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Domingo, dez.

O Sangue de Cristo

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7 anos 9 meses atrás #305 por Malaquias
O Sangue de Cristo foi criado por Malaquias
Texto: Hb 9.11-22

Introdução

É inegável a importância dada na Palavra de Deus ao sangue. No Antigo Testamento Deus requereu o derramamento de sangue de animais para propiciação (cobertura) de pecados. Todos esses sacrifícios apontavam para o futuro e prefiguravam a morte de Cristo. No Novo Testamento vemos que Cristo ofereceu um sacrifício perfeito e permanente em favor de todos os homens.
Quando se fala no sangue de Cristo, mais que uma referência ao líquido vermelho em si, a referência é ao sacrifício realizado por Jesus em nosso favor. A aplicação do sangue de Cristo é o processo de regeneração efetivado pelo Espírito Santo na vida do crente, com a conseqüente imputação dos nossos pecados a Cristo e de sua justiça a nós.
Muitos crentes afirmam com confiança que “o sangue de Jesus tem poder”, mas afinal, qual o real significado do sangue de Jesus para nós cristãos? Que benefícios nós alcançamos diante de Deus através do sangue de Jesus?
Estes benefícios advêm de uma obra já realizada ou a cada necessidade de proteção devemos clamar pelo sangue de Jesus ou pedir que Ele nos cubra com o Seu sangue?
Vemos na Bíblia que pelo sangue de Jesus nós alcançamos:

Vida Eterna Abundante

O sangue de Jesus tem o poder para remover a culpa que pesava sobre nós, cancelando toda sentença de morte eterna que trazíamos. Jesus declarou que o seu sangue traz vida (Jo 6.53,54). Assim como a vida física reside no sangue (Gn 9.4; Dt 12.23), também a vida espiritual só recebe aquele que tem parte no sangue de Jesus, ou seja, aquele que crê que o seu sacrifício pode nos salvar, nos dar a vida eterna (Jo 6.47).
O homem no pecado está morto, mas Deus lhe dá vida em Cristo, por Sua graça (Ef 2.4-6). Cristo é a vida e somente Ele pode dar vida eterna ao homem que estava morto espiritualmente (Jo 11.25; 14.6; Ap 21.6).

Reconciliação com Deus

O sangue de Jesus promoveu a reconciliação entre Deus e o homem, restabelecendo a comunhão e a paz que estavam perdidas (Cl 1.20). Este sangue nos aproximou de Deus (Ef 2.13), quebrando a barreira de separação, o pecado, que nos mantinha afastados dele.
Pelo sangue de Cristo, que foi derramado na cruz, temos agora acesso a Deus com confiança (Hb 10.19; Ap 22.14). Podemos nos aproximar de Deus com total confiança, pois não o fazemos baseados nos nossos méritos, mas sim na eficácia do sacrifício de Jesus. Na velha aliança o sumosacerdote entrava no Santo dos Santos uma vez por ano apenas, levando o sangue da expiação – sangue de um carneiro e de um novilho, a serem oferecidos pelos seus próprios pecados e pelo do povo (Lv 16.11-17). Ele necessitava purificar-se antecipadamente, mas havia sempre o temor de entrar na presença santa de Deus. No entanto, como Cristo entrou uma vez no Santíssimo lugar levando Seu próprio sangue e proporcionando um sacrifício eterno, o crente em Jesus tem acesso irrestrito e sem medo, sempre, por causa do sangue de Cristo que nos purifica.
O acesso ao Santo dos Santos era restrito (Lv 16.2). O véu espesso que o separava do santuário era uma barreira entre Deus e o povo. Mas quando Jesus derramou seu sangue, este véu foi rasgado de alto a baixo (Mc 15.38).

Santificação, libertação dos pecados

A Bíblia afirma com muita ênfase que o sangue de Cristo é suficiente para nos purificar de todo pecado e de toda injustiça (1 Jo 1.7,9). Cristo, pelo seu sangue, nos libertou da escravidão do pecado (Ap 1.5; Rm 6.14).
O sangue de Cristo é a causa meritória ou adquiridora da nossa santificação . Somos declarados santos com base neste sangue, ou seja, na obra de Cristo. Somos lavados neste sangue, ou seja, somos purificados dos pecados cometidos contra Deus e declarados limpos, justos e santos diante dele (Hb 13.12; Ap 7.14; Rm 5.9).
O sangue de Jesus não só nos tira de uma condição de pecadores condenados, como também nos habilita a vivermos a nova vida, libertos da culpa e das influências da velha natureza que antes governavam nossas atitudes, palavras e pensamentos, pois purifica a nossa consciência das obras mortas, ou seja, dos hábitos e vícios que nos levavam à morte eterna (Hb 9.13,14; 1 Pe 4.1,2). Assim como na Lei de Moisés o sangue de animais e a cinza de uma novilha podiam tornar um homem cerimonialmente limpo, o sangue de Jesus nos torna moralmente limpos diante do Senhor. O ritual veterotestamentário apenas garantia limpeza exterior, mas o sacrifício de Cristo nos limpa interiormente.
Para sermos limpos por este sangue não precisamos pedir que o sangue seja derramado sobre nós, pois ele já foi derramado de uma vez por todas, mas precisamos confessar os pecados e arrependermos deles (1 Jo 1.7; At 3.19).

Redenção da nossa alma

O Novo Testamento muitas vezes liga o sangue de Cristo com nossa redenção. Por exemplo, Pedro diz: “... sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1Pe 1.18-19) .
O sangue do Cordeiro de Deus pagou a Deus o preço pela redenção de todo homem (Ap 5.9). Aqueles que pertencem à sua igreja foram comprados com o seu sangue (At 20.28). Por meio do sacrifício de Cristo Deus fez uma nova aliança com o homem, na qual os pecados são remidos (Mt. 26.28). As nossas ofensas foram pagas pelo sangue de Cristo, oferecido pela graça de Deus (Ef 1.7; Cl 1.14).
O escritor da epístola aos Hebreus afirma categoricamente que “sem derramamento de sangue não há remissão” (9.22), mostrando a imperiosa necessidade da morte de Cristo para perdão dos pecados da humanidade (Mt 26.28).

Vitória sobre Satanás

Em Ap 12.11 a Palavra mostra que os crentes venceram a Satanás “por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram”. O sangue de Cristo nos garante vitória contra o inimigo. Satanás foi vencido pelo sangue de Jesus, pela sua morte (Hb 2.14) e a única coisa que temos que fazer é nos lembrar disso quando estivermos vivendo debaixo de ataque e acusação.
Constantemente "invocamos o sangue" como um tipo de fórmula mística de proteção. Mas este não é um termo das escrituras. Nós já fomos comprados pelo sangue, já fomos salvos pelo sangue, já somos mais do que vencedores por meio de Jesus Cristo (Rm 8.37). Não precisamos pedir: “me cobre com o teu sangue, Jesus”, pois esta cobertura já foi efetuada e ela não perde o seu valor.
Qual é então a palavra do testemunho? É simplesmente esta: "Eu acredito no sangue! Eu comprovo o poder vencedor do sangue de Jesus e proclamo sua vitória total!". O sangue de Jesus Cristo não é algo "que tem um poder mágico", ou como "um talismã", mas a prova do sacrifício que nos garante a vitória, se clamarmos por ele, se o invocarmos.
Nossa salvação está em olharmos firmemente para o Senhor Jesus, reconhecendo que o Sangue do Cordeiro já solucionou toda a situação criada pelos nossos pecados.
É bem verdade que Jesus ensinou-nos a orar pedindo: “não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal” (Mt 6.13) e também mandou que orasse para que “a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado” (Mt 24.20), o que nos mostra que podemos e devemos orar por livramentos e socorros da parte de Deus, mas quanto à ação do inimigo sobre os filhos de Deus, o apóstolo João declara: “o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). O próprio Senhor nos guarda e intercede por nós pedindo ao Pai que nos guarde sempre (Jo 17.11,12) e Ele é poderoso para fazê-lo (Jd 24).

Conclusão

O sangue de Jesus é a garantia da nossa vida eterna, do nosso acesso a Deus, da nossa redenção e santificação, além de nos dar vitória sobre o inimigo. Podemos sempre confiar na eficácia deste sangue para nos conceder estes benefícios de forma permanente. Não precisamos “invocar” o sangue de Cristo ou pedir que ele nos cubra, pois esta obra já foi consumada por Cristo na cruz.
Devemos agradecer a Cristo por seu sangue que foi vertido em nosso favor e jamais desprezar ou considerar insuficiente este sacrifício realizado por Cristo para nossa salvação (Hb 10.29).

Leitura recomendada

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento. Hebreus. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. NT2. Santo André: Geográfica, 2006.

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