distribuir tem dez doses, porque as farmácias podem importar. Isso não tem fundamento", esclarece Hernando Agudelo.
O problema de registo das vacinas, de acordo com o responsável da OMS, aconteceu no início da campanha devido a questões administrativas e também às fortes chuvas em muitas localidades."Tivemos uma comissão para coletar esses registos em todas as áreas da província onde estavam sendo aplicadas estas vacinas e depois os registos apareceram. Nunca foram roubadas", afirma.
Agudelo explica ainda que a tarefa de contabilização necessita de uma certa metodologia para se poder assegurar que se está a contar tudo o que se aplicou. "Inicialmente, do jeito que estava ser feito, não dava para coletar, além das fortes chuvas que inundavam muitas áreas. Esse foi o problema que se passou no início da campanha, depois, progressivamente, começaram a contabilizar os registos da gente que foi vacinada".
Fracionamento para vacinação chegar a todos
A informação da AP também afirmava que a OMS teria proposto o fracionamento de vacinas, pois, devido o suposto desaparecimento de um milhão de vacinas, não haveria mais doses para continuar a campanha.
O representante da OMS em Angola diz que "o fracionamento das vacinas não está ligado a nenhum sumiço de vacinas", mas que "está associado ao facto de que os laboratórios não podem produzir mais.
No mês de maio, junho e julho, o número de vacinas que se produziu não era suficiente para se lançar uma campanha". Segundo Hernando Agudelo, o fracionamento foi proposto com base em pesquisas. "Há pesquisa que prova que vacinando só um quinto da dose, isso dá proteção e faz com que a gente desenvolva e crie anticorpos, e se proteja contra a febre-amarela. Baseados nesta pesquisa, fizemos essa proposta para poder fazer com que as vacinas existentes, que há uma escassez de vacinas no mundo inteiro, pudessem se utilizadas para vacinar muita gente", enfatiza.
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016