Apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane para a criação de uma frente única da oposição para expulsar a FRELIMO do poder em Moçambique é "extemporâneo" legalmente, dizem entendidos em legislação eleitoral.
Depois de a Coligação Aliança Democrática (CAD) ser retirada da corrida eleitoral, Venâncio Mondlane defende agora uma frente única composta por todos os partidos da oposição para "derrubar o regime" e "salvar Moçambique".
Entre os analistas há o entendimento de que o convite revela que se trata de desespero ou estratégia de sobrevivência política numa altura em que a estrela da política local está sozinha e mais fragilizada, com o afastamento da coligação que o apoia.
Uma configuração que talvez possa ser viabilizada com os olhos postos nas eleições de 2029, porque para as de 9 de outubro de 2024 já não é possível, pelo menos em termos formais, diz o especialista em legislação eleitoral Guilherme Mbilana.
"Na verdade, já não vai a tempo, uma vez que, para esse apoio gozar de oficialidade, é necessário que tenha sido na fase de inscrição de partidos políticos e na fase de apresentação das listas de candidatura", explica.
A Venâncio Mondlane resta apenas lutar pela Presidência do país, já que as possibilidades de assentos no Parlamento e nas assembleias provinciais e para o cargo de governador provincial foram cortadas pelo Conselho Constitucional ao chumbar a CAD.
"Venâncio Mondlane perdeu tudo"
Sozinho, estará agora o "galático" fragilizado? O analista Hilário Chacate entende que sim: "Venâncio Mondlane perdeu tudo. E está claro que, em termos de eleições presidenciais, em que ele vai participar, ele não tem chances de ganhar, por diversas razões. Venâncio Mondlane ainda é um fenómeno urbano."
Mbilana, que considera que a Mondlane foi renegada a participação política de forma injusta, com a exclusão da CAD da corrida pelo Conselho Constitucional, também acha que, politicamente, o candidato, a esta altura do campeonato, está sem pernas para andar.
"O que pode fazer é durante a campanha, enquanto candidato, poder sim, puxar pelas demarches, mas não em termos de organização como ele pretendia", afirma o especialista.
Luta pela sobrevivência política
Surpreendente foi o convite de Mondlane à oposição, considerando que parte dela mostra-se empenhada em afundá-lo, mesmo que isso signifique minar a democracia moçambicana. Falamos da RENAMO e do MDM, que na CNE têm votado contra tudo o que beneficiaria o candidato.
O apelo de Venâncio aos seus inimigos é uma ação desesperada? Segundo Chacate, "isto é um ato de sobrevivência política de curto prazo, porque a longo prazo Venâncio Mondlane poderá continuar a ser um ator relevante na política moçambicana. Já provou que tem muito apoio e que é um animal político, com muitos erros e muitas falhas."
Mondlane, em nome das suas apirações políticas, abandonou o Parlamento, onde representava a RENAMO, e todas as benesses de que gozam os representantes do povo. Além da projeção político-partidária, agora comprometida, o analista político Hilário Chacate levanta questões financeiras que estariam a deixar o ex-deputado aflito.
"Venâncio Mondlane precisa de se manter como pessoa, como político, e manter o seu sustento. E ele consegue esse sustento nos últimos anos pela via política. E neste momento, em que todas as possibilidades lhe foram tiradas, está numa situação extremamente complicada", conclui.
Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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