O estudo, publicado hoje na “PLOS Computational Biology”, foi realizado por pesquisadores do Centro de Regulação Genômica da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona e do Instituto Hospital do Mar de Pesquisas Médicas, em parceria com cientistas de várias instituições de ensino da Suíça.
A parte codificante do genoma humano (exoma) contém informações para a formação de proteínas, células, órgãos, etc, mas é também onde ocorre a maior parte das mutações que causam doenças. Por isso, até agora, ela foi a mais estudada pelos pesquisadores.
O restante do genoma, quase 98%, é formado por DNA não codificante, um material genético que, até pouco tempo, os cientistas acreditavam que não tinha nenhuma função.
No entanto, graças às novas técnicas de sequenciamento em massa e de “edição” genética, os cientistas comprovaram que esses genes regulam importantes processos celulares e são alterados por muitas doenças, entre elas o câncer.
A técnica de edição genética utilizada no mundo todo, a CRISPR-Cas 9, é inspirada no mecanismo de defesa das bactérias e é utilizada para selecionar e “pegar” partes do genoma que codifica proteínas, o que limita muito as pesquisas.
Em 2015, o mesmo grupo que assina o estudo publicado hoje, a equipe liderada por Rory Johnson, desenhou uma ferramenta baseada no CRISPR-Cas 9, batizada de “Decko”, que permitia estender a técnica de edição genômica para o DNA não codificado.
Agora, a nova ferramenta, chamada CRISPETa, é um software que permite desenhar duplas de sgRNA guias, o que permitirá fazer um “duplo corte” no genoma e eliminar uma parte do gene, explicou à Agência Efe a coautora do estudo, Carme Arnan.
A grande vantagem da nova ferramenta é que ela permite trabalhar com vários genes em paralelo, algo essencial na pesquisa de processos porque “permite estudar que genes são importantes e quais não são”, disse a pesquisadora.
“Esperamos que as ferramentas de engenharia do genoma conduzam a uma revolução em nossa capacidade para compreender a base genômica da doença, em particular nos 99% do DNA que não codifica as proteínas”, completou Johnson.
Além disso, o CRISPETa foi projetado para ser utilizado por qualquer pesquisador, sem a necessidade de ser um especialista neste tipo de ferramenta ou possuir um grande laboratório.
Fonte:EFE
Reditado para:Noticias do Stop 2017
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