As conclusões, publicadas nesta quinta-feira na revista americana Science, apoiam a teoria de que um impacto inesperado - e não uma erupção vulcânica - pode ter causado uma fase de aquecimento conhecida como Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM, em inglês).
"Este poderia ser o motivo. (A Terra) esquentou muito depressa. Isto sugere de onde veio", explica o coautor do estudo, Dennis Kent, pesquisador do Observatório Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia e da Universidade de Rutgers.
Kent e outros cientistas encontraram pequenas gotículas redondas de cristal, denominadas microtectitas, escavando no que hoje é Nova Jersey, no leste dos Estados Unidos.
Acredita-se que estas esferas do tamanho de um grão de areia se formam quando um objeto extraterrestre impacta a Terra, espalhando material vaporizado que se solidifica quando está no ar, segundo o estudo.
"Tem que ser mais que uma coincidência que se registrasse um impacto nesse momento", destaca o autor principal do estudo, Morgan Schaller, geoquímico do Instituto Politécnico Rensselaer.
"Se o impacto está relacionado (com o aquecimento), isto sugere que a liberação de carbono foi rápida", explica o especialista.
Os cientistas asseguram que a emanação de carbono ocorreu durante um período de 5.000 a 20.000 anos.
Outras teorias indicam que uma época vulcânica provocou um aquecimento do planeta, causando a liberação de substâncias como o metano congelado no fundo do mar.
Alguns pesquisadores consideram que as mudanças que a órbita terrestre sofreu ou a modificação das correntes marinhas tiveram um papel importante no aumento da temperatura entre 5º C e 9° C durante 200.000 anos.
As mudanças fizeram com que o gelo praticamente desaparecesse da Terra e o nível do mar aumentou em níveis muito mais elevados do que os de hoje. Ainda assim, algumas espécies desapareceram e outras migraram para os polos.
Nenhuma cratera
Os especialistas dizem que as emissões de carbono "atualmente são muito mais importantes do que a que ocorreu durante o PETM", segundo um comunicado da Universidade de Columbia.
"As consequências podem ser mais drásticas, porque muitos tipos de vida não terão tempo de evoluir", acrescentou.
Outro estudo publicado no começo de 2016 mostrou que as emissões de dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa, liberam dez vezes mais carbono na atmosfera, devido aos combustíveis fósseis que as forças naturais que provocaram o aquecimento há 55 milhões de anos.
Com relação à teoria do cometa, os cientistas não encontraram nenhuma cratera que tenha sido causada por um impacto maciço.
"Pode ser que ocorresse perto ou que ocorresse do outro lado do planeta", destacou Schaller. Como as pequenas esferas se propagaram muito pouco, o impacto pode ser maior, porém mais distante, ou relativamente perto.
Segundo Charles Langmuir, um paleoclimatologista da Universidade de Harvard que não participou do estudo, a evidência de um impacto durante o próximo no começo do PETM "é muito forte".
Langmuir também destaca que o estudo não explica que causou a libertação de carbono, nem quanto tempo durou, e tampouco assegura que as pequenas esferas provenham de um enorme impacto ocorrido há 55 milhões de anos.
Os pesquisadores não estabeleceram a idade das esferas, usando datação radiométrica, deixando aberta a porta a que provenham de outro período, segundo Christian Koeberl, especialista da Universidade de Viena.
Acredita-se que um objeto extraterrestre tenha caído na península de Yucatán (México), 11 milhões de anos provocou o desaparecimento dos dinossauros.
Vinte milhões de anos depois do período PETM foi registrado outro impacto na região, criando a baía de Chesapeake, em frente à costa do estado de Maryland.
Fonte:AFP
Reditado para:Noticias Stop 2016
Fotografias:Getty Images / Reuters /EFE
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