PRM usa gás lacrimogéneo para dispersar manifestação

Política
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A polícia moçambicana dispersou com gás lacrimogéneo uma manifestação pacífica em Maputo contra os resultados das eleições de outubro, convocada pelo PODEMOS, partido que apoia Venâncio Mondlane.


A polícia moçambicana travou hoje, no centro de Maputo, uma manifestação com poucas dezenas de pessoas em protesto contra os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, lançando gás lacrimogéneo para dispersar. 

A marcha tinha sido convocada pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, e ao fim de algumas centenas de metros, na avenida Mao Tse-Tung, elementos da polícia tentaram demover os manifestantes, que tentavam chegar à estátua de Eduardo Mondlane, na avenida com o mesmo nome.

Com os manifestantes, sem a presença visível de qualquer dirigente do PODEMOS, a manterem a intenção de marchar, pacificamente, empunhando pequenos cartazes de contestação aos resultados, a polícia acabou por fazer vários disparos de gás lacrimogéneo para dispersar, cerca das 10:50 locais (08:50 em Lisboa).

"Estávamos a marchar pacificamente e eles apenas nos disseram que iam atirar se não parássemos. A marcha era totalmente pacífica", disse uma das manifestantes, carregando um cartaz que dizia "Salve este lindo país".

"Querem-nos intimidar. Querem-nos intimidar, mais nada. Talvez nos matar também, que é o que vai acabar por acontecer, de tanto inalarmos gás", lamentou, emocionada, enquanto caminhava, num pequeno grupo, ainda assim, para o local do destino da marcha.
"Direito constitucional"
Com moradores na envolvente a atirarem pedras e outros objetos para o local, em protesto contra a ação da polícia, o grupo acabou por se separar, mas pouco depois, na avenida Eduardo Mondlane, uma parte dessas pessoas, que se concentrou no local, voltou a ser dispersada com novos lançamentos de gás lacrimogéneo.

"Estamos aqui no exercício do nosso direito constitucional", afirmou outro dos manifestantes, pouco antes de nova intervenção da polícia. 

 "Estamos aqui porque queremos (...) reivindicar pelos nossos direitos. Queremos o direito de escolher o nosso futuro", acrescentou, insurgindo-se contra a atuação policial.

"Estamos aqui todos de sapatilhas, camisetas, chapéus, andando numa calma na estrada e simplesmente marchando, que é o nosso direito. Mas não, a polícia aparece e persegue-nos, envia cães", afirmou ainda, criticando que a dado momento, logo após a primeira intervenção policial, "havia mais polícias" do que manifestantes.

Cerca de uma hora depois, na Praça dos Combatentes, subúrbios da capital, um outro grupo com dezenas de manifestantes, pró-Venâncio Mondlane, juntou-se, sem qualquer organização, em protesto contra os resultados eleitorais, seguindo pouco depois em marcha pela avenida Julius Nyerere em direção ao centro de Maputo, cortando aquela via e crescendo em número.
A polícia tentou criar bloqueios ao longo da marcha e pelas 13:00 locais (11:00 horário universal), ao fim de vários minutos de impasse, fez vários disparos de gás lacrimogéneo para dispersar, provocando a fuga, em todos os sentidos, dos manifestantes, que se encontravam numa zona de embaixadas.
Greve geral e manifestações
Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.

O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

O CIP e o CDD -- Centro para a Democracia e Direitos Humanos estimam que nos confrontos dos últimos dias morreram pelo menos nove pessoas nas províncias de Nampula e Zambézia em confrontos com a polícia no contexto dos protestos pós-eleitorais.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder desde 1975), na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS, extraparlamentar, ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. 

 

Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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