ensinou os negociadores da guerrilha em Havana a meditar.
Em 2015, Ravi Shankar se reuniu com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e posteriormente viajou para Cuba para um encontro de três dias com comandantes da guerrilha das Farc, a quem pediu na época que seguissem “o princípio gandhiano da ‘não violência'”.
“Inicialmente os líderes guerrilheiros estavam um pouco reticentes a se reunirem comigo, mas após meditarem a meu lado por vários dias, eles entenderam meu ponto de vista”, afirmou o guru indiano em entrevista coletiva organizada na cidade de Cali pela Macrorrueda para la Reconciliación, uma plataforma da sociedade civil colombiana que trabalha para a reconciliação do país.
Shankar também relatou que ao menos 15 pessoas, todas integrantes da delegação das Farc em Cuba, participaram das jornadas de meditação e citou o chefe negociador, conhecido como “Ivan Márquez” como o guerrilheiro que mais se envolveu nas sessões de relaxamento espiritual.
Além disso, Ravi Shankar sugeriu que, pouco depois de iniciar este “tratamento” com os líderes guerrilheiros, as Farc declararam o cessar-fogo.
Assim, o hindu – que lidera um movimento global em favor do amor, da compaixão e do entusiasmo – esteve presente no dia 24 de novembro à cerimônia de assinatura do novo acordo de paz entre o governo colombiano e a guerrilha no Teatro Colón, em Bogotá.
O diretor da fundação de Ravi Shankar na Colômbia, Francisco Moreno, que também participou das sessões de meditação com os líderes guerrilheiros em Cuba, afirmou que esses encontros foram experiências “muito positivas” nas quais foram praticadas técnicas de respiração de grande profundidade.
Moreno afirmou que, durante os tratamentos, também foram realizados exercícios de visualização para “liberar traumas”.
“Agora, os líderes das Farc têm uma percepção nova e distinta de temas que eles desconheciam, de fato ‘Joaquín Gómez’ (codinome de Milton de Jesús Toncel Redondo) disse que eles necessitavam deste conhecimento espiritual”, disse Moreno em declarações à Agência Efe.
O representante da organização “Arte de Viver” detalhou que as sessões de meditação tinham uma duração de duas a três horas e que foram realizadas durante vários meses.
“Agora os guerrilheiros estão lendo sobre o princípio da ‘não violência’ e os vínculos entre comunismo e espiritualidade”, afirmou Moreno, que acrescentou que “Ivan Márquez” reconheceu a influência de Shankar em sua forma de encarar o processo de negociação com o governo colombiano.
O especialista em meditação observou que “não importa o quão grave tenha sido um conflito”, já que “todos temos a possibilidade de reconciliação”.
Shankar, por sua vez, comentou que agora começa o verdadeiro trabalho para “curar as feridas” das vítimas das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN), a outra guerrilha do país, que não iniciou os diálogos de paz com o governo.
Além disso, o líder espiritual, que participou de processos de reconciliação em países como Iraque, Sri Lanka e Costa do Marfim, ressaltou que “agora é o momento de deixar de lado as diferenças, para criar uma sociedade feliz e harmoniosa”.
“Devemos secar as lágrimas e remover o medo do coração de milhões de colombianos”, concluiu o líder espiritual indiano, que foi indicado diversas vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
Shankar faz atualmente um giro pela América Latina, que, além da Colômbia, inclui visitas a Brasil, México, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Venezuela.
Fonte:EFE
Reditado para:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images / Reuters /EFE