Esboços da Bíblia - Livro de Eclesiastes

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7 anos 11 meses atrás #251 por Malaquias
Eclesiastes (Ec)


Escritor: Salomão.
Lugar da Escrita: Jerusalém.
Data: Cerca de 935 a.C.

O Livro de Eclesiastes foi escrito com um objetivo elevado. Na qualidade de líder de um povo dedicado a Deus, Salomão tinha a responsabilidade de manter este povo coeso em fidelidade à sua dedicação. Ele procurou cumprir essa responsabilidade por meio dos conselhos sábios contidos em Eclesiastes.
Em Eclesiastes 1:1, ele se refere a si mesmo como o “congregante”. No idioma hebraico, esta palavra é Qo·hé·leth, e na Bíblia hebraica o livro recebe esse nome. A Septuaginta grega dá o título de Ek·kle·si·a·stés, que significa “um membro de uma eclésia (congregação; assembléia)”, do qual deriva o nome português Eclesiastes. Entretanto, a tradução mais apropriada de Qo·hé·leth é “O Congregante”, e esta designação é também mais adequada para Salomão. Expressa o objetivo de Salomão ao escrever esse livro.
Em que sentido foi o Rei Salomão um congregante, e a que congregou pessoas? Ele foi o congregante de seu povo, os israelitas, e dos companheiros destes, os residentes temporários. Congregou todos estes para a adoração ao Senhor seu Deus. Antes, ele havia construído o templo de Deus, em Jerusalém, e, na ocasião da dedicação desse templo, ele havia convocado ou congregado todos eles para a adoração do Senhor Deus. (1 Reis 8:1) Agora, por meio de Eclesiastes, procurava congregar o seu povo para obras dignas, desviando-o das obras vãs e infrutíferas deste mundo. — Ecl. 12:8-10.

Embora não se diga especificamente que Salomão foi o escritor, diversas passagens são bem conclusivas neste sentido. O congregante se apresenta como “filho de Davi”, que ‘veio a ser rei sobre Israel, em Jerusalém’. Isto só se poderia aplicar ao Rei Salomão, pois os seus sucessores, em Jerusalém, reinaram apenas sobre Judá. Além disso, conforme o congregante escreve: “Eu mesmo aumentei grandemente em sabedoria, mais do que qualquer outro que veio a estar antes de mim em Jerusalém, e meu próprio coração tem visto muita sabedoria e conhecimento.” (1:1, 12, 16) Isto se ajusta a Salomão. Eclesiastes 12:9 diz-nos que ele “ponderou e fez uma investigação cabal, a fim de pôr em ordem muitos provérbios”. O Rei Salomão proferiu 3.000 provérbios. (1Reis4:32) Eclesiastes 2:4-9 fala do programa de construção do escritor; de seus vinhedos, dos jardins e parques; do sistema de irrigação; de ter adquirido servos e servas; de ter acumulado prata e ouro e de outras consecuções. Tudo isto Salomão fez. Quando a rainha de Sabá viu a sabedoria e a prosperidade de Salomão, ela disse: “Não se me contou nem a metade.” — 1 Reis 10:7.
O livro identifica Jerusalém com o lugar da escrita, ao dizer que o congregante era rei “em Jerusalém”. O tempo da escrita deve ter sido perto do fim do reinado de 40 anos de Salomão, depois de se ter empenhado nos numerosos empreendimentos referidos no livro, mas antes de sua queda na idolatria. Por volta desse tempo, ele já havia adquirido conhecimento extensivo das atividades deste mundo e do empenho deste por vantagens materiais. Nessa época, ele ainda estava no favor de Deus e sob Sua inspiração.

Como podemos ter certeza de que Eclesiastes é ‘inspirado por Deus’?. Sem a mínima dúvida, defende a verdadeira adoração de Deus, encontramos ali repetidas vezes a expressão ha·´Elo·hím, “o verdadeiro Deus”. Objeção talvez seja levantada, dizendo-se que não há citações diretas de Eclesiastes nos outros livros da Bíblia. Contudo, os ensinamentos apresentados e os princípios expressos no livro estão em perfeita harmonia com o resto das Escrituras. Eis o que declara o Commentary de Clarke, Volume III, página 799: “O livro, intitulado Koheleth, ou Eclesiastes, foi sempre aceito, tanto pela igreja judaica como pela cristã, como tendo sido escrito sob inspiração do Todo-poderoso; e foi considerado devidamente parte do cânon sagrado.”

Os “altos críticos”, sábios segundo este mundo, afirmam que Eclesiastes não foi escrito por Salomão, e que não faz parte genuína de “toda a Escritura”, dizendo que sua linguagem e filosofia pertencem a uma época posterior. Eles ignoram o fundo de informações que Salomão pôde acumular graças ao desenvolvimento progressivo de seu comércio internacional e de sua indústria, bem como por meio de dignitários viajantes e outros contatos com o mundo exterior. (1 Reis 4:30, 34; 9:26-28; 10:1, 23, 24) Conforme escreve F. C. Cook no seu Bible Commentary (Comentário da Bíblia), Volume IV, página 622: “As ocupações diárias e os empreendimentos preferidos do grande rei hebreu certamente o levaram muito além da esfera da vida, do pensamento e da linguagem comuns dos hebreus.”
Mas, são realmente necessárias fontes externas para provar a canonicidade de Eclesiastes? Um exame do próprio livro revelará não só sua harmonia intrínseca, mas também sua harmonia com o resto das Escrituras, das quais faz realmente parte.

CONTEÚDO DE ECLESIASTES

A futilidade do modo de vida do homem (1:1–3:22). As primeiras palavras ressoam o tema do livro: “‘A maior das vaidades’, disse o congregante, ‘a maior das vaidades! Tudo é vaidade!’” Que proveito tira o homem de toda a luta e labuta em que se empenha? Gerações vêm e vão, os ciclos naturais seguem seu curso na terra, e “não há nada de novo debaixo do sol”. (1:2, 3, 9) O congregante pôs o coração a buscar e perscrutar a sabedoria, no tocante às calamitosas atividades dos filhos dos homens, mas constata que, na sabedoria e na estultícia, nos empreendimentos e no trabalho árduo, no comer e no beber, tudo é “vaidade e um esforço para alcançar o vento”. Ele chega a ‘odiar a vida’, a vida cheia de calamidades e de empreendimentos materialistas. — 1:14; 2:11, 17.

Para tudo há um tempo designado — sim, Deus fez tudo “bonito no seu tempo”. Ele deseja que suas criaturas desfrutem a vida sobre a terra. “Vim saber que não há nada melhor para eles do que alegrar-se e fazer o bem durante a sua vida; e também que todo homem coma e deveras beba, e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo. É a dádiva de Deus.” Mas, infelizmente, para o homem pecador e para o animal há o mesmo evento conseqüente: “Como morre um, assim morre o outro; e todos eles têm apenas um só espírito, de modo que não há nenhuma superioridade do homem sobre o animal, pois tudo é vaidade.” — 3:1, 11-13, 19.

Conselhos sábios para os que temem a Deus (4:1–7:29). Salomão congratula os mortos, porque estão livres de “todos os atos de opressão que se praticam debaixo do sol”. Daí, continua a descrever as obras vãs e calamitosas. Ele aconselha também de modo sábio, dizendo que é “melhor dois do que um” e que o “cordão tríplice não pode ser prontamente rompido em dois”. (4:1, 2, 9, 12) Ele dá bons conselhos ao povo de Deus, ao se congregar: ‘Guarde os seus pés, sempre que for à casa do verdadeiro Deus; e haja um achegamento para ouvir.’ Não seja precipitado em falar diante de Deus; ‘as suas palavras devem mostrar ser poucas’, e pague o que vota a Deus. ‘Tema o próprio verdadeiro Deus.’ Quando os pobres são oprimidos, lembre-se de que “alguém que é mais alto do que o alto está vigiando, e há os que estão alto por cima deles”. O simples servo, observa ele, terá sono doce, mas o rico está preocupado demais para poder dormir. Contudo, nu ele veio ao mundo, e, apesar de todo o seu trabalho árduo, não pode levar nada do mundo. — 5:1, 2, 4, 7, 8, 12, 15.
Um homem talvez receba riquezas e glória, mas que adianta viver “mil anos duas vezes”, se não vir o que é bom? É melhor tomar a peito as questões sérias da vida e da morte do que associar-se com o estúpido, “na casa de alegria”; com efeito, é melhor receber a repreensão do sábio, pois como o estalar “de espinhos sob a panela é o riso do estúpido”. A sabedoria é proveitosa. “Pois a sabedoria é para proteção, assim como o dinheiro é para proteção; mas a vantagem do conhecimento é que a própria sabedoria preserva vivos os que a possuem.” Por que, então, se tornou calamitoso o caminho da humanidade? “O verdadeiro Deus fez a humanidade reta, mas eles mesmos têm procurado muitos planos.” — 6:6; 7:4, 6, 12, 29.

O mesmo evento conseqüente para todos (8:1–9:12). “Guarda a própria ordem do rei”, aconselha o congregante, mas ele observa que, visto que a sentença contra o trabalho mau não é executada prontamente, “o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal”. (8:2, 11) Ele próprio gaba a alegria, mas há outra coisa calamitosa! Toda sorte de homens segue o mesmo caminho — para a morte! Os vivos estão cônscios de que morrerão, os “mortos, porém, não estão cônscios de absolutamente nada . . . Tudo o que a tua mão achar para fazer, faze-o com o próprio poder que tens, pois não há trabalho, nem planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Seol, o lugar para onde vais.” — 9:5, 10.

A sabedoria prática e a obrigação do homem (9:13–12:14). O congregante cita outras calamidades, como a “estultícia . . . em muitas posições elevadas”. Apresenta também muitos provérbios de sabedoria prática, e declara que mesmo “a juventude e o primor da mocidade são vaidade”, a menos que se acate a verdadeira sabedoria. Ele declara: “Lembra-te, pois, do teu Grandioso Criador nos dias da tua idade viril.” De outra forma, a velhice resultará meramente em a pessoa retornar ao pó da terra, isto acompanhado das palavras do congregante: “A maior das vaidades! . . . Tudo é vaidade.” Ele próprio sempre ensinou ao povo o conhecimento, pois “as palavras dos sábios são como aguilhadas”, impelindo a obras corretas, mas, quanto à sabedoria do mundo, ele adverte: “De se fazer muitos livros não há fim, e muita devoção a eles é fadiga para a carne.” Daí, o congregante leva o livro ao seu grandioso clímax, fazendo um resumo de tudo o que considerou sobre a vaidade e sobre a sabedoria: “A conclusão do assunto, tudo tendo sido ouvido, é: Teme o verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos. Pois esta é toda a obrigação do homem. Pois o próprio verdadeiro Deus levará toda sorte de trabalho a julgamento com relação a toda coisa oculta, quanto a se é bom ou mau.” — 10:6; 11:1, 10; 12:1, 8-14.

PROVEITOSO PARA OS NOSSOS DIAS:

Longe de ser um livro pessimista, Eclesiastes está cravejado de brilhantes gemas de sabedoria divina. Quando Salomão enumera as muitas consecuções que ele chama de vaidade, não inclui a construção do templo de Deus, sobre o monte Moriá, em Jerusalém, nem a adoração pura de Deus. Tampouco diz que a vida, que é uma dádiva de Deus, seja vaidade; ao contrário, mostra que o objetivo era que o homem se regozijasse e fizesse o bem. (3:12, 13; 5:18-20; 8:15) As atividades calamitosas são as que não levam em conta a Deus. Um pai pode ajuntar riquezas para seu filho, mas um desastre destrói tudo e nada lhe resta. Seria muito melhor providenciar uma herança duradoura de riquezas espirituais. É calamitoso possuir uma abundância e não poder usufruí-la. A calamidade sobrevém a todos os ricos do mundo quando ‘se vão’, de mãos vazias, na morte. — 5:13-15; 6:1, 2.

Em Mateus 12:42, Cristo Jesus se referiu a si mesmo como “algo maior do que Salomão”. Visto que Salomão prefigurou a Jesus, podemos dizer que as palavras de Salomão, contidas no livro Qo·hé·leth, estão em harmonia com os ensinamentos de Jesus? Encontramos muitos paralelos! Por exemplo, Jesus sublinhou o grande alcance da obra de Deus, ao dizer: “Meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou trabalhando.” (João 5:17) Salomão falou igualmente das obras de Deus: “E eu vi todo o trabalho do verdadeiro Deus, que a humanidade não é capaz de descobrir o trabalho que se fez debaixo do sol; por mais que a humanidade trabalhe arduamente para procurar, ainda assim não o descobre. E mesmo que dissessem que são bastante sábios para saber, não seriam capazes de o descobrir.” — Ec. 8:17.
Tanto Jesus como Salomão encorajaram os verdadeiros adoradores a se congregarem. (Mat. 18:20; Ecl. 4:9-12; 5:1) As declarações de Jesus sobre a “terminação do sistema de coisas” e “os tempos designados das nações” estão em harmonia com as palavras de Salomão de que “para tudo há um tempo determinado, sim, há um tempo para todo assunto debaixo dos céus”. — Mat. 24:3; Luc. 21:24; Ec. 3:1.

Acima de tudo, Jesus e seus discípulos se unem a Salomão para avisar sobre as armadilhas do materialismo. A sabedoria é a verdadeira proteção, pois “preserva vivos os que a possuem”, diz Salomão. Jesus diz: “Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça, e todas estas outras coisas vos serão acrescentadas”. (Ec. 7:12; Mat. 6:33) Em Eclesiastes 5:10, está escrito: “O mero amante da prata não se fartará de prata, nem o amante da opulência, da renda. Também isto é vaidade.” Paulo nos dá um conselho bem similar, ao dizer, em 1 Timóteo 6:6-19, que “o amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais”. Há similares passagens paralelas sobre outros pontos de instrução bíblica. — Ec. 3:17—Atos 17:31; Ec. 4:1—Tia. 5:4; Ec. 5:1, 2—Tia. 1:19; Ec. 6:12—Tia 4:14; Ec. 7:20—Rom. 3:23; Ecl. 8:17—Rom. 11:33.

O governo do Reino do amado Filho de Deus, Jesus Cristo, que na carne era descendente do sábio Rei Salomão, estabelecerá uma nova sociedade terrestre. (Ap. 21:1-5) O que Salomão escreveu para a orientação de seus súditos no seu reino típico é de interesse vital para todos os que agora depositam a sua esperança no Reino sob Cristo Jesus. Debaixo da dominação deste Reino, a humanidade viverá segundo os mesmos princípios sábios que o congregante apresentou, e se regozijará eternamente com a dádiva divina de uma vida feliz. Agora é tempo de nos congregarmos para a adoração de Deus, a fim de usufruirmos plenamente as alegrias da vida sob o seu Reino. — Ec. 3:12, 13; 12:13, 14.

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