Os camponeses que trabalham nas matas de Macomia, província moçambicana de Cabo Delgado, relataram esta sexta-feira confrontos intensos entre as forças estatais e ruandesas contra os terroristas na zona de Mucojo.
Segundo as fontes, os confrontos entre a missão militar conjunta e os insurgentes acontecem há três dias, nas matas do posto administrativo de Mucojo, a 40 quilómetros da sede distrital, envolvendo helicópteros, blindados e homens armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.
"Começámos a ouvir de forma intensiva há três dias (...), até nos assustamos porque só se ouve fogo", relatou uma fonte a partir de Macomia.
A fonte acrescentou que estes confrontos precipitaram a saída de alguns camponeses por medo, devido à intensidade dos bombardeamentos, sobretudo por acontecerem próximo às zonas agrícolas de Namigure e Nambine, onde alguns realizam atividades como desbravamento de matas, preparando a próxima época agrícola.
"Como ficar onde o fogo não cessa, só na estrada de Mucojo. Só se vê blindados, carros de militares a passarem, ruandeses e os nossos", disse ainda.
Não há relatos de vítimas entre as partes, mas a população camponesa admite a progressão no terreno das forças militares de Moçambique e do Ruanda.
"Faz tempo que não víamos algo assim, os carros estão a passar toda hora para lá, em Mucojo, os blindados também. Se temos medo é porque é guerra, se não, por engano, alguém morre", disse a fonte, que trabalha um campo agrícola em Nambine.
Ataques desde 2017
Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com "praticamente todas" as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado.
"O resultado dessa conjugação de forças é surpreendente. Conseguiram desativar os terroristas de todas as vilas e aldeias que haviam sido ocupadas, destruíram praticamente todas as bases fixas do inimigo, tornando-os nómadas, e colocaram fora de combate muitos extremistas violentos, incluindo alguns dos seus principais dirigentes", disse Nyusi, em Mueda, província de Cabo Delgado.
O chefe de Estado reconheceu o esforço das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em conjunto com os militares do Ruanda, da missão dos países da África austral - que concluiu a retirada total em 04 de julho - e da Força Local, constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, no combate a estes grupos nos últimos seis anos.
"Andam aí no mato, mas já não ficam num sítio porque têm medo de ser encontrados", disse ainda, renovando o apelo à população "para continuar a reforçar a vigilância".
Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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