O número de pessoas que se dedicam a apostas desportivas é cada vez maior. Alguns fazem-no para ocupar os tempos livres, outros para aumentar o rendimento familiar.
Num dos pontos onde está instalado um posto de venda de fichas e levantamento de dinheiro na cidade do Huambo, a DW encontrou o jovem Raimundo da Costa, agente de vendas de uma das várias empresas de jogo.
"A procura tem sido muita", afirma o agente de vendas. Jovens e mulheres são os principais clientes, mas também "costumam vir pessoas de 50 e 60 anos de idade".
Apostas perigosas na sorte
Lindomar da Silva, jovem desempregado de 31 anos, faz apostas desportivas há mais de dois anos. "Ainda não sou viciado, porque me consigo controlar. Às vezes há jogos e eu digo não, hoje não vou jogar".
É tudo uma questão de autocontrolo, explica Silva: "Há semanas que digo vou jogar ao contrário de um viciado, que não consegue ficar um dia sem apostar e não se sente bem". Ele diz que, em dois anos de apostas, investiu mais de 300 mil kwanzas, cerca de 475 euros.
Para Lindomar da Silva, não há dúvidas de que a afluência dos cidadãos ao jogo está ligado ao desemprego e aos salários baixos.
"Há muita gente a jogar por falta de emprego, as pessoas vêm jogando para tentar ganhar qualquer coisa".
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o desemprego afetou 59,2% da população jovem, entre os 15 e os 24 anos, no terceiro trimestre de 2021 - um aumento de 2,8 pontos percentuais, quando comparado com o mesmo período do ano anterior (56,4%).
Salários não chegam para sobreviver
Silva tem a certeza de que, se a maior parte das pessoas tivesse emprego, haveria um número muito reduzido de pessoas a apostar.
"Algumas pessoas apostam para acrescentar ao salário, para conseguir ajudar nas despesas, como propinas, energia, parabólica", explica. "Com um salário de 50 mil kwanzas [80 euros], a gente não consegue sobreviver."
O sociólogo Adilson Luassa defende a necessidade da realização de inquéritos para apurar as reais causas por detrás deste fenómeno, que leva também muitas pessoas a ficarem viciadas e a destruírem a sua vida.
"A juventude vai abraçando estas práticas tendo em conta o elevado nível de desemprego que se nota, de facto, em Angola. Achamos ser uma questão que deve ser bem estudada, para que se possam aferir os fatores que levam a juventude aos jogos", afirma o sociólogo.
Fonte:da Redação e da dw.com
Reeditado para:Noticias do Stop 2022
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