Mobiliários (CMVM) admite, numa resposta a uma pergunta feita por um deputado, que está a investigar estas operações financeiras em conjunto com o Banco de Portugal.
“No âmbito das atribuições da CMVM e em articulação, designadamente, com o Banco de Portugal, estão em curso e serão realizadas diligências reputadas necessárias e adequadas ao apuramento da origem e ao acompanhamento das operações financeiras”, lê-se numa resposta da CMVM ao Parlamento.
O deputado do PSD, Duarte Marques, tinha questionado no passado mês de junho se a entidade presidida por Carlos Tavares estava a fazer “algum rastreio” aos movimentos financeiros e investimentos feitos por Álvaro Sobrinho, face ao conhecimento de que existe um “volumoso montante de capitais” que foram “desviados do Banco Espírito Santo de Angola durante a presidência do Dr. Álvaro Sobrinho”. O social-democrata lembrava a Carlos Tavares as notícias que davam conta de que houve “reforço de posição do Dr. Álvaro Sobrinho na SAD do SCP” e deixava a suspeita de que esse reforço poderia estar a ser financiado com dinheiro do BESA.
Álvaro Sobrinho é o principal acionista individual do Sporting e o rosto associado à reestruturação financeira do clube de Alvalade que começou no ano passado. O empresário angolano tem 29,8% do capital da SAD do Sporting, que é controlada por entidades do Sporting com 63,9%. Os outros acionistas individuais identificados são Joaquim Oliveira com 3,2% – o empresário que lançou a Sport TV é acionista de referência de vários clubes de futebol – e os gestores do próprio clube com participações residuais.
Sobrinho chegou a esta participação depois de no ano passado ter convertido em capital um empréstimo de 20 milhões de euros ao clube. Esta operação foi anunciada em 2013, pouco depois de Bruno Carvalho ter chegado à presidência do clube. Mas a ligação de Sobrinho ao Sporting é anterior e remonta, pelo menos, a 2011 quando o clube fechou um contrato de parceria financeira e desportiva com a Holdimo.
A resposta da CMVM chegou ao Parlamento esta quarta-feira e diz que os reguladores, não só a CMVM como o Banco de Portugal, estão atentos e a fazer diligências.
No estrito cumprimento da lei, a CMVM diz primeiro que os investimentos de Álvaro Sobrinho, “e de empresas detidas ou geridas pelo referido ex-Presidente do BESA”, “não se excluem” da órbita da regulação “sempre que se venha a revelar pertinente a aferição da origem, condições de obtenção e movimentos de capital, sobretudo quando tais tenham por fonte ou se destinem a financiar o recurso ou investimento em mercado de capitais”.
Na resposta, a CMVM diz estar atenta, por obrigação legal, às movimentações nas sociedades abertas, incluindo as sociedades anónimas desportivas e que, “tanto no plano nacional como internacional, coopera e solicita a colaboração de outras autoridades”, mas “muito em especial quando possam também estar em causa entidades com antecedentes relevantes em matéria de branqueamento de capitais ou de financiamento de terrorismo (BC/FT) ou jurisdições reconhecidas pela ausência de um sistema adequado de prevenção do BC/FT”.
Esta notícia aparece numa altura em que o próprio Álvaro Sobrinho está a ser investigado no âmbito do caso BES, por suspeitas de branqueamento de capitais, e viu sair este mês a decisão de arresto de bens de luxo: cinco apartamentos de luxo em Cascais.
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016