ao empresário Bernard Tapie.
Em sua declaração final aos juízes e parlamentares da corte especial que julga o caso desde a segunda-feira passada, ela se mostrou firme em suas convicções de que atuou com honestidade e ficou com a voz embargada ao falar sobre o “sofrimento” que teve que enfrentar nesse julgamento.
“Estes cinco dias de audiência acabam com cinco anos de sofrimento para mim, meu marido, meus filhos e meus irmãos, que estão na sala”, afirmou ela, que substituiu Dominique Strauss-Kahn à frente do FMI.
Lagarde, que é acusada de “negligência” no exercício de suas funções em 2007 e 2008 quando era ministra da Economia da França, conhecerá na segunda-feira que vem a decisão da Corte de Justiça da República, constituída por três juízes e 12 parlamentares que julgam ministros por crimes cometidos.
Tudo leva a crer que a responsável pelo FMI sairá absolvida – teoricamente poderia ser condenada a até um ano de prisão e pagar multa de 15 mil euros -, principalmente depois que a Promotoria insistiu ontem que não existem elementos para declará-la culpada.
A ex-ministra, de 60 anos, assumiu suas decisões na gestão do caso com Tapie, em particular optar pelo procedimento controverso da arbitragem em vez de continuar a via dos tribunais, embora, ao mesmo tempo, tenha ressaltado que não acompanhava o dia a dia das discussões, dedicada a outros aspectos de sua missão à frente do departamento de Finanças.
No final, o resultado foi favorável ao empresário pela venda da Adidas, que teve que traspassar o então banco público Crédit Lyonnais, e o custo para os cofres públicos foi de 403 milhões de euros, incluindo uma verba particularmente polêmica de 45 milhões de indenização por danos morais para Tapie e sua esposa.
Ninguém a avisou, disse em sua alegação final, da possibilidade de que nessa arbitragem houvesse desvios e reconheceu que não levou em conta “o risco de fraude”.
Foi o único erro que admitiu. Nas demais declarações ela se dedicou a insistir em que tinha atuado “em consciência” e confiando em seus assessores, com “o único objetivo de defender o interesse geral”.
Mantendo a mesma linha de defesa, garantiu que as negociações com Tapie levaram seus subordinados, em particular seu chefe de gabinete, o atual presidente da France Télécom, Stéphane Richard, a serem processados pelo caso, que será julgado como os demais acusados por um tribunal comum.
A então ministra afirmou na audiência desconhecer os meandros dessa arbitragem, cancelada agora pela justiça depois de ser descoberto que um dos árbitros privados escolhidos tinha relações contratuais com o advogado de Tapie.
Os advogados da diretora do FMI, da mesma forma que a Promotoria, sustentaram que a negociação foi feita no Eliseu, ou seja, pelos colaboradores do então presidente, Nicolas Sarkozy, e que a decisão de recorrer a uma arbitragem privada não pode ter consequências penais.
Fonte:Reuters
Reditado para:Noticias Stop 2016
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