de 1975.
Os papéis fazem parte dos arquivos da CIA, que contêm telegramas, análises, artigos e correspondências internas da Casa Branca.
A pasta referente ao encontro de Pelé com Ford tem 13 folhas. Trata-se de um briefing preparatório da reunião feito pelo então secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger. Uma página do documento, no entanto, não foi liberada pelos agentes da CIA ao acesso público.
Na abertura, o texto de apresentação de Pelé traz a pronúncia do nome do brasileiro em inglês e algumas incorreções sobre a sua biografia.
Diz, por exemplo, que o Rei participou da sua primeira Copa do Mundo com 16 anos. Na verdade, Pelé tinha 17 anos quando disputou e venceu o Mundial de 1958.
Fala ainda que, com Pelé em campo, a seleção brasileira conquistou três Copas seguidas, feito que garantiu ao País a posse definitiva da Taça Jules Rimet.
As conquistas do Brasil, porém, não foram em sequência. A seleção ganhou os Mundiais de 1958, 1962 e 1970 com Pelé.
O documento preparado pelo secretário de Estado dos Estados Unidos lembra também que Pelé fala “um bom inglês” e que o embaixador brasileiro João Augusto de Araújo Castro é fluente. Por vias das dúvidas, um tradutor foi colocado à disposição para acompanhar a visita.
Memorando enviado pela secretária do Conselho de Segurança Nacional Jeanne Davis para o secretário da presidência Warren Rustandk, no dia 23 de junho de 1975, avisa que Kissinger não poderá participar do encontro porque estará fora da cidade, mas que ele considera ser uma boa ideia convidar o embaixador para também ir à reunião na Casa Branca.
O encontro de Pelé com Ford durou apenas dez minutos. Depois de uma rápida reunião no Salão Oval, os dois foram para os jardins da Casa Branca, onde posaram para fotos e bateram bola juntos.
Pelé tentou, em vão, ensinar Ford a fazer embaixadinhas. Já o ex-presidente dos Estados Unidos mostrou ao brasileiro lances de futebol americano com as mãos.
A lista de assuntos debatidos no Salão Oval consta nos documentos revelados agora pela CIA. Ford confessa a Pelé, então jogador do New York Cosmos, que a presença dele na liga norte-americana era um grande negócio para estimular o futebol e o interesse pelo esporte no país.
O ex-presidente admite que os EUA figuravam entre os países menos desenvolvidos no futebol e que Pelé ajudaria a mudar aquele quadro.
Desde aquela época os americanos tinham planos de ter uma seleção forte. Por isso, os documentos da CIA falam que “em poucos anos vamos ser capazes de montar uma equipe que pode desafiar os principais concorrentes neste esporte”.
O presidente dos EUA aproveitou que Pelé ficaria dois dias em Washington para enfrentar a equipe do Diplomats e, então, convidou o Rei para uma visita à Casa Branca.
O brasileiro fora contratado pelo Cosmos havia apenas 18 dias. O acordo era de três temporadas com salários de US$ 2,8 milhões por ano.
À época Pelé, era o atleta mais bem pago do mundo e sua chegada aos EUA provocou grande agitação no país e uma visita à Casa Branca seria importante para Ford.
Histórico
Antes do encontro com Ford, Pelé já havia ido à residência oficial da presidência dos EUA dois anos antes. Em 1973, o Rei do Futebol participara, ao lado da ex-mulher Rose, de um encontro com Richard Nixon.
Quatro décadas depois, foi revelado o áudio gravado pelo sistema de escuta instalado no gabinete presidencial dos EUA. Em um diálogo informal, Nixon pergunta se Pelé “falava alguma coisa em espanhol”. O Rei responde: “Não, português. Mas é tudo a mesma coisa”.
Pelé voltaria ainda outras vezes à Casa Branca para se encontrar com presidentes dos EUA. Em 1977, quando ainda jogava no Cosmos, esteve com Jimmy Carter.
Durante a gestão de Ronald Reagan, o 40.º presidente americano, foi mais duas vezes a Washington. Em 1982 bateu bola no jardim e em 1986 participou de um jantar de gala.
Fonte: Estadão Conteúdo
Reditado para:Noticias do Stop 2017
Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP