Segundo ministério da Defesa da Coreia do Sul, um barco norte-coreano cruzou o Mar Amarelo na fronteira disputada entre os dois países. A embarcação bateu em retirada depois dos disparos de advertência, segundo a fonte.
Incidentes como este são bastante frequentes entre as duas Coreais, que não têm um acordo sobre a localização de sua fronteira marítima no Mar Amarelo.
Mas Seul se encontra em alerta reforçado depois do quarto teste nuclear da Coreia do Norte em 6 de janeiro e o lançamento de um míssil no domingo.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas ONU condenou energicamente no domingo, após uma reunião de urgência, o lançamento do foguete e anunciou que aprovará sanções "em resposta a estas perigosas e graves violações" da Coreia do Norte.
Pyongyang anunciou no domingo ter colocado um satélite em órbita, cujo lançamento foi condenado pela comunidade internacional.
Acredita-se que possa ter sido um teste de um míssil balístico intercontinental.
Poucas horas depois do anúncio, a Coreia do Sul e os Estados Unidos anunciaram o início de negociações para mobilizar em território sul-coreano o sistema anti-mísseis americano THAAD, um dos mais modernos do mundo.
Em Nova York, a declaração do Conselho de Segurança foi aprovada em uma sessão de emergência por seus 15 membros, incluindo a China, o principal aliado de Pyongyang.
"Os membros do Conselho de Segurança adotarão rapidamente uma nova resolução do Conselho, impondo medidas significativas em resposta a estas perigosas e graves violações" de resoluções da ONU, informa a declaração
Ignorando as resoluções das Nações Unidas e as advertências prévias das grandes potências, o lançamento ocorreu um mês depois de a Coreia do Norte realizar seu quarto teste nuclear.
O foguete foi lançado da base de Dongchang-ri, no nordeste do país, às 9h locais (22h30 em Brasília, do dia anterior).
O lançamento foi ordenado pessoalmente pelo líder Kim Jong-un e "colocou em órbita com sucesso nosso satélite de observação terrestre Kwangmyong 4", informou a televisão governamental.
A colocação em órbita do satélite não pôde ser confirmada, mas uma fonte americana de defesa disse que, ao que parece, "houve algo que chegou ao espaço".
A Coreia do Norte insiste em que o lançamento é parte de um programa espacial exclusivamente científico, mas muitos países consideram-no um teste camuflado para melhorar o regime de mísseis intercontinentais capazes de transportar bombas atômicas para qualquer lugar do planeta.
"Os programas de mísseis e armas nucleares da Coreia do Norte representam sérias ameaças para nossos interesses (...) e para a segurança de alguns de nossos aliados mais próximos", disse em Washington a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice.
Em Seul, o comandante do Oitavo Exército dos Estados Unidos com sede na Coreia do Sul, tenente-general Thomas Vandal, disse em companhia de um funcionário sul-coreano que é "hora de avançar" no tema da utilização do sistema antimísseis THAAD.
"Decidiu-se abrir oficialmente negociações sobre a possibilidade de utilizar o sistema THAAD [Terminal High Altitude Area Defense] no marco dos esforços para reforçar a defesa antimísseis da aliança Coreia do Sul-EUA", anunciou Ryu Je-Seung, funcionário do Ministério sul-coreano da Defesa.
Em Pequim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, manifestou seu "pesar pela insistência da República Democrática Popular da Coreia de realizar um lançamento de mísseis, apesar da oposição internacional".
A Coreia do Norte "tem o direito ao uso pacífico do espaço, mas este direito está limitado pelas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", recordou a porta-voz chinesa.
Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, "condenou com firmeza" o lançamento e pediu à Coreia do Norte que ponha fim em suas ações "provocadoras".
A União Europeia acusou Pyongyang de cometer uma "nova grave violação (...) de suas obrigações internacionais".
Rússia, Grã-Bretanha e Japão também condenaram o lançamento norte-coreano, enquanto que, em uma mensagem transmitida pela televisão, a presidente sul-coreana, Park Geun-Hey, afirmou que "o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve adotar rapidamente medidas punitivas severas".
Em 6 de janeiro, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear, também violando as resoluções da ONU.
Alguns especialistas duvidam, porém, da capacidade da Coreia do Norte para ameaçar o território de países como Estados Unidos, já que lançar um míssil intercontinental é relativamente fácil em comparação com a tecnologia para o reingresso controlado na atmosfera.
Fornecido por: Da AFP 2016 ( STOP )