No entanto, se Jean-Marie Le Pen pensava que nunca se tornaria um chefe de Estado, sua carismática filha e herdeira política está convencida de que no próximo 7 de maio a França terá sua primeira presidente mulher.
A candidata da Frente Nacional (FN), de 48 anos, soube capitalizar a insatisfação dos franceses com o desemprego e a imigração, e aproveitar a onda nacionalista na Europa para se transformar em uma das favoritas ao segundo turno das eleições presidenciais, no próximo 7 de maio.
Com um programa centrado no “patriotismo” e na “preferência nacional”, Le Pen espera agora desmentir as pesquisas que preveem sua derrota no segundo turno.
Promete, entre outras coisas, a suspensão dos acordos de livre circulação no interior da UE, a expulsão dos estrangeiros vigiados por radicalização e a supressão do ‘ius soli’ (nacionalidade por direito de solo de nascimento).
“No fundo, se eu tivesse que me definir, acho que eu diria apenas que sou intensa, orgulhosa, fiel, evidentemente francesa. Tomo os insultos à França como se fossem contra mim diretamente”, explica em seu vídeo de campanha.
“Estamos em nossa casa!”, repete nos discursos que pronuncia durante seus encontros de campanha, ao qual vai gente de todas as idades e classes sociais.
Um lema que seus adversários consideram como “um grito de xenofobia”, mas que ela considera um “grito de amor” à França.
Desde que assumiu a liderança da FN em 2011, sucedendo seu pai, de quem se distanciou nos últimos tempos, Le Pen afastou em grande medida o partido do antissemitismo que o caracterizou durante décadas.
Afastou-se, ao menos parcialmente, dos militantes antissemitas, dos nostálgicos da Argélia colonial ou até do regime colaboracionista de Vichy e dos católicos integristas.
Todos esses setores que figuraram durante mais de três décadas na direção do partido.
A estratégia deu frutos e, desde então, o partido melhorou seus resultados em todos os comícios.
“Antissistema”
Com seu renovado discurso “patriótico” dirigido tanto à direita como à esquerda, a FN se impôs com folga na França nas eleições europeias e municipais de 2014, impulsionada pelo mesmo movimento popular antissistema que votou pela saída do Reino Unido da União Europeia, assim como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Oradora eficaz, Marine Le Pen, continua defendendo em seus discursos as posições tradicionais da extrema direita contra a imigração e o islã, mas agora faz isso invocando o laicismo.
Ela abandonou, ainda, o tradicional discurso nacionalista, mas economicamente liberal de seu partido, e agora se apresenta como a defensora dos trabalhadores prejudicados pela globalização, o “livre comércio desleal” e a “ditadura da Europa”.
“Contra a direita do dinheiro e a esquerda do dinheiro, sou a candidata da França do povo”, declarou Le Pen no mês passado em um debate televisivo.
Mas as recentes declarações em que rejeitou a responsabilidade da França em uma incursão contra judeus em Paris, durante a Segunda Guerra Mundial, lhe renderam numerosas críticas de seus rivais, assim como de associações judaicas e Israel.
Para o historiador Nicolas Lebourg, suas polêmicas palavras mostram que a líder da FN “tenta definir-se de novo como uma candidata antissistema”, em um contexto no qual as pesquisas “levam tempo”, colocando-a no segundo turno das eleições, “mas sem nenhuma evolução”.
Até o momento, seus bons resultados nas pesquisas se mantiveram intactos, apesar da investigação aberta contra ela por um caso de supostos empregos fictícios no Parlamento Europeu, onde ocupa uma cadeira de eurodeputada, e sobre supostas irregularidades no financiamento de campanhas eleitorais passadas.
Advogada de profissão, Marine Le Pen se apresenta como uma “mulher moderna”.
É mãe de três filhos, divorciada duas vezes e vive atualmente com um dos dirigentes da FN, Louis Aliot.
Fonte:Por AFP
Reditado para:Noticias do Stop 2017
Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP