Esta ajuda financeira chamada "Bolsa das virgens" foi criada na semana passada pelo município de Uthukela, na província de KwaZulu-Natal (nordeste).
Para conseguir ter acesso à bolsa, as jovens devem preencher dois requisitos: ter obtido excelentes resultados no ensino médio e serem virgens.
"Trata-se de uma nova categoria que colocamos em prática este ano. A bolsa é destinada às jovens que ainda são virgens. É uma categoria que foi criada este ano pela prefeita", declarou à AFP o porta-voz da prefeitura de Uthukela, Jabulani Mkhonza.
"A prefeita encoraja as jovens a continuarem puras e a não terem relações sexuais a fim de se concentrarem nos estudos", explicou Mkhonza.
A cada volta de férias, as jovens serão submetidas a um exame médico, e a "bolsa será retirada caso elas tenham perdido a virgindade", explicou.
Organizações de defesa dos direitos das mulheres manifestaram sua indignação e estimaram que a iniciativa era inconstitucional.
Nonhlanhla Mokwena, diretora da organização Powa (People Opposing Women Abuse), se disse "chocada".
Condicionar a atribuição de uma ajuda aos estudos à virgindade constitui "uma violação" dos direitos, declarou à AFP.
Nonhlanhla Mokwena também denunciou a discriminação sofrida pelas jovens, já que os homens não passam pela mesma situação.
"As meninas são privadas de sua dignidade e sua integridade. Tiramos delas o direito à educação", estimou, afirmando que "o dinheiro dos contribuintes estava sendo utilizado para ferir a Constituição" da África do Sul.
Inúmeros jovens sul-africanos dependem de auxílios financeiros públicos para estudar na universidade. No ano passado, os estudantes fizeram manifestações por todo o país para pedir o congelamento dos custos de universidade.
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