Em entrevista exclusiva à repórter Maiara Bastianello, da BandNews FM, Alshami relatou o que viu: pessoas lutando para respirar, sendo lavadas com mangueiras de água no meio da rua e gente que estava dormindo em casa no momento em que os aviões despejaram bombas com gás sarin, uma substância altamente mortal usada pelos alemães na Segunda Guerra.
“Quando fiz os vídeos, pensei em espalhar pelas redes sociais e funcionou. Muitos jornais árabes estão destacando [os vídeos], mostrando que armas proibidas internacionalmente estão sendo usadas contra os sírios, contra crianças inocentes”, relata. “Em seguida, a imprensa do mundo todo começou a dar cobertura sobre esse assunto.”
Moaz nasceu em Damasco, tem 25 anos e se diz apartidário. Ele e um colega trabalham na cobertura da destruição causada pela guerra entre o regime do ditador Bashar al-Assad e rebeldes, assim como os resgates do grupo conhecido como Capacetes Brancos, que ajudam no resgate de vitimas de desabamento causado por ataques a bomba.
Na entrevista, ele conta que essa não é a primeira vez que isso acontece. “Em 2013, uma outra bomba de gás caiu em uma região de Damasco e 1500 pessoas morreram. Mais de 5 mil tiveram sequelas”, lembra. “As forças de Bashar al-Assad não se importam se a bomba vai cair em uma escola, ou em um hospital, e se vai matar pessoas inocentes.”
“Agora o mundo todo está de luto pelos sírios desarmados que vivem sob a espreita da morte. [Na Síria] é só morte, morte, morte, que cai sob a cabeça dos sírios diariamente”, completa.
Moaz tem feito coberturas de tragédias como a de um pai que aparece chorando a morte dos dois filhos pequenos e da esposa com a contaminação por gás sarin. Esse foi um dos casos que mais emocionaram o jovem jornalista. "Meu trabalho é estar ao lado das pessoas para mostrar a situação dos sírios que vivem à sombra da morte e dos aviões de bombas de Assad".
Ele e o colega publicam vídeos com as reportagens pelo Youtube, Facebook e Twitter e esperam que as milhões de visualizações chamem a atenção do mundo: "Todos os dias morrem 100, 150 pessoas na Síria e ninguém faz nada para acabar com isso".
Moaz ainda conta que trabalha de maneira independente. “Quem quiser ser jornalista vinculado ao governo Bashar al-Assad precisa contar as histórias que o regime quer", explica o jornalista, que diz não ter medo de trabalhar nas localidades tomadas pela força rebelde: "Morro quantas vezes for preciso para mostrar ao mundo o que está acontecendo".
Fonte:Do Estado Conteúdo
Reditado para:Noticias do Stop 2017
Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP