O único sobrevivente entre os responsáveis pelos ataques em Paris, que deixaram 130 mortos e centenas de feridos garantiu aos investigadores que "queria se explodir no Stade de France" na noite dos atentados, mas que "voltou atrás", declarou em coletiva de imprensa o procurador de Paris, François Molins.
"Estas primeiras declarações, que devem ser tomadas com cautela, deixam pendentes toda uma série de perguntas", completou François Mollins.
Salah Abdeslam, suspeito-chave nos atentados que deixaram 130 mortos na capital francesa, "terá que dar explicações" a respeito, declarou o procurador.
Na noite de 13 de novembro, Salah Abdeslam conduziu os radicais suicidas ao Stade de France, em Saint-Denis. Mais tarde, abandonou um cinto de explosivos no sul de Paris e telefonou para dois amigos de Bruxelas, pedindo ajuda. Ele escapou de três controles policiais no caminho para a capital belga, e seu rastro se perdeu no dia seguinte dos atentados.
Após sua prisão na sexta-feira em Bruxelas, Abdeslam está preso preventivamente e é acusado de "assassinatos terroristas e participação nas atividades de um grupo terrorista", segundo a promotoria federal belga.
Um cúmplice, "conhecido como Monir Ahmed Alaaj, pseudônimo Amine Choukri", detido na mesma operação policial de sexta-feira em Bruxelas, foi acusado pelos mesmos crimes.
Salah Abdeslam "colabora com a justiça belga", declarou seu advogado Sven Mary a jornalistas. "Rejeitamos sua extradição para a França", disse. Segundo o advogado, Abdeslam unicamente teria "descrito seu próprio papel" nos ataques.
Erro fatal
Durante quatro meses, o suspeito conseguiu permanecer escondido até que, na última terça-feira, um registro de rotina em um apartamento do bairro de Forest, em Bruxelas, permitiu localizá-lo.
Na operação, os policiais abateram Mohamed Belkaid, um argelino de 35 anos, que seria o homem que transferiu dinheiro à prima Abdelhamid Abaaoud, considerado o cérebro dos atentados.
Outros dois homens conseguiram escapar durante a operação, um deles possivelmente foi Salah Abdeslam, que cometeu o erro fatal de telefonar para um amigo en Molenbeek em busca de um novo esconderijo, segundo o canal de televisão RTBF.
Capturado, com seu cúmplice e outras três pessoas, o suspeito gritou, segundo a imprensa local, aos policiais "Sou Salah Abdeslam!".
O jovem de 26 anos foi levado, após prestar declaração e ser atendido em um hospital por um ferimento leve na perna, a uma prisão em Bruges.
Amid Aberkan, que recebeu os dois fugitivos em sua casa em Molenbeek foi acusado de "participação nas atividades de um grupo terrorista e acobertamento de criminosos".
Um alívio para as vítimas
Na próxima quarta-feira, Abdeslam deverá apresentar-se a um juiz de instrução belga, onde sua ordem de prisão "será prolongada" um mês, segundo seu advogado. Ao se negar a ser extraditado, deverá comparecer novamente em 15 dias na mesma sala, segundo Mary.
Sua recusa em ser extraditado não impedirá sua transferência, já que a decisão de autorizar a entrega do francês "acontecerá em um prazo de 60 dias, do momento de sua detenção, ou de 90 (dias), em caso de apelação", afirmou no sábado o ministério francês de Justiça.
A prisão de Salah Abdeslam é apenas uma etapa. O presidente francês revelou que os envolvidos nos atentados são "muito mais numerosos do que se acreditava".
A captura com vida do principal suspeito dos atentados de Paris é um alívio para as famílias das vítimas, que terão direito a um julgamento. As associações que as representam serão recebidas na tarde de segunda-feira por François Hollande.
Esta prisão também é uma vitória para os serviços belgas, elogiada em Washington por Barack Obama.
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