"A União Europeia saúda os passos dados pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, bem como pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, no sentido de reiniciar o diálogo de paz e encoraja ambas as partes a iniciar conversações preparatórias com a máxima brevidade", afirma a Alta-Representante da UE para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, numa declaração divulgada esta quinta-feira em Bruxelas.
Para a chefe da diplomacia europeia, "um ambiente propício para negociações de paz requer o restabelecimento da confiança entre todas as partes interessadas" e chegou "o momento de ambos os lados trabalharem de forma resoluta com vista a uma solução política e abandonarem todos os meios militares".
A declaração da Alta-Representante da UE sublinha que o diálogo "continua a ser a única via para uma reconciliação nacional duradoura" e também "uma condição prévia para o povo moçambicano desfrutar de paz, estabilidade e prosperidade".
A Renamo anunciou esta quinta-feira os nomes dos deputados José Manteigas, Eduardo Namburete e André Magibire para retomar o diálogo com o Governo sobre o fim da crise política e militar em Moçambique.
Os nomes dos deputados da Renamo foram divulgados em conferência de imprensa realizada em Maputo pelo porta-voz do maior partido de oposição, António Muchanga, e vão juntar-se à equipa indicada pelo Presidente da República para a preparação do diálogo ao mais alto nível.
Do lado do Governo, Filipe Nyusi já tinha designado em Março Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Maria Benvinda Levi, conselheira do Presidente da República, e Alves Muteque, quadro da Presidência, para a preparação do encontro com Dhlakama.
Para a Renamo, a carta enviada por Nyusi na terça-feira pedindo a criação de condições para o reatamento do diálogo não ignora a mediação internacional nas fases posteriores ao trabalho da comissão mista e que tem sido uma das condições impostas por Dhlakama para voltar às negociações.
O principal partido da oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
Como condição para voltar à mesa das conversações, Dhlakama exige o envolvimento da comunidade internacional, nomeadamente da UE, Igreja Católica e o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
As negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo estão paralisadas há vários meses, depois de o maior partido de oposição se ter retirado do processo, alegando falta de progressos e de seriedade por parte do executivo.
A suspensão do diálogo foi acompanhada por um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados e ainda ataques atribuídos pelas autoridades ao braço militar da oposição a alvos civis no centro do país.
A deterioração da situação política e militar em Moçambique acontece em paralelo com uma crise económica e com a revelação de empréstimos garantidos pelo Estado moçambicano ocultados nas contas públicas.
A divulgação destes empréstimos fez disparar a dívida pública e levou à suspensão da ajuda financeira prestada pelos principais doadores de Moçambique, incluindo a UE.
Na declaração desta quinta-feira emitida em Bruxelas, Federia Mogherini deixa a garantia de que "a União Europeia continuará a apoiar o desenvolvimento político, económico e social de Moçambique".
Fonte:RM
Reditado por: Stop Noticias 2016