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Domingo, dez.

Esboços da Bíblia - Livro de Isaías

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7 anos 11 meses atrás #253 por Malaquias
Esboços da Bíblia - Livro de Isaías foi criado por Malaquias
Isaías (Is)


Escritor: Isaías.
Tema: Juízo e Salvação.
Lugar da Escrita: Jerusalém.
Escrita Completada: Depois de 700 aC.

A Sombra ameaçadora do cruel monarca assírio pairava densamente sobre os outros impérios e reinos menores do Oriente Médio. Toda a área estava agitada com conversas sobre conspiração e confederação. (Is.8:9-13) No Norte, o Israel apóstata logo seria vítima dessa intriga internacional, ao passo que no Sul, os reis de Judá reinavam precariamente. (2Reis,caps.15-21) Novas armas de guerra vinham sendo desenvolvidas e postas em uso, aumentando o terror dos tempos. (2Cr.26:14,15) Para onde era preciso voltar-se em busca de proteção e salvação? Embora o nome de Deus estivesse nos lábios do povo e dos sacerdotes no pequeno reino de Judá, seu coração se desviara para outras direções, primeiro para a Assíria e depois para o Egito. (2Reis.16:7; 18:21) Desvanecia a fé no poder de Deus. Quando não se tratava de crassa idolatria, prevalecia o modo hipócrita de adorar, baseado no formalismo e não no verdadeiro temor de Deus.

Quem falaria então a favor de Deus? Quem declararia o seu poder de salvar? “Eis-me aqui! Envia-me”, foi a resposta imediata. Quem falava era Isaías, que já vinha profetizando antes disso. Era cerca de 740 aC, ano em que o leproso Rei Uzias morreu. (Is.6:1,8) O nome Isaías significa “Salvação de Jeová", que é o mesmo significado, embora escrito em ordem inversa, do nome Jesus (“Jeová É Salvação”). Desde o início até o fim, a profecia de Isaías sublinha este fato: que Deus é salvação.

Isaías era filho de Amoz (não deve ser confundido com Amós, outro profeta de Judá). (1:1) As Escrituras não dizem nada sobre o nascimento e a morte dele, embora a tradição judaica diga que ele foi serrado em pedaços por ordem do iníquo Rei Manassés. (Compare com Hebreus.11:37.) Seus escritos mostram que residia em Jerusalém com a esposa, uma profetisa, e com pelo menos dois filhos que tinham nomes proféticos. (Isa.7:3; 8:1, 3) Serviu durante o tempo de pelo menos quatro reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; evidentemente começando por volta de 740 aC (quando Uzias morreu, ou possivelmente antes disso) e continuando pelo menos até depois de 680 aC (o 14° ano de Ezequias), ou não menos que 46 anos. Já havia também assentado por escrito, sem nenhuma dúvida, a sua profecia por volta desta última data. (1:1; 6:1; 36:1) Outros profetas dos seus dias eram Miquéias, em Judá, e, ao norte, Oséias e Odede. Miq. 1:1; Osé. 1:1; 2 Crô. 28:6-9.

Que Deus ordenou a Isaías que assentasse por escrito os julgamentos proféticos, é provado por Isaías 30:8: “Agora, vem, escreve isso numa tábua, com eles, e inscreve-o até mesmo num livro, a fim de que sirva para um dia futuro, como testemunho por tempo indefinido.” Os antigos rabinos judeus reconheciam a Isaías como escritor desse livro que classificaram como o primeiro livro dos profetas maiores (Isaías, Jeremias e Ezequiel).

Embora alguns argumentem que a mudança de estilo do livro, a partir do capítulo 40, indique que um outro escritor ou um “Segundo Isaías” redigiu essa parte, a mudança do assunto devia ser suficiente para explicar isto. Há muita evidência de que Isaías escreveu o livro inteiro que leva o seu nome. Por exemplo, a unidade do livro é indicada pela expressão “o Santo de Israel”, que aparece 12 vezes nos capítulos 1 a 39, e 13 vezes nos capítulos 40 a 66, um total de 25 vezes; ao passo que essa expressão aparece apenas 6 vezes em todo o restante das Escrituras Hebraicas. O apóstolo Paulo testifica também em favor da unidade do livro, citando de todas as partes da profecia e atribuindo a obra inteira a um só escritor, Isaías. Compare Romanos 10:16, 20;15:12 com Isaías 53:1; 65:1; 11:1.

É interessante notar que a partir do ano de 1947 alguns documentos antigos foram tirados da escuridão de grutas não longe de Khirbet Qumran, perto do litoral noroeste do mar Morto. Trata-se dos Rolos do Mar Morto, que continham a profecia de Isaías. Ela está belamente escrita em bem conservado hebraico pré-massorético, e tem uns 2.000 anos de idade, datando do fim do segundo século aC. O seu texto é, pois, cerca de mil anos mais antigo do que o mais antigo manuscrito existente do texto massorético, em que se baseiam as traduções modernas das Escrituras Hebraicas. Há algumas variações pequenas de grafia, algumas diferenças na construção gramatical, mas não divergem do texto massorético quanto a doutrinas. Eis uma prova convincente de que as nossas Bíblias hoje contêm a mensagem inspirada, original, redigida por Isaías. Outrossim, estes antigos rolos refutam a teoria dos críticos quanto a haver dois “Isaías”, visto que a primeira frase do capítulo 40 começa na última linha da coluna que contém o capítulo 39 e termina no começo da coluna seguinte. Assim, é evidente que o copista não levou em conta uma suposta mudança de escritor ou qualquer divisão do livro neste ponto.

Há prova abundante da autenticidade do livro de Isaías. Além de Moisés, não há outro profeta que seja citado com mais freqüência pelos escritores cristãos da Bíblia. Há também uma abundância de evidências na história e na arqueologia que provam que o livro é genuíno, tais como as narrativas históricas dos monarcas assírios, também o prisma hexagonal de Senaqueribe, no qual ele faz seu próprio relato sobre o sítio de Jerusalém. (Isa., caps. 36, 37) O montão de ruínas daquilo que foi outrora Babilônia ainda constitui um testemunho do cumprimento de Isaías 13:17-22. Um testemunho vivo foi fornecido pelos milhares de judeus que voltaram de Babilônia, sendo libertados pelo rei, cujo nome, Ciro, Isaías revelara por escrito quase 200 anos antes. É bem provável que este escrito profético tenha sido mostrado mais tarde a Ciro, pois, ao libertar o restante judeu, ele declarou que foi Deus que lhe confiou essa missão. Is. 44:28; 45:1; Ed 1:1-3.

São realmente notáveis no livro de Isaías as profecias messiânicas. Isaías é chamado “o profeta evangelista”, em razão de serem tantas as predições sobre os eventos da vida de Jesus que se cumpriram. O capítulo 53, que por muito tempo fora um “capítulo enigmático”, não só para o eunuco etíope, mencionado em Atos, capítulo 8, mas também para o povo judeu em geral, prediz tão vividamente o modo como Jesus seria tratado que parece narrativa de uma testemunha ocular. As Escrituras Gregas Cristãs relatam os cumprimentos proféticos deste notável capítulo de Isaías, conforme mostram as seguintes comparações: Is 53:1; João 12:37,38; Isa 53:2; João 19:5-7; Is 53:3; Marcos 9:12; Is 53:4; Mateus 8:16, 17; Is 53: v. 5;1 Pedro 2:24; Is 53:6; 1Pedro 2:25; Is 53:7; Atos 8:32, 35; Is 53:8; Atos 8:33; Is 53:9; Mateus 27:57-60; Is 53:10; Hebreus 7:27; Is 53:11; Romanos 5:18; Is 53:12; Lucas 22:37. Quem senão Deus poderia ser a fonte dessas predições tão exatas?

CONTEÚDO DE ISAÍAS

Os seis primeiros capítulos 1-6, descrevem as condições que existiam em Judá e em Jerusalém, expondo o pecado de Judá perante Deus, e relatam o comissionamento de Isaías. Os Isa. capítulos 7 a 12 falam das ameaças de invasões por parte do inimigo e a promessa de libertação por meio do Príncipe da Paz comissionado por Deus. Os capítulos 13 a 35 contêm uma série de pronúncias contra muitas nações e predizem que a salvação virá de Deus. Os eventos históricos do reinado de Ezequias são descritos nos capítulos 36 a 39. Os capítulos remanescentes, caps. 40 a 66, têm como tema a libertação do cativeiro em Babilônia, o retorno do restante judeu e a restauração de Sião.

A mensagem de Isaías “referente a Judá e Jerusalém” (1:1-6:13). Imagine-o ali, de pé em Jerusalém, vestido de serapilheira e calçado de sandálias, bradando: Ditadores! Povo! Ouvi! A vossa nação está enferma dos pés à cabeça, e cansastes a Deus com as vossas mãos manchadas de sangue, erguidas em oração. Vinde, endireitai as coisas com ele, para que os pecados escarlates fiquem brancos como a neve. Na parte final dos dias, o monte da casa de Deus será elevado, e todas as nações afluirão a ele em busca de instrução. Não mais aprenderão a guerra. Deus será elevado nas alturas e santificado. Mas, atualmente, Israel e Judá, embora plantados como videira seleta, produzem uvas de anarquia. Fazem com que o que é bom seja mau e o que é mau seja bom, pois são sábios aos seus próprios olhos.
“Eu, no entanto, cheguei a ver Deus sentado num trono enaltecido e elevado”, diz Isaías. Juntamente com a visão vem a comissão de Deus: “Vai, e tens de dizer a este povo: ‘Ouvi vez após vez.’” Por quanto tempo? “Até que as cidades realmente se desmoronem em ruínas.” 6:1,9,11.

Ameaças de invasões inimigas e promessa de alívio (7:1-12:6). Deus usa Isaías e seus filhos como ‘sinais e milagres’ proféticos para mostrar que primeiro fracassará o conluio da Síria e de Israel contra Judá, mas, com o tempo, Judá será levado ao cativeiro, e apenas um restante retornará. Uma donzela ficará grávida e dará à luz um filho. Seu nome? Emanuel (que significa: “Conosco Está Deus”). Que os inimigos combinados contra Judá prestem atenção! “Cingi-vos, e sede desbaratados!” Haverá tempos difíceis, mas depois uma grande luz brilhará sobre o povo de Deus. Pois um menino nos nasceu, “e será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. 7:14; 8:9, 18; 9:6.

“Ah! o assírio”, clama Deus, “a vara para a minha ira”. Depois de usar a vara contra “uma nação apóstata”, Deus abaterá o próprio insolente assírio. Mais tarde, “um mero restante retornará”. (10:5, 6, 21) Eis agora um rebentão, um renovo da raiz de Jessé (pai de Davi)! Este “renovo” governará com justiça, e por meio dele toda a criação se regozijará, não havendo dano nem ruína, “porque a terra há de encher-se do conhecimento de Deus assim como as águas cobrem o próprio mar”. (11:1, 9) Este renovo servirá como sinal para as nações, e haverá uma estrada principal para o restante que retornar da Assíria. Haverá exultação em tirar água das fontes de salvação e em fazer melodia para Deus.

A pronúncia de condenação contra Babilônia (13:1-14:27). Isaías olha agora para além dos dias do assírio, para o tempo em que Babilônia estará no seu zênite. Ouça! O barulho de numeroso povo, o rebuliço de reinos, de nações ajuntadas! Deus passa em revista o exército de guerra! É um dia negro para Babilônia. Rostos pasmados afogueiam e corações se derretem. Os impiedosos medos derrubarão Babilônia, “ornato dos reinos”. Ela há de se tornar desolação desabitada e covil de criaturas selvagens “geração após geração”. (13:19, 20) Os mortos no Seol se agitam para receber o rei de Babilônia. Os gusanos se tornam o seu leito e os vermes a sua cobertura. Que queda para esse “brilhante, filho da alva”! (14:12) Aspirava elevar o seu trono, mas torna-se como cadáver lançado fora, quando Deus varre Babilônia com a vassoura da aniquilação. Não há de restar nem nome, nem restante, nem progênie, nem posteridade!

Desolações internacionais (14:28-23:18). Isaías aponta agora para trás, para a Filístia, ao longo do mar Mediterrâneo e daí para Moabe, ao sudeste do mar Morto. Dirige sua profecia para além da fronteira setentrional de Israel, para Damasco da Síria, desce bem ao sul para a Etiópia e vai até o Nilo, no Egito, anunciando os julgamentos de Deus que trarão desolação ao longo do caminho. Fala do Rei Sargão, assírio, predecessor de Senaqueribe, que enviou o comandante Tartã contra a cidade filistéia de Asdode, situada ao oeste de Jerusalém. Nessa ocasião, Isaías recebe ordem de tirar a roupa e andar despido e descalço por três anos. Assim, representa vividamente a futilidade de se confiar no Egito e na Etiópia, que, com “nádegas desnudas”, serão levados cativos pelos assírios. 20:4.

De sua torre de vigia, um atalaia vê a queda de Babilônia e de seus deuses, e anuncia adversidades para Edom. O próprio Deus se dirige ao povo turbulento de Jerusalém que diz: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” ‘Morrerão mesmo’, diz Deus. (22:13, 14) Os navios de Társis, também, uivarão, e Sídon ficará envergonhada, pois Deus expressou seu desígnio contra Tiro, para “tratar com desprezo todos os honrados da terra”. 23:9.

O julgamento de Deus e a salvação (24:1-27:13). Mas agora é a vez de Judá! Deus devasta o país. Povo e sacerdote, servo e amo, comprador e vendedor todos têm de perecer, pois infringiram as leis de Deus e quebraram o pacto de duração indefinida. Mas, com o tempo, ele voltará sua atenção para os prisioneiros e os ajuntará. Ele é uma fortaleza e um refúgio. Oferecerá um banquete no seu monte e tragará a morte para sempre, e enxugará as lágrimas de todas as faces. “Este é o nosso Deus”, dir-se-á. “Este é Deus.” (25:9) Judá tem uma cidade com a salvação como muralhas. A paz duradoura Deus reserva para os que confiam nele, “pois em Deus está a Rocha dos tempos indefinidos”. Quanto ao iníquo, “simplesmente não aprenderá a justiça”. (26:4, 10) Deus aniquilará seus adversários, mas restaurará a Jacó.

Indignação de Deus e bênçãos (28:1-35:10). Ai dos ébrios de Efraim, cujo “ornato de beleza” murchará! Mas Deus “tornar-se-á como coroa de ornato e como grinalda de beleza” para o restante do seu povo. (28:1, 5) Contudo, os jactanciosos de Jerusalém olham para a mentira como refúgio, em vez de para a provada e preciosa pedra de alicerce em Sião. Uma enxurrada levará a todos eles. Os profetas de Jerusalém estão dormindo e o livro de Deus lhes está selado. Honram com os lábios, mas o coração deles está longe. Todavia, virá o dia em que os surdos ouvirão as palavras do livro. Os cegos enxergarão e os mansos se regozijarão.

Ai dos que descem ao Egito em busca de refúgio! Este povo obstinado quer visões macias e enganosas. Será exterminado, mas Deus restaurará um restante. Este restante verá o seu Grandioso Instrutor, e espalhará as imagens deles, considerando-as “mera sujeira”. (30:22) Deus é o verdadeiro Defensor de Jerusalém. Um rei reinará segundo a justiça com seus príncipes. Trará paz, tranqüilidade e segurança por tempo indefinido. Os mensageiros da paz chorarão amargamente por causa de traições cometidas, mas para o Seu próprio povo, o Majestoso, Deus, é Juiz, Legislador e Rei, e ele próprio o salvará. Nenhum residente dirá então: “Estou doente.” 33:24.

A indignação de Deus precisa manifestar-se contra as nações. Os cadáveres cheirarão mal e os montes se derreterão com sangue. Edom tem de ser desolada. Mas, para os resgatados por Deus, a planície desértica florescerá, e aparecerá “a glória de Deus, o esplendor de nosso Deus”. (35:2) Os cegos, os surdos e os mudos serão curados, e abrir-se-á um Caminho de Santidade para os remidos de Deus, ao retornarem a Sião com regozijo.

Nos dias de Ezequias, Deus rechaça a Assíria (36:1-39:8). É prática a exortação de Isaías, de confiar em Deus? Pode ela suportar o teste? No 14° ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, da Assíria, assenta um golpe, como que de foice, à Palestina e desvia algumas das suas tropas, tentando intimidar Jerusalém. Seu porta-voz Rabsaqué, que fala hebraico, lança perguntas escarnecedoras ao povo enfileirado ao longo da muralha da cidade: ‘Em que confiam? No Egito? Uma cana esmagada! Em Deus? Não há deus que possa livrar das mãos do rei da Assíria!’ (36:4, 6, 18, 20) Obedecendo ao rei, o povo não dá nenhuma resposta.

Ezequias ora a Deus, pedindo que salve seu povo por causa do Seu nome, e, por meio de Isaías, Deus responde que Ele colocará o seu gancho no nariz do assírio e o conduzirá de volta pelo caminho donde veio. Um anjo fere mortalmente a 185.000 assírios, e Senaqueribe corre de volta para casa, onde seus próprios filhos mais tarde o assassinam no seu templo pagão.

Ezequias é acometido de uma doença mortal. Contudo, Deus, milagrosamente, faz com que recue a sombra produzida pelo sol como sinal de que Ezequias será curado, e 15 anos são acrescentados à vida de Ezequias. Em agradecimento, ele compõe um lindo salmo de louvor a Deus. Quando o rei de Babilônia envia mensageiros com felicitações hipócritas por se ter restabelecido, Ezequias imprudentemente lhes mostra os tesouros reais. Em conseqüência disso, Isaías profetiza que tudo na casa de Ezequias será um dia levado para Babilônia.

Deus consola seu povo (40:1-44:28). A primeira palavra do capítulo 40, “Consolai”, descreve bem o que contém o resto do livro de Isaías. Uma voz no ermo clama: “Desobstruí o caminho de Deus!” (40:1, 3) Há boas novas para Sião. Deus pastoreia o seu rebanho, carrega no colo os cordeirinhos. Dos majestosos céus, olha para baixo, para o círculo da terra. A que pode ser comparada sua grandeza? Ele dá pleno poder e energia dinâmica aos cansados e aos extenuados que esperam Nele. Declara que as imagens fundidas das nações são vento e irrealidade. O escolhido por ele será como um pacto para os povos e luz para as nações, a fim de abrir os olhos dos cegos. Deus diz a Jacó: “Eu mesmo te amei”, e convida o nascente, o poente, o norte e o sul: ‘Entreguem! Tragam meus filhos e minhas filhas.’ (43:4, 6) Com o tribunal em sessão, ele desafia os deuses das nações que produzam testemunhas para provar que são deuses. O povo de Israel são testemunhas de Deus, seu servo, e testificam que ele é Deus e Libertador. A Jesurum (“Aquele Que É Reto”, Israel), ele promete o seu Espírito e daí cobre de vergonha os que fazem imagens que não vêem nada, não sabem nada. Deus é o Resgatador de seu povo; Jerusalém será habitada outra vez e seu templo será reconstruído.

Vingança contra Babilônia (45:1-48:22). A fim de salvar Israel, Deus nomeia Ciro para vencer Babilônia. Os homens terão de saber que só o Senhor é Deus, o Criador dos céus, da terra e do homem sobre ela. Ele zomba dos deuses babilônicos, Bel e Nebo, pois só Ele pode predizer o fim desde o começo. A virgem filha de Babilônia terá de sentar-se no pó, destronada e despida, e a multidão de seus conselheiros será queimada como restolho. Deus diz aos israelitas adoradores de ídolos, de ‘cerviz de ferro e de cabeça de cobre’, que poderiam ter paz, justiça e prosperidade, se escutassem a ele, mas “não há paz para os iníquos”. 48:4, 22.

Sião será consolada (49:1-59:21). Dando seu servo qual luz para as nações, Deus brada aos que estão nas trevas: “Saí!” (49:9) Sião será consolada e o seu ermo se tornará como o Éden, o jardim de Deus, com superabundância de exultação, regozijo, agradecimento e voz de melodia. Deus fará o céu desfazer-se em fumaça, a terra gastar-se como uma veste e seus habitantes perecer como borrachudo. Por que, pois, temer o vitupério dos homens mortais? O cálice amargo que Jerusalém bebeu precisa ser passado agora às nações que a calcaram aos pés.

‘Desperta, ó Sião, e sacode-te do pó!’ Veja o mensageiro que pula sobre os montes, dizendo a Sião: “Teu Deus tornou-se rei!” (52:1, 2, 7) Saiam do lugar impuro e conservem-se limpos, os que estão no serviço de Deus. O profeta passa a descrever agora ‘o servo de Deus’. (53:11) É homem desprezado, evitado, e carrega nossas dores. Foi traspassado pelas nossas transgressões, mas nos curou pelos seus ferimentos. Como ovídeo levado ao abate, não fez violência e não falou engano algum. Deu a sua alma qual oferta pela culpa, a fim de levar os erros de muitos.

Qual dono marital, Deus diz a Sião que grite de alegria por causa de sua vindoura fertilidade. Embora afligida e sacudida pela tormenta, ela se tornará cidade de alicerce de safiras, de ameias de rubis e de portões de pedras fulgurosas. Seus filhos, ensinados por Deus, gozarão de abundância de paz, e nenhuma arma forjada contra eles será bem-sucedida. “Eh! todos vós sedentos!” clama Deus. Se vierem, selará com eles seu “pacto . . . referente às benevolências para com Davi”; dará um líder e comandante como testemunha aos grupos nacionais. (55:1-4) Os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados do que os do homem, e a sua palavra terá êxito certo. Os eunucos que guardarem a sua lei, de qualquer nacionalidade que sejam, receberão um nome melhor do que filhos e filhas. A casa de Deus será chamada casa de oração para todos os povos.

Deus, Enaltecido e Elevado, cujo nome é santo, diz aos idólatras, loucos por sexo, que não contenderá indefinidamente com Israel. Os seus jejuns pretensamente piedosos são disfarces para a iniqüidade. A mão de Deus não é curta demais para salvar nem o seu ouvido pesado demais para ouvir, mas são ‘os vossos próprios erros que se tornaram as coisas que causam separação entre vós e o vosso Deus’, diz Isaías. (59:2) É por isso que esperam a luz, mas andam às apalpadelas nas trevas. Por outro lado, o Espírito de Deus, sobre o seu fiel povo pactuado, garante que a Sua palavra permanecerá na sua boca irremovivelmente por todas as gerações futuras.

Deus embeleza Sião (60:1-64:12). “Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois . . . raiou . . . a própria glória de Deus.” Em contraste com isso, densas trevas envolvem a terra. (60:1, 2) Nesse tempo, Sião erguerá os olhos e ficará radiante, e seu coração tremerá ao ver os tesouros das nações vir a ela sobre uma massa movimentada de camelos. Como nuvens de pombas que voam, afluirão a ela. Estrangeiros edificarão as suas muralhas, reis a ministrarão, e seus portões nunca se fecharão. Seu Deus terá de ser a sua beleza, e Ele multiplicará rapidamente um em mil e o pequeno em poderosa nação. O servo de Deus proclama que o Espírito de Deus está sobre ele, ungindo-o para falar estas boas novas. Sião recebe um novo nome: Meu Deleite Está Nela (Hefzibá), e sua terra é chamada Possuída Como Esposa (Beulá). (62:4) Dá-se a ordem de aterrar a estrada que sai de Babilônia e de erigir um sinal em Sião.

De Bozra, em Edom, vem alguém com vestes vermelhas, cor de sangue. Na sua ira, pisou povos numa cuba de vinho, fazendo jorrar sangue. O povo de Deus sente profundamente a sua condição impura, e faz uma oração comovente, dizendo: ‘Ó Deus, tu és nosso Pai. Somos o barro e tu és o nosso Oleiro. Não fiques indignado ao extremo, ó Deus. Somos todos teu povo.’ 64:8, 9.

“Novos céus e uma nova terra”! (65:1-66:24). As pessoas que abandonaram a Deus em busca dos deuses da “Boa Sorte” e do “Destino” morrerão de fome e sofrerão vergonha. (65:11) Os servos de Deus se regozijarão na fartura. Eis que Deus cria novos céus e uma nova terra. Que alegria e exultação haverá em Jerusalém e entre seu povo! Construir-se-ão casas e plantar-se-ão vinhedos, e o lobo e o cordeiro pastarão como se fossem um. Não haverá dano nem ruína.

Os céus são o seu trono e a terra o escabelo de seus pés; portanto, que casa podem os homens construir para Deus? Uma nação há de nascer num só dia, e todos os que amam a Jerusalém são convidados a se regozijar quando Deus estende sobre ela a paz como um rio. Ele chegará contra seus inimigos como o próprio fogo, como carros de tufão, retribuindo a sua ira com puro furor, e chamas de fogo contra toda carne desobediente. Mensageiros sairão por todas as nações e ilhas distantes para falar da Sua glória. Seus novos céus e nova terra hão de ser de duração permanente. De modo similar, os que o servem, assim como sua prole, permanecerão. É isso ou a morte eterna.

PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS

Em todos os aspectos, o livro profético de Isaías é uma dádiva de máximo proveito da parte de Deus. Destaca os elevados pensamentos de Deus. (Isa. 55:8-11) Os oradores públicos que apresentam as verdades bíblicas, podem recorrer a Isaías qual rica fonte de vívidas ilustrações que causam forte impressão, como as parábolas de Jesus. Isaías inculca em nós de modo poderoso a tolice do homem que usa a mesma árvore tanto como combustível como para fabricar um ídolo que ele adora. Faz-nos sentir o desconforto do homem que se deita num leito curto demais, com um lençol estreito demais, e ouvir o profundo cochilar dos profetas que são semelhantes a cães mudos, preguiçosos demais para ladrar. Se nós, pessoalmente, segundo exorta Isaías, ‘buscarmos no livro de Deus e lermos em voz alta’, poderemos avaliar a poderosa mensagem de Isaías para os nossos dias. 44:14-20; 28:20; 56:10-12; 34:16.

Essa profecia dirige a atenção especialmente para o Reino de Deus por meio do Messias. O próprio Deus, o supremo Rei, e é ele quem nos salva. (33:22). O anúncio do anjo a Maria sobre um filho que nasceria mostrou que Isaías 9:6, 7 havia de cumprir-se mediante receber Êle o trono de Davi; e “Êle reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino”. (Lc. 1:32, 33) Mateus 1:22, 23 mostra que o nascimento de Jesus por meio de uma virgem foi o cumprimento de Isaías 7:14, e o identifica com “Emanuel”. Cerca de 30 anos mais tarde, João, o Batizador, veio pregando que “o reino dos céus se tem aproximado”. Todos os quatro evangelistas citam Isaías 40:3 para mostrar que este João era aquele que ‘clamava no ermo’. (Mt. 3:1-3; Mc. 1:2-4; Lc. 3:3-6; João 1:23). Jesus é o Messias, o Ungido de Deus e o renovo ou a raiz de Jessé para governar as nações. É nele que devem depositar a sua esperança, em cumprimento de Isaías 11:1, 10.
Rm.15:8,12.

Note como Isaías continua a identificar o Messias, o Rei! Jesus leu a sua comissão no rolo de Isaías para mostrar que ele era o Ungido de Deus, e daí passou a “anunciar o ano aceitável do Senhor. . . . porque”, disse ele, “fui enviado para isso”. (Luc. 4:17-19, 43; Isa. 61:1, 2) Os quatro Evangelhos estão cheios de pormenores sobre o ministério terrestre de Jesus e sobre como ele morreu, conforme predito em Isaías, capítulo 53. Embora os judeus ouvissem e vissem as obras maravilhosas de Jesus, não entenderam o significado disso por causa da incredulidade de seu coração, em cumprimento de Isaías 6:9, 10; 29:13; e 53:1. (Mt. 13:14, 15; João 12:38-40; Atos 28:24-27; Rm. 10:16; Mt. 15:7-9; Mc. 7:6, 7) Jesus foi pedra de tropeço para eles, mas tornou-se a pedra angular de alicerce que Deus colocou em Sião e sobre a qual Ele edifica a sua casa espiritual, em cumprimento de Isaías 8:14; e 28:16. Lc. 20:17; Rm. 9:32, 33; 10:11; 1 Pd. 2:4-10.

Os apóstolos de Jesus Cristo continuaram a fazer bom uso da profecia de Isaías, aplicando-a ao ministério. Por exemplo, ao mostrar que são necessários pregadores para a edificação da fé, Paulo cita Isaías, quando diz: “Quão lindos são os pés daqueles que declaram boas novas de coisas boas!” (Rm. 10:15; Is. 52:7; veja também Romanos 10:11, 16, 20, 21.) Pedro também cita Isaías, ao mostrar que o Reino prometido duraria eternamente: “Pois ‘toda a carne é como a erva, e toda a sua glória é como flor da erva; a erva se resseca e a flor cai, mas a declaração de Deus permanece para sempre’. Ora, esta é a ‘declaração’, esta que vos foi anunciada.” 1 Ped. 1:24, 25; Isa. 40:6-8.
Isaías descreve magnificamente a esperança do Reino futuro! Eis que haverá “novos céus e uma nova terra”, em que “um rei reinará para a própria justiça” e príncipes governarão para o próprio juízo. Que motivo de alegria e exultação! (65:17, 18; 32:1, 2) Novamente, Pedro se refere à mensagem alegre de Isaías: “Mas, há novos céus e uma nova terra que aguardamos segundo a . . . promessa [de Deus], e nestes há de morar a justiça.” (2 Pd. 3:13) Este maravilhoso tema do Reino atinge a sua plena glória nos últimos capítulos de Apocalipse. Is. 66:22, 23; 25:8; Ap. 21:1-5.

Destarte, o livro de Isaías, embora contenha denúncias causticantes dos inimigos de Deus e dos que professam hipocritamente ser servos dele, aponta, em tons dignificantes, para a magnífica esperança do Reino messiânico, por meio do qual o grande nome de Deus será santificado. Contribui muito para explicar as maravilhosas verdades do Reino de Deus e anima nossos corações com a alegre expectativa de “salvação por ele”. Is. 25:9; 40:28-31.

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