Oriente Médio.
"A Rússia pode dar muito" para a paz, declarou Francisco ao diretor do veículo, Massimo Franco, ao explicar as razões que o levaram a concretizar a histórica reunião em Havana na próxima sexta-feira com o patriarca ortodoxo russo Kirill, figura próxima ao governo de Vladimir Putin.
O papa deu ênfase na importância de falar com os russos para alcançar a paz mundial, e ilustrou o princípio básico de sua diplomacia: "devemos construir pontes. Passo a passo, até chegar a apertar a mão da pessoa que está do outro lado", declarou.
Assim como a China, a Rússia pode fazer muito para frear o que habitualmente chama de "guerra mundial aos pedaços", que em alguns lugares assola como "uma guerra de verdade", esclarece o chefe da Igreja católica.
Na entrevista, escrita em forma de artigo sem perguntas e respostas, o papa argentino revela como conseguiu concretizar a reunião com Kirill.
"Houve dois anos de negociações secretas, realizados por bispos muito competentes. Eu só disse que gostaria de abraçar meus irmãos ortodoxos", contou.
Francisco reiterou também seu desejo de construir pontes e derrubar muros.
As pontes duram e contribuem para uma paz duradoura. Os muros não, devem ser destruídos. (...) Estão destinados de todo modo a cair um após o outro. Pense no de Berlim. Parecia eterno e caiu em um dia", observou.
O pontífice considera também que o "Ocidente tem que fazer uma autocrítica" sobre sua atuação no Oriente Médio, e sobre a maneira que tem encarado a crise na Líbia "antes e depois da intervenção militar", declarou.
"Sobre o Iraque e a Primavera Árabe, já se poderia imaginar o que ia acontecer", declarou.
"Em parte houve uma convergência entre as análises da Santa Sé e da Rússia. Em parte", afirmou.
"Não devemos tampouco exagerar. A Rússia também tem seus próprios interesses", declarou.
Se "pensamos na Líbia antes e depois da intervenção militar contra o regime do coronel Muamar Kadhafi" recorda o pontífice. "Antes havia uma só Líbia, agora há cinquenta", lamenta o papa argentino.
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