Lagos (CRIL), que terá lugar no Centro de Convenções de Talatona. Apesar da existência de outros pontos na agenda de discussão, como os casos do Sudão do Sul, segundo responsáveis que nos últimos dias trataram da agenda do encontro, os participantes defendem a ideia de que a situação no Burundi é a mais complexa actualmente. Em causa está o facto de não se ter observado qualquer avanço ao nível do diálogo inter-burundês, depois dos últimos incidentes que ocorreram no país presidido por Pierre Nkurunziza.
A decisão de avançar para um terceiro mandato, cujas eleições acabou por vencer, em Junho do ano passado, fez com que o Burundi voltasse mergulhar num conflito interno, depois de sucessivas acusações de existência de fraudes por parte da Oposição ao actual Presidente. O mediador indicado pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, acabou por não conseguir grandes resultados. Com eleições internas em que tinha como opositor o seu antigo médico, Kizza Besigye, o líder ugandês esteve mais virado para a campanha renhida em que participava no seu país, até ter assegurada a vitória para mais um mandato, que lhe permitirá governar os próximos cinco anos.
Quanto à República Democrática do Congo (RDC), a organização considera que foram registados alguns avanços no país presidido por Joseph Kabila. Pela primeira vez, desde a adopção da Declaração de Nairobi, dirigentes do Governo congolês-democrático e do M-23 encontraram-se em Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo. O encontro teve a bênção do secretário- geral da ONU, Ban Ki Moon, dos líderes da SADC e da própria Região dos Grandes Lagos. Segundo apurou O PAÍS, as duas partes deslocaram-se ao Leste do país, o que não acontecia desde as últimas eleições vencidas por Joseph Kabila. Actualmente, a grande preocupação no Congo Democrático prende-se com o enquadramento dos quadros provenientes do M-23.
A realização das eleições gerais é um outro assunto que merecerá a atenção dos líderes da Conferência da Região dos Grandes Lagos, apesar de o Tribunal Constitucional já se ter pronunciado a favor de um adiamento. Alguns sectores políticos congoleses no poder têm dado preferência à realização das eleições, ao contrário da Oposição, por causa de uma nova divisão político administrativa naquele país. O Governo do Presidente Kabila também tem insistido que não possui condições para realizar o pleito eleitoral.
Por isso, espera-se durante o encontro de hoje que o Presidente da República Democrática do Congo dê garantias aos seus homólogos de que se vá encontrar um acordo com os demais intervenientes no processo político congolês, para não se mergulhar o país em mais um caos. É que, além das forças políticas da Oposição, o actual executivo congolês-democrático ainda tem que lidar com as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda – o grupo que congrega parte dos hútus neste país- e a Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do Congo. Um entendimento entre as Nações Unidas e o Governo da República Democrática do Congo estabelece que a Monusco continue a intervir no país contra as referidas forças militares.
RCA: um problema menor
Até então representada pela presidente de transição Catherine Sanza Pamba, a situação na República Centro-Africana (RCA) não é encarada como muito crítica desde a eleição, em Fevereiro deste ano, do novo Presidente, Faustin Touadéra Archange, com 62, 71 por cento de votos contra os 37, 29 do exprimeiro- ministro Anicet Georges Deloguéle. ‘Há instabilidade em algumas zonas. Têm que ter uma unidade de comando das Forças para a manutenção da paz’, contou uma fonte do Ministério das Relações Exteriores, alertando que o Governo do novo Presidente tem que ‘conseguir restabelecer a autoridade do Estado’.
Organização discutida
Composta por 11 estados membros, a situação financeira da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos não é das melhores, segundo fontes da organização. Angola, que assume neste momento a presidência da organização e a viver uma crise económica e financeira por causa do baixo preço do petróleo no mercado internacional, é o único país membro que tem as suas quotas regularizadas até ao presente ano de 2016. ‘Só Angola cumpriu com as suas responsabilidades de contribuição.
Não se nota isso dos outros estados da organização, por isso posso mesmo dizer que nenhum outro Estado fez os pagamentos”, contou um dos responsáveis. A questão da quotização também foi amplamente debatida durante o encontro dos ministros das Relações Exteriores, cujo encerramento aconteceu um dia antes da reunião dos Chefes de Estado e de Governo da CIRGL. Fontes da organização contaram ainda que, para o sucesso dos trabalhos, as autoridades angolanas é que fizeram deslocar a Bujumbura, na República do Burundi, uma aeronave que trouxe a Luanda alguns membros do Secretariado Executivo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos.
Estarão presentes na 6ªCimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), sob o lema “Aceleremos a Efectiva Implementação do Pacto e seus Protocolos para Maior Democracia e Estabilidade na Região dos Grandes Lagos”, o anfitrião José Eduardo dos Santos, igualmente presidente da CRIL, assim como os seus homólogos da África do Sul, Jacob Zuma, Sassou Nguesso da República do Congo, Uhuru Kenyatta do Quénia, Yoweri Museveni do Uganda. Joseph Kabila, Presidente da República Democrática do Congo (RDC), deverá escalar apenas na manhã de hoje Luanda, momentos antes do início do evento. Assegurada está também a presença de Eduard Lungu, da Zâmbia, John Magufuli, da Tanzânia, Uhuru Kenyatta, do Quénia.
O vice-presidente do Burundi, Gaston Sindimwo, está na capital do país em representação do seu Presidente, Pierre Nkurunziza, na mesma condição que o primeiro-ministro da República Centro Africana (RCA), Simplice Sarandji, em nome do Presidente Faustin- Archange Touadéra. Apesar de não integrar a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), actualmente sob liderança de Angola, a África do Sul tem participado na condição de “observadora” para estas cimeiras, tendo em conta a sua “longa experiência” e “envolvimento” na manutenção de paz nesta zona do continente.
“Se há um vice-presidente é porque ele tem competência definida na Constituição do seu país e não delegadas”, contou um responsável, realçando que anteriormente não se realizou o encontro por causa das questões internas de alguns países, alguns dos quais estavam envolvidos em processos eleitorais. A CIRGL é constituída por Angola, Burundi, República Centro Africana (RCA), Congo, República Democrática do Congo (RDC), Quénia, Uganda, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.
Fonte:Angonoticias
Reditado por: Stop Noticias 2016
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