diplomática. Cerca de 60 funcionários são de “recrutamento local”, os outros 20 são funcionários diplomáticos deslocados de Angola para Lisboa.
A situação é muito preocupante para os funcionários e está, em simultâneo, a afetar os compromissos do Estado angolano com fornecedores e, nalguns casos, com instituições financeiras. Ao que o Expresso apurou, a situação afeta a generalidade das missões diplomáticas angolanas, especialmente na Europa.
Em Paris, por exemplo, os funcionários não recebem salários há cerca de três meses. Em Lisboa, é há cinco meses, e têm subsídios em atraso. “É incompreensível que um país como Angola consiga manter os seus funcionários sem salários durante muitos meses, sob pretexto da crise”, afirmou um funcionário da embaixada em Lisboa ao Expresso. “É humilhante e vergonhoso o que se está a passar. Não há ninguém em Angola capaz de pôr cobro a esta situação e avaliar as implicações e consequências que tudo isso pode acarretar, até para a própria segurança do país?”, alertou a mesma fonte, chamando a atenção para o facto de muitos trabalhadores se encontrarem numa situação de profunda vulnerabilidade.
Outra fonte explica que, como consequência da crise do preço do petróleo e da falta de divisas, a Embaixada viu o seu orçamento reduzido de forma drástica, o que tornou impossível honrar os seus compromissos com os trabalhadores. “Além dos salários e subsídios em atraso, a Embaixada também tem dificuldades em pagar aos prestadores de serviços e as dívidas vão-se acumulando todos os dias”, explica. “Com a atual situação, já há trabalhadores a trazer das suas casas papel higiénico, água e sabonete para lavar as mãos, devido à incapacidade de a Embaixada adquirir estes produtos porque as empresas se recusam a prestar mais serviços enquanto não virem pagas as faturas em dívida”, conclui a mesma fonte ao Expresso.
Contactado pelo Expresso, o adido de imprensa da Embaixada de Angola em Lisboa, Estêvão Alberto, recusou-se a prestar quaisquer declarações. A situação está a provocar enorme desconforto e revolta nos funcionários da Embaixada, habituados a conviver com os grandes negócios levados a cabo em Portugal pelo Estado angolano ou por figuras da elite de Luanda.
“Alguns de nós estão na iminência de perder as suas casas e outros bens por falta de pagamento aos bancos”, explicou um dos funcionários. “Os bancos e outros fornecedores com os quais a Embaixada trabalha já sabem que não temos dinheiro. É uma situação triste para um país como Angola”, concluiu.
Fonte:Angonoticias
Reditado por:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images