Pele de porco congelada e até tecido humano vêm sendo usados há tempos em queimaduras para mantê-las úmidas e permitir a transferência de colágeno, uma proteína que ajuda a cura.
Os hospitais públicos, porém, carecem de suprimentos de pele suína e humana e das alternativas artificiais facilmente disponíveis em países ocidentais. Em vez disso, os curativos com gaze, que precisam ser trocados frequentemente -um processo muitas vezes doloroso- são a norma.
A tilápia é abundante nos rios e criadouros do país, que estão se expandindo rapidamente em resposta à demanda pelo peixe de água doce de sabor suave.
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriram que a pele de tilápia tem umidade, colágeno e resistência a doenças em níveis comparáveis aos da pele humana e que pode auxiliar na cura.
Na China, pesquisadores testaram a pele de tilápia em roedores para estudar suas propriedades curativas, mas os cientistas brasileiros afirmaram que seus testes são os primeiros em humanos.
“O uso da pele de tilápia em queimaduras é inédito”, disse Odorico de Morais, professor da UFC. “A pele de peixe normalmente é jogada fora, por isso estamos usando este produto para convertê-lo em algo que traz benefícios sociais.”
O tratamento com a tilápia pode acelerar a cura em vários dias e reduz a necessidade de analgésicos, disseram os pesquisadores brasileiros.
Técnicos de laboratórios da UFC trataram a pele de peixe com vários agentes esterilizantes e a enviaram a São Paulo para receber uma irradiação para matar vírus antes de embalá-la e refrigerá-la. Uma vez limpa e tratada, a pele pode durar até dois anos, segundo os pesquisadores. O tratamento retira todo o cheiro de peixe.
Nos testes médicos, a terapia alternativa foi usada em ao menos 56 pacientes para tratar de queimaduras de segundo e terceiro graus. Os pacientes lembram criaturas de filmes de ficção científica quando seus membros são cobertos com a pele de peixe.
A pele de tilápia é aplicada diretamente sobre a área queimada e coberta com bandagem, dispensando qualquer creme. Depois de cerca de 10 dias, os médicos retiram a bandagem e a pele de tilápia, que secou e se soltou da queimadura e pode ser removida.
Morais disse que esse tratamento custa 75 por cento menos que o creme de sulfadiazina, usado normalmente em pacientes de queimaduras no Brasil, já que utiliza um resíduo barato.
Fonte:Da Redação Por Reuters
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