Jornal Online foi ouvir economistas e partidos e tentar perceber como as pessoas na rua estão a olhar para esse cenário.
Os economistas Precioso Domingos e José Ribeiro não têm dúvidas sobre a alteração que a desvalorização do Kwanza vai ter na vida das famílias e das empresas e uma das recomendações cimeiras é que, para evitar maiores danos, o Banco Nacional de Angola (BNA) opte por uma política mais versátil na disponibilização de divisas no mercado formal.
Uma das chamadas de atenção feita por Precioso Domingos diz respeito às empresas cuja actividade depende de importações e que, com o Kwanza desvalorizado face ao dólar norte-americano e ao euro, vão trabalhar com preços que não têm uma ligação directa com o custo de produção porque a matéria-prima com que trabalham é paga em divisas bem como os eventuais salários de trabalhadores expatriados que tenham nos seus quadros.
O economista fala ainda na diminuição eventual do valor oficial das moedas estrangeiras e o valor praticado no mercado cambial informal, nas kinguilas, que pode ser um dos impactos positivos da medida, mas sublinha que só assim será se o BNA agir em conformidade e disponibilizar mais divisas e moeda estrangeira no formal.
"O BNA agora terá que adoptar uma política de venda de divisas no mercado formal para as famílias e para as empresas para que a situação seja consistente", observou, acrescentando ainda a importância da medida para a preservação das reservas nacionais líquidas e para a estabilidade macroeconómica.
Por exemplo, como refere a última edição do Expansão, o Estado vai pagar 968,4 mil milhões Kz em juros em 2018, mais 877,2% do que os 99,1 mil milhões Kz que gastou em 2013, de acordo com cálculos feitos a partir da proposta de Orçamento Geral de Estado (OGE) para o próximo ano.
O mesmo semanário económico nota ainda que os valores a desembolsar com encargos da dívida pública excedem, pela primeira vez desde que há registos, as despesas com a educação e saúde juntas e ainda que há cinco anos os juros consumiam o equivalente a apenas 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) mas que no próximo ano deverão consumir 4,1%.
Ainda sobre o impacto nas empresas, Precioso Domingos lembra que algumas têm dívidas a receber do Estado que não estão associadas ao dólar ou ao euro e que vão ter "grandes perdas" porque "vão receber valores fora daquilo que são os valores reais", o que se traduzirá também num impacto negativo junto das famílias porque os salários não deverão acompanhar a inflacção.
Já o economista José Ribeiro diz que a desvalorização do Kwanza "vai criar mais pobres em Angola" devido à acentuada diminuição do poder de compra como reflexo da esperada galopante inflacção.
"Os salários vão perder o poder de compra na percentagem de desvalorização que for determinada. Se hoje, com 1000 kwanzas, podemos comprar 20 pães, com a desvalorização poderemos comprar menos", exemplificou.
O economista alerta para para um cenário em que se o Estado quiser que as pessoas não empobreçam deve reajustar os salários na mesma percentagem em que vai ser a desvalorizada a moeda".
"Nos países onde ocorrem os mesmos problemas de desvalorização da moeda, também se rectificaram os salários na mesma posição, para que as pessoas não perdessem o poder de compra, se assim não for, como está previsto, duma forma geral as pessoas vão ficar mais pobres", disse, sugerindo que será inevitável um crescimento da insatisfação social.
Na opinião de José Ribeiro, as empresas vão sentir menos a desvalorização porque irão "repassar os custos da desvalorização e quem pagará por isso é a população que consome os produtos".
De recordar que na última reunião do Conselho de Ministros, a 27 de Dezembro de 2017, foi aprovado um Programa de Estabilização Macroeconómica para o ano de 2018.
Fonte:da Redação e Por Angonoticias
Reditado para:Noticias do Stop 2018