Parlamento é o "prémio" de Nyusi aos seus bajuladores?

Política
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Alguns dos chamados "milicianos digitais", acusados de serem megafone do Presidente Filipe Nyusi, foram indicados como candidatos a deputados ao Parlamento moçambicano pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), ocupando posições cimeiras na lista.

Para o analista Ivan Maússe, é óbvio que se trata de uma recompensa pelo "escovismo" prestado ao Presidente e seus próximos nos últimos anos: "Para o caso de fazedores de política ativa, como é o caso de Egídio Vaz, Gil Aníbal e Elísio de Sousa, que durante a governação de Filipe Nyusi fizeram um discurso a endossar a sua governação e a branquear a verdade dos erros de governação, a partir do momento que são colocados nas listas para serem deputados a Assembleia da República, sobretudo em lugares de destaque, pode deixar um lugar de premiação pelo trabalho exercido nos últimos cinco anos".

Isso "prova, usando um conceito preconceituoso, que a bajulação e adulação compensam em Moçambique", remata.

Nas redes sociais, esses indivíduos terão algumas vezes até prestado um "desserviço" ao Estado ao, por exemplo, vilipendiar os seus servidores e financiadores internacionais, insultando e manipulando factos de interesse nacional, tornando-se persona non grata na esfera pública e motivo de chacota.

Nyusi quer continua a mexer nos cordelinhos na sombra?

Para o analista Ricardo Raboco, torna-se também evidente que aqueles que atuam em contra-mão, alegadamente mesmo contra preceitos legais, acabam por ser premiados, se favorecem a quem tem poder político de os promover.

"Desta vez, é estranho que figuras que não se conhecem - que não se viu o seu papel, a sua função e importância dentro da esfera do partido - tenham o privilégio de ocupar posições de elegibilidade, o que nos leva a concluir tratar-se aqui de 'jobs for the boys', de premiar os rapazes que deram o peito as balas para defender o indefensável em contextos difíceis em que quase toda a opinião pública nacional ia protestando e criticando as decisões tomadas pelo incumbente."

Numa altura em que os olhos estão postos nas presidenciais de outubro, há a perceção de que Filipe Nyusi é uma carta fora do baralho politicamente. Porém, continua a ser o líder do partido mais poderoso do país e, por essa via, a controlar a máquina.

Quererá Nyusi continuar a exercer e controlar o poder, mesmo quando sair da Presidência da República? Maússe não descarta essa hipótese, lembrando que é prática a nova Presidência ou Governo combater o seu antecessor e garantir que os problemas do seu consulado sejam "higienizados" pelos seus empregados:

"Também pode ser visto como uma forma de Filipe Nyusi continuar a controlar o Estado através do Parlamento", sublinha.

Já Raboco discorda dessa visão, argumentando que "o poder na FRELIMO reside nos grupos sociais e, algumas vezes, não precisam de estar no Parlamento para continuar a controlar o Estado e os seus recursos. Refiro-me a nata dos combatentes."

"Fura-filas" causam descontentamento na FRELIMO

Este caso prova mais uma vez que a méritocracia e a democracia não são valores de referência no maior partido de Moçambique, no entender de Raboco. O analista lembra que a ascensão meteórica dos "sipaios digitais" marginalizou quadros na FRELIMO.

"Frustrou vários membros do partido com mais de dez anos de militância, com trabalho notável, mas não tiveram sequer a possibilidade de constar da lista de membros para a Assembleia Provincial", afirma.

Esse furar de fila já fez transpirar na FRELIMO o sentimento de desagrado, conta o jornalista Zito Rosário: "O cenário que se vive é de extremo descontentamento. Já tive a oportunidade de conversar com alguns desses membros".

"Outros já haviam sido eleitos a [candidatos a] deputados, mas a última hora mudou-se a configuração, foram retirados da lista e colocados em lugares muito distantes, sem possibilidades de serem eleitos no próximo escrutínio", acrescenta. O jornalista interpreta o facto como prova de que Filipe Nyusi nunca quis largar o poder.

Apesar das incongruências e do viés, possivelmente promovidos pelo Presidente da República (PR), Ivan Maússe lembra que é preciso respeitar os direitos dos chamados "lacaios" do regime: "É importante termos em consideração que todo o cidadão moçambicano, independentemente da sua filiação partidária ou da sua ideologia política ou visão do país, tem o direito de se candidatar a qualquer tipo de órgão executivo ou eletivo do país", sublinha.



Fonte:da Redação e da DW
Reeditado para:Noticias do Stop 2024
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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