O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu não mexer nas taxas de juros, mantendo assim inalterado o curso da política monetária. À conta da desaceleração da inflação mensal verificada nos últimos dois meses, o banco central espera uma redução da taxa de inflação homóloga a partir do mês de Agosto, e tem como previsão terminar o ano com
uma inflação na ordem dos 23,4%, meta considerada demasiado optimista por especialistas. Na base está a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços na economia, já que nos últimos dois meses a taxa de inflação registou um abrandamento, tendo desacelerado 0,42 pontos percentuais para 2,07%, em Junho.
"A inflação continua a subir, mas a um ritmo menos sustentado. O que temos em perspectiva, é que taxas mensais hão-de continuar a desacelerar, e naturalmente, que a partir do mês de Agosto, muito provavelmente, vamos continuar a assistir também uma relativa desaceleração da inflação homóloga, se as condições actuais prevalecerem", afirmou o governador do banco central, Manuel Tiago Dias, durante a conferência de empresa realizada na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango. Apesar do abrandamento das taxas mensais, a taxa de inflação homóloga continua a subir.
Em Junho, a inflação homóloga nacional situou-se em 31,0%, muito acima da taxa BNA (19,5%), registando o valor mais alto em 7 anos. Já em Luanda, o cenário ainda é pior. A capital registou, em Junho, uma taxa de homóloga na ordem dos 42,08%, tratando-se da mais alta dos últimos 20 anos, ou seja, seria necessário recuar até Junho de 2004 para encontrar uma taxa superior, quando atingiu os 44,2%, altura em que a inflação estava numa fase descendente após o período da guerra civil. Assim, a inflação continua a fugir àquilo que é a perspectiva do BNA, o órgão que tem a missão de garantir a estabilidade de preços, de forma a assegurar a preservação do valor da moeda nacional, assim como a estabilidade do sistema financeiro.
Medida possível, porém, esperava-se mais
Para o economista Wilson Chimoco a medida foi a possível, mas o ideal seria voltar a aumentar a taxa de juro de referência, mas a indicação de desaceleração da inflação mensal em Maio e Junho condicionou a decisão. "O CPM já está a acostumar-nos com este posicionamento, que é muito marcado pela prudência entre a estabilidade dos preços e a estabilidade financeira. Repare que uma política monetária restritiva tem também impactos significativos sobre a estabilidade financeira do sector bancário, de capitais e das finanças públicas", apontou. Assim, para Wilson Chimoco, o BNA quer passar um sinal de que tem confiança de que a inflação poderá estar sob controlo.
A mesma ideia tem o economista e director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada (CINVESTEC), Heitor Carvalho. "Um sinal de que o BNA acredita na descida da inflação", disse.
Para Heitor Carvalho, percebe- -se a postura do BNA ao não dar nem um sinal de aperto da política monetária, que é "provavelmente ineficaz", e nem sequer um sinal de inversão da política "que poderia ter efeitos negativos". "A taxa de inflação de Junho aponta para um valor anualizado de 28% e a inflação anualizada dos últimos 3 meses (II Trimestre) para 33%. Estes números aconselhariam uma política monetária mais restritiva, mas, por outro lado, mostram uma melhoria significativa nos últimos meses. Porém, o CPM sabe que a transmissão da política monetária para a inflação é fraca e procura ser conservador", justificou, afirmando que a principal causa da inflação e as acções para a combater estão do lado da política comercial e não da política monetária. Assim, o CPM manteve a Taxa BNA em 19,5%, bem como a taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 20,5% e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 18,5%.
Não se espera mudanças
Os economistas também não acreditam que o BNA poderá ter uma postura diferente nos próximos meses, e presumem que o CPM vai ter continuar a ter uma postura "pomba", que no economês significa que deverá manter posturas mais brandas na condução da política monetária. "Penso que se a tendência de queda da inflação se mantiver, o CPM vai manter as actuais taxas de juro se referência em Setembro e Novembro. E começar a dar indicações de cortes a partir de Maio de 2025", calcula Wilson Chimoco.
Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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