Não há uma única mulher candidata presidencial. No Parlamento, também tem havido mais homens. E nas autarquias, só um em cada dez edis são mulheres. A Rede das Mulheres Autarcas de Moçambique quer mudar isso.
Ainda não há paridade, em Moçambique, nem na Assembleia da República, nem no Governo central, nem nas autarquias.
No Parlamento atual, só 42 por cento dos deputados são mulheres. No Governo, são 45 por cento, segundo os últimos dados disponíveis.
Parece haver ainda um longo caminho a percorrer para atingir a paridade em instâncias decisórias, Helena Bandeira, presidente do Conselho Municipal da vila de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, norte do país, diz: "Nós praticamente funcionamos como espelho de outras mulheres que tinham o receio de se aproximar da liderança. Nós começámos e outras também vêm por aí e nós sempre lutamos".
Bandeira apela às mulheres para que não desanimem: "Pedimos a todas as mulheres que sejam fortes e não tenham medo; pedimos para que tenham a vontade de aparecer na liderança de qualquer coisa que for."
Pouco a pouco, as mulheres estão a mostrar que é possível chegar a lugares de liderança, referem as entrevistadas ouvidas pela DW.
O papel dos partidos políticos
Não só as organizações da sociedade civil, como também os partidos políticos têm um papel fundamental para que a paridade seja uma realidade em Moçambique, refere Geraldina Bonifácio, autarca da vila de Boane, na região sul do país.
"Há um trabalho que deve ser feito para reforçar o número de mulheres a participar nestes órgãos. Obviamente que esse trabalho é feito não através das autarquias, mas da Rede das Mulheres [Autarcas de Moçambique], que poderá ajudar a influenciar os partidos políticos para que as listas sejam lideradas por mulheres", defende Bonifácio.
Os partidos têm adotado medidas para integrar mais mulheres nas suas fileiras, mas o cenário para as próximas eleições gerais, em outubro, está longe de ser paritário.
Os candidatos à Presidência da República dos principais partidos são só homens. Além disso, tanto na FRELIMO, o partido no poder, como no MDM, a terceira força política em Moçambique, há apenas três mulheres que se candidatam ao cargo de governador provincial. E nas listas da RENAMO, o maior partido da oposição, só há duas candidatas a governadora.
"As mulheres têmais ousadia"
Nas 65 autarquias, o cenário parece ser ainda pior: só seis mulheres são edis, o que equivale a pouco mais de nove por cento. Mas Geraldina Bonifácio diz que não se deixa influenciar pelos números.
"As mulheres têmais ousadia, porque têm capacidade de ter mais dossiers – abrem o dossier da família, abrem dossier da escola das crianças, abrem o dossier dos problemas do município, abrem o dossier dos problemas de quase toda a sociedade. Daí que a mulher tem a capacidade de ultrapassar todas as barreiras", defende.
Onésia do Amaral, vereadora para a área de cultura e turismo no município da Matola, província de Maputo, chama a atenção dos homens que o mundo evoluiu e não se pode menosprezar as capacidades das mulheres.
A vereadora diz que, pelo menos, os municípios de Chimoio e Matola possuem paridade na sua vereação.
"Eu queria que a mulher fosse mais emancipada. Queria que a mulher estivesse mais em posições de tomada de decisão, tal e qual está a se fazer. É verdade que é um processo que não é da noite para o dia, é um processo que obedece ao seu tempo, mas eu gostava mesmo de ver a mulher nos picos de tomada de decisão, ter mulheres a liderarem", sonha Onésia do Amaral.
Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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