A Guiné-Bissau, cujas crises políticas se somam desde que o Presidente "Nino" Vieira foi deposto ao fim de um ano de guerra civil, em 1999, vive actualmente mais um período complicado, depois do Presidente da República, José Mário Vaz, ter demitido, em 2015, o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, eleito com maioria absoluta pelo histórico PAIGC.
Desde então, este pequeno país lusófono da África Ocidental, com pouco mais de 1,5 milhões de habitantes, e quase totalmente dependente das exportações do caju e da ajuda externa para alimentar a sua economia, vive em permanente crise, estando as pontas actualmente a ser mantidas pela intervenção da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que procura pressionar o intempestivo Chefe de Estado para fazer cumprir as normas constitucionais, o que não tem acontecido desde que tomou posse a 23 de Junho de 2014.
Face ao agravar da crise política, nomeadamente pela recusa de José Mário Vaz em cumprir os acordos assinados entre as diversas forças guineenses e os emissários da CEDEAO, que visavam normalizar a situação político constitucional no país, a Guiné-Bissau tem visto afundar-se a sua capacidade económica para responder às necessidades básicas, como seja pagar os salários aos funcionários públicos, incluindo às Forças Armadas, razão subjacente a alguns dos vários golpes de estado a que o país assistiu desde a sua independência.
Face a este beco sem saída económico, o Governo de Bissau virou-se para o FMI, com quem contratou um empréstimo de emergência, tendo aprovado em Maio último mais uma tranche no valor de 4 milhões de dólares, de um empréstimo global de mais de 20 milhões.
No entanto, o destravar do processo da transferência deste dinheiro estava dependente de eventuais objecções dos credores, como é o caso de Angola, que acumulou um crédito ao país superior a 50 milhões de dólares ao longo dos anos, por causa das imposições do FMI para que Bissau renegoceie essas mesmas dívidas.
Face a esta possibilidade de retenção da tranche, Angola, através de um despacho Presidencial, decidiu não apresentar quaisquer objecções, o que permite a Bissau receber este dinheiro, que vai servir, nomeadamente para que o Estado possa assumir os seus compromissos internos, como é o caso dos salários dos funcionários públicos, que custam cerca de 7 milhões de USD mensalmente.
Este gesto de Angola, cuja ligação à Guiné-Bissau esteve claramente em risco quando, entre 2001 e 2012, depois de mais um golpe de estado, o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que tinha ligações de proximidade com o Governo angolano, foi deposto e, já com Serifo Nhamadjo como Presidente, os militares angolanos no país, incluídos na Missão Militar de Angola em Bissau (MISSANG), foram expulsos, o que levou mesmo Luanda a fechar a porta à visita de alguns ministros ao país.
Com esta decisão, Angola volta a estar na linha da frente ao apoio a Bissau, dando a mão ao pequeno país lusófono, com claras dificuldades em sair da crise económica e política em que se encontra.
Justificando, todavia, a decisão com o facto de a Guiné-Bissau merecer, na perspectiva de Luanda, "um tratamento diferenciado" devido à sua condição de "um dos países mais pobres e endividados", que já tinha sido uma das razões para que o país fosse abrangido pelos mecanismos internos do FMI para a atribuição de crédito em circunstâncias especiais, como forma de permitir a normalidade económica e o crescimento, enquanto assegura os mínimos na área social.
Fonte:da Redação e Por Angonoticias.com
Reditado para:Noticias do Stop 2017